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título: vizinha
data de publicação: 31/10/2023
quadro: luz acesa
hashtag: #vizinha
personagens: diogo

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Luz Acesa. E hoje eu vou contar para vocês a história do Diogo. É uma história que ainda está acontecendo, então vamos ver aí se alguém pode ajudar o Diogo. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

O Diogo ele é um representante comercial na área da indústria, então não é sempre que ele faz vendas, mas quando ele faz, são vendas muito boas. Então ele tem um método de gerir as suas contas da seguinte forma: Então, ele ganha uma boa grana e ele vai lá e paga dez meses de aluguel, doze meses de aluguel… Ah, ele conseguiu mais uma boa grana? Ele vai lá e paga dez parcelas do carro e assim ele vai amortizando aí as dívidas que ele tem quando entra dinheiro maior, assim, né? E ele alugou uma casa no mês de setembro, então setembro e outubro ele deu uma reformadinha, novembro ele mudou e pagou de novembro a novembro… Então até novembro desse ano ele tem o contrato da casa e, assim, se ele quiser sair tem lá umas cláusulas e tal, mas depois de dezembro ele pode sair. — Se ele quiser… — Mas não tem para onde correr, agora ele tem que morar lá naquela casa. 

Quando Diogo mudou para essa casa… É uma casa de bairro, assim, não é um apartamento, nada, é uma casa de bairro. E ele fez ali um projetinho para fazer a reforma e quem fez o projetinho foi o namorado dele — que a gente pode chamar aqui de Márcio —, foi o Márcio que fez ali o projetinho, porque o Márcio é arquiteto… Só que o Márcio mora em outro estado — dá super certo o relacionamento deles assim e tal, o Márcio vem uns tempos pra cá, fica e depois vai — , o Diogo não vai muito pra lá porque o trabalho dele é mais para cá e tal, ele tem bastante reunião, enfim, né? E as coisas vão caminhando assim. Então ficou pronto, o Márcio veio para cá e, quando ficou pronto, foi a primeira vez que o Márcio veio pra dormir, para ficar 10 dias aqui com o Diogo. E o Márcio disse que uma vez ele estava dormindo e ele acordou, assim, no meio da noite… E era uma coisa que nunca acontecia, ele tinha o sono muito pesado, mas ele acordou e falou: “Bom, vou levantar, toma água, fazer um xixi” e ele viu um vulto dentro da casa. 

Aí ele falou isso pro Diogo, tentou acordar o Diogo na hora, mas a gente com sono responde qualquer coisa. De manhã ele falou e o Diogo falou: “Nossa, eu estou dormindo aqui já depois da reforma e nada aconteceu. Magina, você viu coisa”. E aí o Márcio ficou esses dez dias lá muito incomodado assim… Sabe quando você não se sente bem no lugar? Ele não estava se sentindo bem. E aí ele ficou esses dez dias e foi embora… — Voltou pra casa dele em outro estado. — E aí o Diogo estava ótimo na casa e, de manhã, era muito bom, porque assim ele acordava e saía, tinha um quintal ali e ele sempre conversava com a vizinha, a Dona Rosa… E aí sempre de manhã: “bom dia, dona Rosa”, sempre que ele saía a Dona Rosa estava ali, bem de manhã, assim, tipo umas oito… — Pra mim bem de manhã é 06h00 da manhã, mas tipo, bem de manhã normal deve são uma oito, né? — Então umas 08h assim, ele conversava um pouco ali com a Dona Rosa e ia embora. 

Até que um dia, era um sábado a tarde, ele não estava trabalhando… No que ele foi, assim, passou para a cozinha pra pegar alguma coisa para comer, a Dona Rosa estava dentro do quintal dele. Ele assustou, falou: “Oi, dona Rosa” e, assim, o portão dele é um portão alto. Ele falou: “Poxa, deixei o portão aberto?”. — Porque eles conversavam pelo muro. — O muro que divide uma casa da outra tem mais ou menos um metro e trinta, assim, um murinho assim… E eles conversavam ali pelo muro. E aí ela conversou com ele, como se ela estando no quintal dele, não fosse um problema, assim, não fosse uma questão. E aí conversaram sobre o tempo ali, tipo vai esfriar, não sei que lá, ela falou de umas flores lá que ele tinha trazido uns vasos e ele falou: “Ah, eu estou aqui terminando de passar um café. A senhora quer um café?” e ela falou: “Não, não, não”, ele foi tirar o negócio do café e, quando ele voltou, a dona Rosa tinha ido embora. [efeito sonoro de tensão]

Mais alguns dias… Quarta—feira, o Diogo tá se preparando para deitar e ele tem… Tinha uma moringa de cerâmica que ele levava para o quarto para colocar água, então ele encheu a moringa, foi para o quarto… Quando ele estava chegando para botar a moringa ali onde ele deixa no quarto, ele percebeu que tinha alguém dentro da casa dele e virou e era a dona Rosa. E aí ele assustou e deixou a moringa cair, porque a Dona Rosa ela não estava como ele via sempre, ela estava com a pele do rosto e das mãos e dos braços completamente seca… Ó, até me arrepio… E aí o Diogo sem entender nada, aquela moringa quebrada, aquela água no chão e a dona Rosa vindo, tipo, da cozinha pra onde ele tava, para quarto, né? E ele não conseguia se mexer pra correr, pra fazer nada. E aí, quando ela chegou bem perto dele, assim, ela sumiu. E aí o Diogo colocou isso na conta de um sonambulismo que ele nunca teve… — E, detalhe: Ele não tinha deitado. Mas não tinha explicação, ele falou: “Eu devo ter deitado, devo ter dormido, acordei e sonhei com a Dona Rosa”. —

No dia seguinte, de manhã, ele pensou que ia encontrar a Dona Rosa ali para falar, não encontrou… Mais alguns dias sem encontrar dona Rosa. Ele tinha feito algumas reformas, só que tinha um quadro lá de luz que ele tinha que mudar, que isso seria por conta do proprietário e chegou o dia de fazer isso e o proprietário foi lá levar o eletricista. — E aí ele aproveitou para falar com esse senhor, proprietário sobre a vizinha, sobre a Dona Rosa. — O Diogo falou assim: “Tem uns dias já que eu não vejo a Dona Rosa, né? Tá tudo bem com ela? O senhor sabe? O senhor morava aqui antes de mim”, o cara que que tava lá era o cara que morava lá, que era o dono da casa e morava lá antes e depois mudou, enfim… E ele falou: “Dona Rosa? Não… A Dona Rosa já tem aí uns quatro, cinco anos que ela faleceu”. [efeito de suspense] Oi? Ele falou: “Não, não é possível… Eu falo com a Dona Rosa todo dia e ontem…”, enfim, ele ia falar do que tinha acontecido com ele e ele ficou quieto, resolveu não falar… E aí ele ficou ouvindo o cara falar que a Dona Rosa tinha morrido ali, como tinha sido que ela tinha sido encontrada morta, morreu dormindo e tal… 

E aí ele falou assim pro Diogo: “Mas como você sabe da Dona Rosa?” e ele falou: “Mas eu estou falando pra você, eu conversei com a dona Rosa… Eu converso com ela todo dia” e o cara falou: “Não, é impossível… Eu não estou nem dando atenção para o que você está falando, porque eu estou te dizendo, a dona Rosa está morta”. E aí o eletricista que estava ali já pegando as ferramentas dele e as coisinhas dele para fazer, falou assim: “Gente, vocês não estão percebendo? A mulher morreu, mas ela continua aí… É isso, é a única explicação que tem”. E aí aquela ficha do Diogo caiu… E ele falou: “Meu Deus, eu estava conversando com uma mulher morta, mas ela estava normal assim”. — A não ser essa aparição que ela fez toda seca, ela tava normal. — E aí o cara fez lá o negócio que tinha que fazer do quadro de luz lá e tal, e ainda falou assim pro Diogo, falou: “Era melhor o senhor ir numa igreja, alguma coisa, porque gente velha assim quando morre na casa, fica anos”. Ele falou isso… Só que ela morreu na casa do lado, que aí o Diogo descobriu que era uma casa que estava fechada… — Não tinha morrido na casa do Diogo ali que ele alugou, né? —

E aí a partir daí, gente, a Dona Rosa seca começou a aparecer ou no quintal ou dentro da casa do Diogo. — Então, provavelmente o vulto que o Márcio viu foi a Dona Rosa, né? — E aí ele contou isso para o Márcio, o Márcio não quer vir pra cá de jeito nenhum, que ele sempre vem para ficar dez dias. O Diogo não pode ir para lá por conta do trabalho dele e tal e isso até está estremecendo até o relacionamento deles. E ele agora ele falou para mim assim: “Andréia, eu nunca acreditei nessas coisas… Eu assustei sim quando eu vi a dona Rosa dentro de casa porque ela estava num aspecto horrível, só que agora, quando ela aparece, eu fecho os olhos e tento não olhar para o lado dela e não faço nada, porque eu não tenho o que fazer… Eu não tenho o que fazer. Eu não posso me mudar daqui porque eu já paguei e eu não tenho dinheiro pra ir pra outro lugar. E o que eu vou fazer pra tirar essa senhora daqui? Não sei nem sei o que chamar, o que fazer”. E ele tem um pouco de vergonha também de “ah, vou falar pra alguém que tem um espírito na minha casa que precisa tirar”, sabe assim? — Tem toda essa questão também de você chegar num lugar e falar: “Oi, tudo bem? Eu vim até aqui porque eu estou precisando de alguém que vá na minha casa tirar uma velhota que está toda enrugada, toda seca na minha casa, a dona Rosa”. —

E agora as questões do Diogo: Por que antes ela aparecia do lado do muro dela, na casa dela e aparecia normal assim? Uma idosinha, normal? E falava: “bom dia”, “boa tarde” e aparecia de manhã? E por que agora ela aparece de noite? Ela não aparece mais na casa dela, não aparece mais de manhã, só aparece de noite dentro da casa do Diogo. E com a pele seca… Ela não chega a ser uma caveira, mas sabe quando fica só a pele em cima do osso, assim? Assim. — E aí? Por que essa mulher está aparecendo assim? — E o Diogo falou que o que mais impressiona ele além dela estar desse jeito, é que ela anda bem devagarzinho, assim, bem devagar, bem velhinha mesmo, vindo na direção dele, e ele não consegue fixar pra olhar muito pra pra ela, porque assim, por mais que ele fale que ele não acredita, ele tá com medo, né? Mas ele não sabe se o olho dela tá como se fosse muito escuro, assim tipo, sem a parte branca ou se ela tá sem o olho, só o buraco, porque ele não consegue… — Ele não tem coragem de esperar chegar tão perto pra poder olhar. —

Mas de onde ele consegue ver, porque depois ele fecha os olhos e se encolhe e tal, ele não consegue identificar se ela está sem os olhos, só o buraco ali, escuro, fundo, ou se ela está sem a parte branca do olho, só tipo a bolinha maior escura, sabe? Grande. Ele não sabe distinguir isso. E ele também não percebe uma hostilidade nela… Nada. Ela quer chegar perto dele, mas ele não percebe, assim, tipo que ela está raivosa, que ela está… Ele não sabe o que ela quer, porque assim, lá fora ela estava normal e ela falava, agora dentro da casa dele ela está seca e é à noite e ela não fala… Como isso, assim? Qual a lógica? Porque pra mim não tem lógica. Não tem lógica… Se ela aparecia de manhã, assim, parecendo normal, porque agora ela aparece… — E antes ela aparecia na casa dela. — A única coisa que o Diogo acha que pode ter acontecido é que toda vez ele chamava ela quando ela estava… — Quando ele achava que ela era viva. Essa é a minha questão com os espíritos, entendeu? Como a gente vai saber? — Ele sempre chamou a dona Rosa para tomar café com ele, sempre convidou ela para entrar. 

Tipo, “vai, dona Rosa, dá a volta, eu abro o portão, vem aqui tomar café”, de manhã… — Quando ele achava que ela era viva. — Então será que é esse convite que a Dona Rosa… Porque um dia ela estava no quintal dele, mas ela estava parecendo viva. Será que ele conseguiu tirar a dona Rosa da casa dela e agora ela vai ficar na casa dele para sempre? E por que agora ela tem esse aspecto sem carne, só pele e osso e esse olho estranho? Pense… Imagine uma senhora branca, bem branca, só pele e osso, aquela mão comprida, aqueles braços fininhos, assim, com pele e no lugar dos olhos ele não consegue chegar tão perto para saber se é só aquela bolinha do olho enorme escura ou se ela está sem olho…

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente, aqui é a Bruna, eu falo de Maracajá, Santa Catarina. Então, Diogo, eu acho que essa senhorinha ela já está aí na casa dela há um bom tempo, porém ela nunca tinha sido vista antes e quando tu começou a conversar com ela e chamou ela para tomar café, fez com que ela visse em ti a oportunidade de talvez ela ser ajudada, porque ela deve estar muito confusa, sem conseguir passar para o outro plano. E o fato de ter convidado ela realmente acho que deu abertura para que ela entrasse na tua casa. Então, acho que o primeiro passo realmente é falar em voz alta que tu não pode ajudar ela, que o local dela não é ali, mas que seria bom sim tu procurar um centro espírita ou um centro de umbanda para que encontre alguém especializado para fazer uma oração por essa senhora. Porque eu acho que além de tirar ela do seu caminho, seria legal que tu pudesse ajudar ela a encontrar um caminho de luz. É isso, um beijo. 

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, oi, Diogo… Tudo bem? Meu nome é Carol, eu falo de São Paulo. A dica que eu dou para você, acho que é a dica que eu daria na maioria dos Luzes Acesas, que é: Procure um centro espírita. Eu sou espírita e eu entendo que quando um espírito fica assim vagando aqui, por aqui nesse plano, é porque ele está meio perdido, não sabe muito bem o que aconteceu com ele, ainda mais esse caso… Dessa senhora que não é agressiva, que não vai pra cima de você… Provavelmente ela só está confusa e perdida. E aí você indo para um centro espírita, além de você conseguir com que ela saia da sua casa, você vai estar ajudando ela para que ela encontre o caminho dela e siga pra onde ela tiver que seguir, que não é aí na sua casa, né? Então espero que você consiga procurar um centro espírita, eles são sempre muito receptivos e vão te ajudar. Espero que dê tudo certo. Um beijo. 

[trilha]

Déia Freitas: Então comentei lá no nosso grupo do Telegram e deem dicas aí do que o Diogo pode fazer que não seja, assim, uma coisa muito elaborada, porque o Diogo tem vergonha. Ele não consegue nem falar para as pessoas: “Olha, tem uma idosa morta morando comigo”, sabe? Então é isso, gente, dona Rosa entrou e agora ele não sabe se ele faz… Teve um dia que ele falou que ele pensou em passar um café à noite e deixar na pia para Dona Rosa. — Deus é mais, gente… — Você já imaginou ela [barulho com a boca] tomando café na pia? Só aquele cadaverzinho? Ai, não dá pra mim, não dá… Então é isso, gente, um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.