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título: voluntária
data de publicação: 17/03/2025
quadro: picolé de limão
hashtag: #voluntaria
personagens: pietra

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Chegeui para mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] Quem tá aqui comigo hoje é a Wizard e você já viu a promoção que está rolando? Se aprender inglês já é incrível, imagina aprender e ainda assistir suas séries e filmes favoritos sem legenda, entendendo tudo o que está sendo dito em inglês? Aí sim, aí é WoW. Só a Wizard,aAo fazer uma aula experimental, você pode ganhar um ano de Disney Plus Premium e ainda viagens internacionais com experiências exclusivas do Disney Plus, inspiradas nos seus filmes e séries favoritos. — Já pensou, gente? — Com a Wizard, você aprende inglês online, ao vivo e de onde quiser, construindo a sua confiança para entender e falar em outro idioma. Pra saber como, clica agora no link aqui na descrição do episódio. — Clica, vai navegando e vai ouvindo a história. — E hoje eu vou contar para vocês a história da Pietra. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

Pietra, uma entusiasta aí das redes sociais, sempre gostou muito de ver ali o que tinha no “buscar” do Instagram. — O algoritmo, a gente sabe, né? Então, por exemplo, eu que amo cães e gatos e e estou sempre ali atrás de alguma comida vegetariana, vegana, o algoritmo do Instagram me entrega isso. — E, numa determinada época de conflitos internacionais, a Pietra estava muito preocupada com questões humanitárias referente a guerra e tal, e alguns posts, algumas coisas nesse sentido começaram a pipocar ali no Instagram da nossa amiga Pietra. Ela deu umas curtidas, fez uns comentários em alguns posts e num post que ela comentou ali em inglês — que Pietra manja um pouco aí —, teve uma resposta de uma outra pessoa que estava comentando que também se dizia brasileira — porque ali em inglês mesmo ela falou que ela era brasileira, mas estava preocupada e nã nã nã —, essa pessoa viu o comentário e respondeu que também era brasileira e estava como voluntária numa área de conflito. 

E Pietra respondeu aquele comentário e, quando ela foi olhar nas mensagens dela, tinha uma mensagem dessa moça que tinha trocado alguns comentários com ela neste post. E elas começaram a conversar, migraram para o WhatsApp, só que tinha uma questão: Essa moça ela tava numa área de conflito, usando uma VPN para poder se conectar e a conexão era muito ruim e muito precária. Então elas conseguiram fazer ali um Face Time de dois minutos, algo assim, tudo muito escondido — realmente muito precário, uma conexão ruim —, enfim… Só que a partir daí, sempre que essa moça voluntária em áreas de guerra ela estava ali numa missão humanitária, sempre que ela podia, ela mandava mensagem pra Pietra e assim elas foram conversando. E a Pietra cada vez mais preocupada com essa moça que estava numa zona de guerra. — Numa área de conflito internacional, enfim. —

Elas conversaram ali por alguns meses, até que essa moça sumiu… Uma semana, duas semanas… Na terceira semana essa moça conseguiu enviar uma mensagem pra Pietra dizendo que ela estava numa área de muito risco, que a ONG que ela estava, porque assim, algumas ONGs também aqui do Brasil você consegue ir pra outros países em ações humanitárias, essa moça ela estava por uma ONG estrangeira, então era mais complicado e ela não conseguiria voltar pro Brasil. A prioridade era sair dessa zona de conflito que ela estava e, é às vezes, ao fundo, você ouvia um pouco de barulho desse conflito, enfim… Até então, as duas já tinham trocado juras de amor, estavam apaixonadas… — Virtualmente? Online? Sim, mas isso pode acontecer com qualquer pessoa. Em épocas passadas, por exemplo, vou dar um exemplo, de bate papo do UOL… Eu conheci um namorado num bate papo do UOL e a gente realmente se apaixonou, enfim… Então, esse tipo de coisa realmente acontece. — Pietra muito apaixonada, querendo ajudar de qualquer forma a moça a sair dessa área de conflito e a moça precisava em torno de mil dólares. — Porque assim, dependendo de onde você está, se você tem um pouco de dinheiro, você consegue pagar umas pessoas e sair, né? —

Ela tinha ali uma conta internacional que ela podia receber um dinheiro, que era uma conta muito usada por estudantes, enfim, e ela tava precisando muito desse dinheiro. Com mil dólares ela conseguiria sair de onde ela tava dessa zona e a ONG mandaria uma passagem para ela desse lugar de conflito para o Brasil. Pietra, da classe trabalhadora, não tinha cerca de cinco 5, 6 mil reais para arrumar para a moça. O que Pietra fez? Um empréstimo. — A moça não chegou a pedir diretamente o dinheiro para ela. — Não é que ela estava fazendo um empréstimo que essa moça poderia pagar depois, é uma voluntária, enfim, cheia já de questões, não ia ter como pagar a Pietra, mas a Pietra fez porque sim, era o amor da vida dela. E ela mandou por meio de uma conta PôneyPal esse dinheiro para ela. A moça sumiu mais um pouco e aí a Pietra pensou: “Golpe… Caí num golpe.”, porque a moça sumiu. Só que aí, depois de duas semanas, a moça mandou uma mensagem: “Estou num lugar seguro, volto para o Brasil dia tal. Não acho seguro te passar o voo, mas gostaria que você me esperasse no aeroporto”.  — Gente, romance no ar…  [risos] —

Passado ali mais uns dez dias, era a data que a moça chegaria… Pietra estava no aeroporto e passou muitas horas, porque assim, tinha os voos chegando e a moça tinha dito que ia ter umas conexões, porque, né? A ONG com certeza pegou ali a passagem mais em conta, enfim, tem que economizar, né? Ela não sabia ao certo que voo a moça viria, mas a moça falou: “Olha, me espera num quiosque tal, que eu sei que tem… Eu espero que ainda tenha no aeroporto”. — E tem, porque eu trabalhei no aeroporto e o quiosque desse chinelo famosíssimo, que é famoso fora do Brasil também, sempre tem. — “Ou na loja ou no quiosque dessa marca de chinelos, me espera, que eu te encontro lá”. E aí lá ficou a Pietra, viu até uns chinelinhos bonitos e tal [risos] esperando chegar o amor da sua vida, quando, de repente, ela com o coletinho da ONG, mais a sua mochila imensa e meio suja, né? Porque, enfim, estava numa zona de guerra, de longe — porque elas já tinham conversado FaceTime —, e aí elas se abraçaram, se beijaram e ali nasceu um romance.

Só que a moça estava chegando ali no Brasil sem nada, ela tinha uns parentes distantes, mas estava chegando meio que para ficar com a Pietra, né? Nisso a moça foi pra casa ali da Pietra, e aí, gente, você vai fazer o quê? Você vai contar a sua história, a sua agora namorada, amor da sua vida, vai contar também sua história e a moça começou a contar por que ela tinha saído do Brasil e agora vivia em missões humanitárias e não queria ficar no Brasil mais. Quando ela estava no Brasil, a família dela tinha tido uma questão aí, um problema e ela tinha pegado dinheiro com um agiota. E, desde então, esse agiota tentava rastrear essa moça. — Tanto que ela foi tão enigmática ali na hora dos voos porque ela tinha medo, sei lá, que essa informação vazasse para o agiota… Como se o agiota fosse, sei lá, um agente do FBI, mas até aí eu não sei também qual a capacidade de investigação desse agiota, né? — E aí a moça contou toda essa história de que ela não podia ficar no Brasil, porque, sei lá, o agiota do FBI [risos] ia atrás dela, enfim. E a Pietra já: “Amor… Qual é o valor dessa dívida? É melhor a gente pagar o agiota porque aí você pode ficar aqui comigo”. — Por que o que você quer? Você quer o seu amorzinho do seu lado… Quem não quer o amor da vida, né? Do seu lado. —

E a moça disse que provavelmente com juros e tudo ela estava devendo 25 mil reais. Um dinheiro que Pietra jamais teria… Mas ela ficou pensando como ela podia ajudar o amor da sua vida, né? Bom, mas a moça falou: “Pelo menos uns dias eu vou ficar por aqui, né? E depois eu vou para uma outra ação humanitária por essa ONG. Eles me mandam a passagem e eu vou. Se eu pudesse dar alguma coisa para o agiota, para, sei lá, esperar um tempo, pagar pelo menos o juros”. E aí a Pietra focou nisso: “Quanto seria de juros, sei lá? 2 mil? 2 mil acho que eu consigo, né? Mas 2 mil por mês é muito difícil, mas pelo menos mais um tempo”. Enquanto Pietra estava muito concentrada a levantar o dinheiro para a moça, que a moça voluntária ali tinha nem trabalho, né? Pensou em fazer um bico, um negócio para ter um dinheiro? Não pensou também, né? Podia, quando chegou no Brasil, mas não se movimentou. E Pietra muito preocupada — até com a integridade física do seu amor, porque a moça estava correndo perigo — deixou de lado um pouco as suas redes sociais… Até que um dia ali — sei lá, na segunda semana que a moça estava na casa dela —, ela entrou no Instagram e, no Instagram ali, tinha uma mensagem de uma outra moça.

Quem era essa outra moça? Ex da voluntária. E aí essa moça falou que precisava conversar com a Pietra, a Pietra achou estranho e falou: “Pode falar por aqui”, tipo, “não vou dar meu endereço”. — Lembrando que me escreveu foi Pietra… — “Não vou dar meu endereço, não vou marcar como a ex da minha namorada, praticamente da minha noiva né?”. Pietra já com planos de também fazer voluntariado fora e, sei lá, seguir a moça pra onde ela fosse, né? E aí a moça acabou fazendo uma revelação… A voluntária em área de guerra nunca esteve numa área de conflito. Nunca nem tinha saído do país. Tinha nem passaporte a voluntária. Ela era uma golpista que trabalhava numa loja de xerox e morava em Cajamar. [risos] Em Cajamar… Quem não conhece Cajamar é um município aqui da Grande São Paulo. [risos] A moça era uma golpista, aquele dinheiro, os mil dólares e nã nã nã que ela mandou através da PôneyPal, com certeza ela converteu e sacou, né? Porque jamais saiu. [risos] — Gente, a gente ri agora, porque Pietra superou e tal, mas sabe? Você está conversando com uma pessoa que você acha que ela está numa zona de guerra, numa zona de conflito e ela tá em Cajamar. [risos] Que ódio…  — E aí, Pietra, assim, atônita… — Pietra estava no trabalho. — 

Enquanto conversava ali, mandava mensagens para Pietra — a ex —, a Pietra mandou uns prints para voluntária e a voluntária falou: “Essa moça é louca e nã nã nã”, quando Pietra chegou na casa dela, a moça tinha ido embora. A sorte ainda da Pietra é que a moça não roubou nada, só aquele dinheiro, tipo da casa ali, e aí a Pietra caiu em si, que realmente era um golpe… E até agradeceu a ex lá, mas depois viu que a ex tinha voltado com a golpista, então a ex ou fez por ciúmes ou estava no esquema? Acho que não estava no esquema, né? Acho que fez por ciúmes pra ter a golpista de volta pra ela. E aí a Pietra não quis prestar queixa, nada, fazer nada, enfim, ela estava se sentindo muito mal, enfim, de ter caído nessa. Porque quando a gente está apaixonado, gente — e aí e todo mundo, tá? Eu, você, sua mãe, seu pai —, qualquer pessoa que está apaixonada fica meio cega. A gente fica meio cega sim, né? E, assim, com julgamento meio comprometido. Então, depois que Pietra parou pra pensar, ela viu ali algumas coisas que, poxa, será? — Se é aqui, eu fingindo no telefonema não ia dar, porque ia passar [cantarolando] “Consigaz, olha o gás…”. [risos] Ia falar: “Escuta, mas você tá aí guerra e tem Consigaz? O homem do gás também foi?”. [risos] Então, para mim aqui não ia dar, né? Mas a moça fazia tudo… Talvez tenha colocado um som de conflito de tiros no fundo, sabe? Porque não acho que Cajamar tenha um bairro assim, com metralhadoras e coisas assim, né? Enfim, bombardeio… —

A moça bloqueou ela em tudo, mas ali, como ela tinha conversado no Instagram com a ex, ela pôde ver depois que a ex tinha voltado com essa golpista. — E, gente, golpista é cara de pau, assim, não pensa que eles somem… A moça não sumiu, não, ficou lá com a ex postando foto, só bloqueou a Pietra em tudo, né? — Pietra hoje já superou, consegue rir com as amigas dessa história, mas ela escreveu pra gente pra alertar. — Se alguém entrar em contato com você, principalmente você, moça lésbica, e for uma lésbica falando que está numa situação aí, zona de guerra e tal, cuidado… — E qualquer pessoa, gente, também, né? Um cara… Qualquer pessoa que entrar em contato com você pra falar que está numa zona de guerra, precisando de ajuda, não é para você que a pessoa tem que entrar em contato, tem que falar com o Embaixada do Brasil. É isso, que acho que nem a ONU ajuda, porque a ONU, sei lá… Nem a ONU vai te ajudar. — Então se alguém quiser te passar esse golpe, fala: “Ó, entra em contato com a embaixada… Quando você tiver aqui no Brasil a gente se fala, beleza? Vou, sei lá, orar, rezar por você, acender uma vela, sei lá”. —

Porque dificilmente uma pessoa que está na zona de guerra vai estar paquerando no Instagram, né? Se ela está lá para ser voluntária, ela está ocupada, ela tem serviço. E, geralmente, quem tem serviço e está ocupado não fica paquerando no Instagram em horário de serviço. Então, não cai nessa, fala pra procurar a embaixada, não vai mandar dinheiro, sabe? Fala pra pessoa: “Abre uma vaquinha” e nem divulga a vaquinha também, por que e se for golpe? Fala: “Faz uma vaquinha, um rateio entre seus amigos e seus familiares”, porque eu tenho certeza que se eu, sei lá, vou para uma área de conflito, fazer voluntariado e dá ruim lá e eu não tenho dinheiro, eu vou acionar minhas amigas aqui, minha família, meus seguidores e a galera vai fazer uma vaquinha para mim, com certeza, para eu pegar uma passagem lá e voltar, entendeu? Então, assim, o golpista vai na sua área mais vulnerável, “então eu tô apaixonada, vou lá pedir” e agora a Pietra fez o empréstimo em 36 meses… — Então, pensa os juros… — E a outra lá em Cajamar, tirando xerox. Xérox. — Eu gosto mais de falar xerox, mas eu sei que xérox. sabem. —

E, ó, a mente brilhante da golpista, uma menina jovem… Tem que ver isso também. Voluntária de 20 anos? Será que a ONG aceitaria? Pietra com seus 24… Gente, a hora que a Pietra parou pra pensa, ela falou: “Poxa…”, quando a gente para pra pensar, né? Depois que aconteceu, que alguém te deu um alerta, como foi o caso dessa ex, aí você fala: “Os sinais estavam ali” e, assim, a menina foi de Cajamar… [risos] — É uma filha da puta… [risos] — A menina foi de Cajamar para o aeroporto de Guarulhos. [risos] Tem ônibus… Foi, pegou o ônibus em Cajamar e foi para o aeroporto de Guarulhos com a mala feita, com roupas sujas na mala, na mochila grande para ficar na casa da Pietra. Pensa… Enquanto a Pietra está indo, achando que a menina está no avião, ela está no ônibus em Cajamar. [risos] — Cajamar—Guarulhos. [risos] — O que vocês acham?

[trilha]

Assinante 1: Olá, nãoinviabilizers, eu sou a Patrícia, falo aqui de São Paulo. Pietra do céu, menina… Essa voluntária devia colocar filmes de ação da Pôneiflix no último volume quando te ligava para você ouvir as bombas no fundo… Que bom que você está bem, que tudo está certo, que hoje você dá risada dessa história e a gente aprende que se for para fazer empréstimo só para a saúde do pet, se o pet precisar fazer alguma coisa, aí a gente faz empréstimo. Do contrário, nada de empréstimo pros outros. Um beijo a todos. 

Assinante 2: Oi, nãoinviabilizers, aqui é a Gabi de São Paulo. E essa história tem tantas camadas, não culpabilizando Pietra ou qualquer outra vitima de golpe, mas é importante que aprendamos para ontem a dizer “não”, não a essas transações financeiras, principalmente nesse caso com uma pessoa completamente desconhecida. Ela só conhece online e via FaceTime, então temos que ter mais cuidado com o nosso dinheiro sim. E tem outro ponto importante que é essa questão da idealização do amor, de ter alguém e aí fazer de tudo por essa pessoa e viver mais essa pessoa do que a nós mesmos. Fica aí a dica. Pietra, sinto muito, espero que você tenha se recuperado disso. Um beijo, nãoinviabilizers. 

[trilha]

Déia Freitas: Se tem uma coisa que esse podcast ensina é que toda história pode ter uma reviravolta incrível e a sua com o inglês pode ser agora. Aproveite a promoção da Wizard e comece a estudar, você pode ganhar um ano de Disney Plus Premium, além de concorrer a viagens internacionais com experiências exclusivas inspiradas nos seus filmes e séries favoritos do Disney Plus. — Eu tô muito empolgada com isso. — Com a Wizard você aprende inglês online, ao vivo e de onde quiser, construindo aí sua confiança para falar em outro idioma. Corre para o link que eu deixei aqui na descrição do episódio, vai fazer a sua aula experimental, não vai perder essa chance, hein, gente? Quem sabe a sua próxima história não seja aí em outro país? — Valeu, Wizard. — Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]