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título: voluntário
data de publicação: 16/12/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #voluntario
personagens: renata e robson

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei pra mais um Picolé de Limão, a história de hoje é a história da Renata e do Robson.

[trilha]

A Renata e o Robson, mais um caso de namoro na pandemia, que as pessoas resolvem morar junto, né? Eles resolveram juntar os trapinhos na pandemia e estava dando tudo certo, primeiro mês foi tudo bem, no segundo mês o Robson resolveu que ele tinha que sair com um grupo aí de amigos dele pra distribuir comida na rua. — Poxa, uma coisa nobre, né? — A Renata falou: “Ah, eu também quero ir”, aí ele falou: “Olha, tudo bem eu vou ver porque são só os caras, né? De repente, se for só os caras eu não quero você lá no meio porque eu tenho ciúme”, nã nã nã — O papo do ciúme… — Aí ela falou: “Ah, tá bom, vê, né? E aí você me fala que eu quero ir”. E aí ele postou umas fotos né assim com o grupo distribuindo comida, ela toda orgulhosa dele, que estava lá servindo comida né para as pessoas em situação de rua e a coisa foi passando, ele ia uma vez por semana, depois passou a ir duas, ela não ia porque só iam os caras mesmo, e ela acompanhando porque tinha uma página do site lá que distribuía comida. 

E aí nas primeiras três semanas ali ela via o Robson nas fotos, ou às vezes não estava em primeiro plano, mas estava lá atrás. — Ela viu ele, ele estava lá na ação — Mas depois ele não estava mais nas fotos e nem era mais marcado nas fotos, né? E aí ela falou: “Ué, mas o que aconteceu, né? Não te vejo mais, tô acompanhando lá  o trabalho do grupo que tá entregando e tal”, aí ele falou: “Olha, eu achei que fazer esse trabalho voluntário e ficar me marcando parece que eu tô fazendo pra me aparecer, então eu pedi pra que eu não fosse mais marcado”. — Gente, que cara nobre. Robson, olha, é que eu estou aqui segurando o celular gravando se não batia a pampa pra você. Palmas para Robson porque, realmente, ele não queria aparecer, ele estava ali fazendo um trabalho voluntário e não importa aparecer, né, Robson? —E aí a Renata ficou nossa, orgulhosíssima, orgulhosíssima do namorado, marido, namorido e tudo perfeito, tudo indo, tudo maravilhosamente bem. 

E aí, gente… [risos] — Eu não sei nem o que dizer porquê… Né, não tem nem como fazer suspense. — Ela estava lavando a roupa, separando a roupa pra lavar — Vocês já ouviram falar daquela frase que é característica de traição, do batom na cueca? Gente, [risos] eu achei que isso nem acontecesse, que fosse só uma expressão, mas… — Ela viu uma mancha de batom na cueca de Robson, [risos] literalmente o batom na cueca e era batom, não tinha como ser outra coisa e era batom e era meio pinkzinho assim, meio rosa, e ela falou: “Gente, não pode ser batom na cueca”, porque até ela conhecia a frase, né? Falou: “Gente, não pode ser que o Robson está me traindo e tem batom na cueca dele”. — [risos] Porque assim, é praticamente dar o script, né? — E aí ela ficou pensando como poderia ir parar um batom na cueca, será que era batom dela? Mas ela não tinha aquele tom de batom e ela também não tinha esbarrado na cueca dele, não tinha explicação, gente… Por mais que ela tentou, Renata tentou… Não tinha nenhuma explicação. 

E aí ela foi confrontar o Robson sobre o batom na cueca e aí ele enrolou, enrolou, falou que não era batom que ela estava louca, — Que tem isso, né? — que ela estava louca, que ela estava vendo coisa, se tinha batom na cueca era batom dela e ficou muito bravo assim e falando que ela estava vendo coisa, que era por causa da quarentena, que isso que aquilo, aí ela falou: “Tá bom então, então não é? Então agora toda vez que você sair eu vou com você”, aí ele de novo chamou ela de louca, falou que não, que isso era um absurdo, que isso e aquilo, e aí eles ficaram brigados uma semana. Ele não foi lá nessa semana do batom na cueca, ele na semana seguinte ele não foi distribuir comida, ela ficou por ali também porque, né? Quarenta você não tem pra onde ir. E aí na outra semana ele foi meio que tentando dar uma amaciada na coisa, né? Fez um café da manhã pra ela e ela cismada, estava cismada, mas falou: “Bom, vou levando, né?” 

E meio que também passou mais um tempo e ela esqueceu, aí ele voltou a entregar comida e agora ele fazia questão de ser marcado novamente e aparecer nas fotos novamente, e ela tinha reparado que nesse grupo não tinha só caras, tinha moças também, né? E mulheres, era misto, tinha senhoras. Era um grupo grande, um grupo misto, só que ele falava que o grupo que ia lá pra área que ele distribuía iam só caras, que era uma área mais perigosa e tal, ali pela região da Cracolândia, né? A gente tá falando de São Paulo, que ele ia lá distribuir, então que ali eles preferiam que fossem só os caras, não sei o quê e passou. Um belo dia, eles estão lá assistindo uma Netflixzinha, comendo uma pipoquinha e o telefone dele começa a tocar, tocar, tocar, tocar, tocar… E ele não atende, ele olhava e não atendia, ela falou: “Quem que é? Quem que tá te ligando?”, ele falou: “Ah, é do grupo, eles querem fazer uma entrega extra, mas eu não vou participar, não quero ir”, e o telefone não parava de tocar. 

Aí ele foi e desligou o telefone, e ela achou muito estranho que ele tenha desligado o telefone, né? Aí passou, gente, mais ou menos uns quarenta minutos tocou o interfone do apartamento. E aí ele que atendeu, ele ficou roxo, ela falou “Quem que tá aí?”, ele falou: “Não, não, os caras vieram pegar aqui que eu fiquei com um papel lá do grupo, vou descer pra entregar”, ela falou: “Eu vou junto”, ele falou: “Não, pode deixar que eu vou lá”, ela falou: “Eu vou junto”, e aí ele ficou roxo, não deixou ela descer, não desceu e acabou confessando pra ela que ele tinha se envolvido com uma moça do grupo, e era a moça que estava lá embaixo, que ele ia descer, ia falar com ela, ia falar que não queria mais, que não sei o quê. E ela tão chocada pegou o interfone ligou lá no porteiro e falou: “Pode mandar subir”, e aí ele começou a gritar com a Renata e falou: “Você é louca, você é louca, o que você está fazendo?” — E a moça, gente, a moça subiu. —

A moça subiu, a moça estava transtornada e assim, podia ter dado uma merda, né? — Podia ter dado uma merda, eu, sei lá, Renata, eu não faria jamais uma coisa dessas e acho perigoso, não recomendo ninguém a fazer isso que a Renata fez. —E e aí a moça entrou, já entrou unhando ele, já entrou na cara dele, porque ela também não sabia da Renata, ela não sabia da Renata, ele falava que não tinha redes sociais por isso que ele não gostava de ser marcado, mas o perfil dele era trancado e ele não tinha adicionado essa moça, e aí não se sabe como ela descobriu, mas ela batendo nele, a Renata olhando e chorando, e aí a bomba: a moça do grupo de voluntários estava grávida… — Por que, né? Ninguém usa camisinha nem na pandemia, aí Robson não usou camisinha, a moça também não usou camisinha, aí já viu, né? Bebezinho voluntário. —

E aí o baque, né? Porque ele não estava acreditando nela, porque ela tinha falado pra ele já que estava grávida e aí ele sumiu. — Ele como um bom canalha que é largou a moça lá falando que estava grávida e achou que, sei lá, sumindo o problema sumiria também, né? — Renata também começou a gritar com ele e aí já veio síndico, já veio vizinho, aí a moça acabou indo embora, ela nem viu como que a moça foi embora porque virou um salseiro — E isso, pandemia, ninguém de máscara, francamente hein, Renata? — Ela colocou ele pra fora, ele foi pra casa de um amigo, sei lá, depois disso ele ficou atrás dela, ele continua atrás dela. Ela gosta dele, a questão é essa, ela gosta dele, ela acha que é uma coisa que talvez eles consigam contornar, eu falei: “Poxa, mas e aí, né? Agora tem a moça lá que tá grávida, você vai dar conta? Porque filho é pra sempre, né?” E, sei lá, é complicado

Ele tá pedindo pra voltar, a moça continua grávida, eles são de um grupo de voluntários assim religiosos, né? Então ela nem pensa em tirar nada, ela vai ter a criança do Robson, ela é voluntária, ele é voluntário e vão ter aí um voluntariozinho. E a Renata acha que dá conta, então se ela dá conta, né? Mas ela queria a opinião de vocês pra esse relacionamento aí do cara, que ele realmente estava distribuindo comida, nessa parte ele não mentiu, mas ele não queria que ela fosse porque ele estava envolvido com uma moça do grupo. Eu não entraria aí nesse enrosco não, agora a Renata tá querendo encarar, né? Que ele volte e tal, e aí eu já falei pra ela que ela vai ter que lidar com a moça porque, se tá grávida, ele tem que dar uma assistência pra ela também, né? Por mais que ele não vá ficar junto… A gente até teve um caso assim aqui, mas nesse caso é um pouco diferente, né? Porque… Sei lá, ele estava envolvido meses com a moça e tinha conhecido a família da moça, tem esse detalhe também, tinha conhecido a família da moça.

Mas gente, ninguém respeita a quarentena, né? Como que você conheceu a família da moça? Foi lá conhecer a família da moça na quarentena? Pandemia, coronavírus? Mas enfim, né? Então tem essa questão da religiosidade de todos os envolvidos, inclusive da Renata também, são todos da mesma religião, sei lá, né? Não sei… Renata acha que o perdão tá aí pra isso e, se ela consegue perdoar, acho louvável, não vou criticar, não, eu não perdoo nada, ninguém. Não sou Jesus, já falei “Não perdoo”. Agora, se ela perdoou, se ela vai ficar bem com isso e vai dar todo o suporte aí nessa nova fase do Robson, porque agora é uma nova fase, Robson vai virar pai, pai tem responsabilidades, né? Então, tem que pensar em tudo isso, se ela quer isso pra ela, mas enfim, vocês deixem lá seus comentários no nosso grupo do Telegram, é “Não Inviabilize”, e… Sei lá, né? Não sei, não, eu… 

Pensa bem, Renata. Tem aí muita mentirada. O que me enfeza é a mentirada, tem uma mentirada envolvida aí, porque se a moça não fosse lá, o quê que ele ia fazer? Ele ia sumir e abandonar a moça lá grávida? Então é um cara de caráter esse também? Não é, né? Estava mentindo pra você que estava lá entregando comida na Cracolândia e… Podia até estar, mas também estava com a moça, né? Vai ver ele entregava comida só um dia. Agora não dá pra acreditar em Robson mais, eu não acredito em Robson, então… É com vocês, gente. Deixem seus recados lá pra Renata, sejam gentis e vamos que vamos. Um beijo.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.