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título: quintal
data de publicação: 02/08/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #quintal
personagens: paola, beto e amendoim

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de limão e hoje eu vou contar pra vocês a história da Paola. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Paola morava com o Beto e o Amendoim, o cachorro da família, num apartamento na cidade, aí eles resolveram mudar para o interior, pra uma casa muito, assim, boa e com um quintal enorme, cheio de árvores e um pé de manga bonito lá no fundo do quintal e uma casa bem gostosa. E o Amendoim estava felizérrimo, né? E o casal também. Então eles começaram a mudança e deu tudo certo, mudaram… Lá atrás, perto do pé de manga, o Beto colocou uma rede, fez um partezinha coberta lá pra ele poder fazer as coisinhas dele no quintal, nã nã nã, e a vida foi seguindo. E, realmente, o Beto gostava demais daquele quintal, ele ficava muito tempo no quintal e o quintal muito grande, né? A Paola ficava mais lá na casa. E o Amendoim era assim, o Amendoim ia para o quintal com o Beto, ficava tipo dez, quinze minutos no quintal e voltava pra dentro de casa pra ficar com a Paola. Então o Amendoim era um cachorro mais caseiro, [risos] não gostava de pôr tanto as patinhas na terra, né? [risos] E a vida foi indo. 

Entre o casal, eles tinham um bom relacionamento e, como eles mudaram para o interior, no começo ali estava mais legal e depois o Beto foi ficando muito distante… E a Paola não conseguia entender porque, porque estava tudo bem entre eles. Ambos trabalham com coisas de internet, então tanto faz onde mora, né? — Isso não interfere em nada. — Só que o Beto estava estranho, começou a ficar estranho, distante… Mas a Paola não conseguia entender porque e a vida foi seguindo mais um tempo. E o Amendoim sempre nessa pegada, ele ia para o quintal com o Beto, passava dez minutos, ele voltava. — Eu não ia achar isso estranho também, porque os meus cachorros são assim, eu tenho quintal aqui com árvores, com frutas e tudo, e os cachorros ficam dez minutos no quintal e já querem entrar de novo. Eles ficam a maioria do tempo dentro de casa. Cachorro gosta de ficar dentro de casa, cachorro gosta de sofá, cachorro gosta de porcelanato, deitar a barriguinha ali no porcelanato gelado, é isso que cachorro gosta. [risos] Lógico que também eles gostam de natureza, de grama, mas cachorro gosta de ficar dentro de casa, essa é a real. Então eu também não ia achar estranho o Amendoim, né? Ali dentro de casa o tempo todo. — 

Mais um tempo se passou de Beto estranho e Paola sem entender… Uma pessoa toca a campainha da casa de Paola. Quem é essa pessoa? Paola não conhecia ninguém na cidade, porque era uma cidade X, uma cidade que eles escolheram pra ir pra morar, em função da casa que eles gostaram, mas eles não conheciam ninguém… E pandemia, né? Nem saíam de casa. Era uma senhora. — Uma senhora? Era uma senhora. — Quem é essa senhora? A vizinha de Paola. Vizinha de Paola? Mas a Paola conhecia os dois vizinhos, — De cada lado, né? — quando chegou ela fez uma apresentação, fez um bolo… — Levou ali, tipo, dois vizinhos de cada lado dela, dois da direita, dois da esquerda. — Na frente da casa dela são comércios assim, então, né? Ela não foi lá, mas os vizinhos dela ela conhecia, e aquela idosa não era dali. E essa idosa era uma vizinha da rua de trás. — E, gente, vocês não vão acreditar… — Ela estava ali para contar uma coisa para Paola. O que ela foi contar? — Suspense, surpresinha. — Ela foi contar que já fazia um bom tempo que o Beto, marido de Paola, estava pulando o muro lá por trás, um muro relativamente baixo e estava transando com a vizinha. — Vizinha de fundos. — E ela era a idosa que morava do lado. E ela via o Beto pular e ela ouvia os dois transando, e aí ela não aguentou mais, porque ela já tinha visto a Paola passeando com o Amendoim. — Então viu que ele era um cara casado e tal. —

Dali da casa dela, que era um sobrado, ela conseguia ver a Paola no quintal ali, tudo, então ela resolveu ir lá contar. E por que ela estava ali aquela hora? Porque o Beto tinha acabado de pular e ela queria levar a Paola lá. Só que tudo isso pegou a Paola de surpresa, ela ficou em choque, e ela não… Assim, ela não teve aquela coisa de: “Não, vamos lá, vamos ver”, ela ficou parada assim, e a mulher falando: “Vamos, você não quer ir lá? Você não quer pegar seu marido?” [risos] — Ai, gente… — Assim, como que você vai na casa de alguém e dá uma dessa, né? E a Paola em choque, a mulher tentando levar a Paola pelo braço mesmo, a Paola falou: “Não, não vou, não vou…”, e a idosa foi embora. E aí ela ficou dentro de casa ali sem saber o que fazer e, quando passou ali mais ou menos umas duas horas, o Beto entrou como se nada tivesse acontecido, como se ele tivesse lá no quintal fazendo as coisas dele e ela não teve reação nenhuma nesse dia, ficou olhando pra ele assim. E aí ela começou a entender porque que o Amendoim voltava pra dentro de casa. — Porque ele ia com o Beto pra ficar lá com o Beto, quando o Beto pulava o muro, ele vinha embora, que ele não ia ficar sozinho no quintal, né? — 

Então, quer dizer, o Beto ficava dez minutos no quintal e pulava pra casa da vizinha, — Pulava pra casa vizinha — pra transar com a vizinha. E aí a Paola não fez nada nesse dia, foi dormir, mas assim, ela acreditou na idosa, mas ao mesmo tempo ela me falou: “Andréia, o Beto era um cara que eu conhecia muito, a gente conversava muito, não tinha porquê ele me trair, assim do nada? Pular um muro, uma coisa sórdida”, então ela ficou muito sem entender porque o Beto faria isso, né? E ela não fez nada nesse dia. Aí no dia seguinte ela falou: “Bom, eu preciso ver o que eu vou fazer da vida, né? Se eu vou querer pegar, se eu não vou querer pegar”, e aí ela falou com algumas amigas num grupo lá do WhatsApp e metade achava que ela devia pegar, dar o flagra, e metade achava que não. E aí a metade que achava que ela devia pegar venceu, e ela falou: “Bom, a hora que o Amendoim voltar, eu vou e pulo também”. — Gente, olha que loucura, eu jamais faria, eu jamais faria… — E aí sem a ajuda da idosa… — Porque ela sabia que a idosa era da rua de trás, mas ela não sabia quem era idosa, né? — E aí sem a ajuda da idosa, nada, o Beto pulou, Amendoim voltou, ela fechou o Amendoim ali dentro de casa e pulou atrás do Beto.

E aí ela descobriu que o Beto realmente estava com uma moça lá e, pra piorar tudo… — Porque assim, né? O que a Paola pensou? Que o Beto estava ali com uma moça aleatória que ele conheceu, sei lá, na cidade, viu a moça ali pelo muro e pulou, mas não, a história é muito pior, gente. — O Beto se mudou pra aquela cidade, escolheu aquela casa por causa daquela moça, porque aí ela, né? Ela foi lá, flagrou, teve um barraco, nã nã nã, e a moça começou a falar, a moça começou a falar que ela já estava com o Beto bem antes da pandemia, e que ela mudou pra lá porque aquela casa era a casa da família dela, que estava vaga e, como ela não tinha como pagar aluguel, nã nã nã, mudou pra lá e a moça começou a gritar que o Beto tinha mudado pra lá por causa dela. Então, assim, a coisa de escolher a casa, e de fazer com que a Paola gostasse de tudo, foi tudo planejado pelo Beto pra ele poder ficar perto dessa amante, que ele já tinha, dessa moça aí… — Agora me diz, por que um cara desse, um casal novo, sem filhos, praticamente sem vínculo, sem dívidas tal, por que o cara não separa? — Por que fazer esse tipo de cachorrada, sabe? — Cachorrada num mal sentido aí, viu, Amendoim? Nada com você. — É isso que eu não entendo, sabe? É ser mau-caráter por ser mau-caráter, né?

Porque ele podia muito bem, a Paola falou: Poxa, ele podia ter me falado: “Olha, não dá mais.’ Eu ia sofrer? Ia, mas não precisava passar por isso”. Paola pegou o Amendoim e foi pra casa da mãe dela, terminou com esse… Com esse cara e pediu divórcio. O divórcio saiu rápido, porque eles não tinham nada assim, né? Além do que a Paola achava que era o amor deles, né? — Além disso, eles não tinham nada assim pra dividir, nada. — E depois que eles divorciaram, o Beto veio com uma historinha de que: “Ai, eu sei que eu errei, será que a gente não podia tentar namorar de novo?”, aí a Paola já bloqueou ele em tudo também, porque não tinha bloqueado ainda, né? E seguiu a vida dela. 

Mas, sabe? Gente, por quê? Olha o que o cara fez, escolheu a casa que dava de fundos pra casa dessa moça aí, pra poder pular o muro, ficar com a moça enquanto a Paola estava lá dentro trabalhando, sabe? — É muita sordidez, né? Olha… — Ainda bem, Paola, que você se livrou, você pegou seu Amendoinzinho e foi embora. E o Amendoim, hein? Amendoim dando esse toque. [risos] Amendoim deu um toque, né? Dava dez minutos… Porque se ela saísse pra ir lá no fundão do quintal pra ver o Beto, ela não ia achar o Beto, mas ela nunca foi também porque… Ela falou: “Ah, Andréia, tinha muito mato, também o Beto falava que ia cortar”. — E nunca que ele ia cortar, né? Porque ele sabia que ela não ia pra lá. — E ele ficava lá, não estava nem no mato, estava lá na casa da outra moça. Surreal, né?

[trilha] 

Assinante 1: Oi, eu sou a Natália, eu falo de São Paulo. Paola, mulher, que bom que você conseguiu largar o Beto, mas eu só fiquei pensando na senhorinha, na vizinha que foi te avisar, porque assim como eu, ela também deve amar uma fofoca, então ela tentou fazer parte do barraco, só que você… Eu entendo você não ter tido coragem de ir na hora que ela foi te avisar, só que eu só fiquei pensando: Será que ela conseguiu presenciar o barraco no dia que você pulou o muro, Paola? É só isso que eu queria saber. É… Um beijo e mais uma vez parabéns por ter conseguido sair desse relacionamento lixo. 

Assinante 2: Oi, sou a [Lya?], moro em Vitória, Espírito Santo. Paola, que história é essa mulher? Mas ainda bem que o que a sua vizinha falou deixou uma pulguinha atrás da sua orelha e você resolveu ir atrás, que, ó, muitas mulheres não acreditam e preferem evitar descobrir que são traídas e preferem acreditar nos homens. Que bom que você conseguiu se livrar desse embuste, né? Torcendo pra você ser feliz e é isso. E esse Amendoim, hein? Ele te dava as dicas, né? Vários sinais, mas… Não dava pra descobrir. Beijos, querida, fique bem.

Déia Freitas: Bom, então essa aí é a nossa história de hoje, um beijo. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.