Skip to main content

título: karen
data de publicação: 23/10/2021
quadro: amor nas redes
hashtag: #karen
personagens: karen

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Amor nas Redes, sua história contada aqui. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E cheguei para mais um Amor nas Redes junto com a Ipanema. — Gente, meu publi. — Dando sequência na campanha Ipanema Sempre Nova, hoje eu estou aqui para contar mais uma história onde dar o primeiro passo foi importante. Ipanema já contou a história de três brasileiras maravilhosas lá no Instagram da marca, o Instagram é: @sandaliasipanema. — Eu vou deixar aqui na descrição do episódio, tá? — Você encontra lá no insta as histórias da Marlene, interpretada pela Regina Casé, da Joelma contada pela arrasante Erika Januza e da Ero, vivida pela apresentadora e atriz Ana Clara Lima. 

E, por aqui, no meu podcast, você confere a segunda história da campanha. A primeira foi “Juliane”, é só voltar um pouco aqui no feed para ouvir. E hoje eu vou contar para vocês a história do primeiro passo da Karen. Bom, então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Karen desde muito pequena sempre teve aí umas questões com o cabelo. A mãe da Karen começou a alisar o cabelo da menina quando ela tinha ali por volta dos 10 anos. E assim ela foi crescendo… Ela não se reconhecia no espelho, não entendia porque tão nova ela tinha que fazer tanto procedimento no cabelo, mas ela olhava em volta e também as outras meninas estavam de cabelo liso. Então, sei lá, era meio que ok, né? Só que mesmo sendo ok, — Né? Todo mundo ali estava de cabelo liso. — a Karen se olhava no espelho com aquele cabelo alisado e as coisas não se encaixavam, parecia que faltava alguma coisa, sabe? Que ela não estava inteira ali. 

E tem gente que vai falar: “sei lá, é só cabelo, algo pequeno”, mas, gente, não é… — Para vocês terem uma ideia, a Karen não conseguia sorrir nas fotos por causa do cabelo. — E sempre foi uma tortura para ela.Aquele ritual mesmo do alisamento, e ela tinha um pouco de alergia progressiva e, ainda assim, ela fazia e tinha que fazer manutenção na raiz todo mês e ela sempre odiou escova e chapinha, mas mesmo com a progressiva, ela precisava fazer escova e chapinha porque só lavar o cabelo e deixar secar ao natural ele não ficava liso do jeito que ela foi crescendo e achando que tinha que ficar, né? — E, assim, gente… — A Karen perdeu muita coisa por conta do cabelo. 

Ela deixou de sair, de ir a vários compromissos porque o cabelo dela não estava arrumado. Ela deixou de ir a passeios da escola, tipo, parque aquático, qualquer coisa que envolvesse água porque ela tinha receio de entrar na piscina e depois sair com o cabelo molhado e o cabelo secar ao natural, né? E todo mundo achar o cabelo dela feio… E aí nessas ela deixava também, quando cresceu um pouco mais, de sair com a turma, ir para uma praia… — Por causa de cabelo. — E até namorados que a Karen teve, nunca viram ela com o cabelo sem estar arrumado. — Pensa, gente… — Todo dia era um evento para o cabelo estar, entre aspas, bom, né? Pra sair por aí e ela achar que estava lisinho, ok… 

E isso sempre foi muito doloroso. — Para a Karen, né? — Ela não se aceitava, ela não se reconhecia e ela não conseguia entender muito bem o que ela sentia. Só que crescendo, ela foi se ligando que, aquele cabelo liso não estava mais ok para ela, né? E ela fez uma primeira tentativa de mudança. Ela começou uma transição capilar. A passos lentos ali, mas foi fazendo. E essa transição durou um ano e meio, então o cabelo dela já estava grande ali, uma parte natural e uma parte alisada. Só que essa parte natural ela ainda fazia escova e chapinha, né? Só que quando ela estava prestes a cortar, ela mudou de emprego. 

E aí, na cabeça da Karen, o que fazia sentido para ela? “Poxa, ambiente novo, gente nova… Pra eu ser aceita, eu preciso estar de cabelo liso”. — “As pessoas só vão me aceitar se eu estiver de cabelo liso”. E aí o que ela fez? Ela pegou aquele um ano e meio de transição capilar, de cabelo natural, foi lá e fez progressiva de novo. Voltou a alisar o cabelo por causa do trabalho novo. E mais um tempo se passou, a Karen ainda infeliz com o cabelo, já arrependida de ter feito a progressiva de novo. E um belo dia, — De junho agora. — ela acordou e disse “chega”. “Chega, eu não vou mais ficar refém do cabelo liso, e eu quero dar um passo radical”. E aí era um dia de junho, um dia de domingo e ela ligou para uma amiga que ela sabia que ia apoiar ela em qualquer coisa que ela fizesse, porque era uma coisa radical. 

O cabelo dela estava comprido — E liso. — e tinha, sei lá, dois dedos de cabelo natural, tipo, só a raiz. E a ideia dela era o que? Cortar toda a parte alisada. — Toda. — E aí essa amiga deu uma força para ela, e ela ligou para o noivo para comunicar que ela ia cortar aquele cabelo imenso liso. — Que ela estava, né? Que era um cabelo alisado, cheio de química e tal. — E ele falou: “corta mesmo, se você não está se sentindo bem. Vamos lá, vamos cortar esse cabelo”. Só que era domingo e não tinha salão aberto, né? E o noivo dela falou: “não, o meu barbeiro está aberto, vamos lá, ele conta para você”. E assim a Karen foi até o barbeiro do noivo e cortou o cabelo. Cortou todo aquele cabelo cheio de procedimento, né? De progressiva e tal, que estava liso e ficou com o cabelo curtinho ali, tipo um dedo e meio de cabelo. 

E, cara, foi a melhor coisa que a Karen fez assim, ela diz que sem ser o fato de ser libertador, — Eu já cortei o cabelo curtinho também, e dá uma sensação muito boa assim, uma leveza… — ela, poxa, não pensou em ninguém… Foi uma coisa que ela decidiu fazer sozinha e que ela não estava nem aí mais pro que os outros iam dizer. Ela com o cabelo ali com um centímetro e meio, então bem curtinho. Isso desde junho para cá, e começou um processo de ela conhecer o cabelo novo dela, porque até então ela nunca teve só assim o cabelo natural, e descobrir como era aquele cabelinho. E ele está agora, ela me mandou foto, né? Tá, sei lá, com três dedos agora de cabelo, e aí ela está reconhecendo agora a textura do próprio cabelo, está conseguindo se arrumar legal com o cabelo curtinho. E tá outra. — Karen, assim, está outra. — 

E a Karen disse que cortar o cabelo, se livrar daquele cabelo liso que nunca foi dela, que ela nunca sentiu ali no corpo que era dela, foi assim o primeiro passo para a aceitação dela como mulher, né? Pra ela saber quem ela era de fato, como ela se sentia e ela não se arrepende. E ela está ótima, está linda. E ela queria compartilhar com a gente esse primeiro passo que foi muito, muito, muito importante na vida da Karen. Ai, gente, eu amei essa história, porque assim, — “Ah, história de cabelo.” — nunca é só cabelo, a gente sabe, né? 

[trilha] 

Assinante 1: Oi, Déia, aqui quem fala é a Maíra de Belo Horizonte, e eu estou emocionada de ouvir a história da Karen, porque é como se eu estivesse ouvindo a minha história de dez anos atrás, sabe? Não é nada fácil passar por esse processo de transição capilar, é como a Déia disse, uma história de cabelo nunca, nunca é só sobre cabelo, é muito mais do que isso. E esse processo requer paciência, requer muita coisa… Porque às vezes dá a impressão que era mais fácil do jeito que estava antes… Mas não é, não. [riso] E é muito maravilhoso a gente acordar e só passar um garfo no cabelo e já está pronto, sabe? E não depender mais, não precisar mais ficar queimando a cabeça, sabe? Eu espero, Karen, que a sua história encoraje e inspire outras pessoas a se encontrarem com seu cabelo, com a sua identidade e consigo mesmas. E muito obrigada por compartilhar com a gente. 

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, meu nome é Priscila, eu falo de Brasília. Karen, a sua história me arrepiou do começo ao fim, e eu fico muito emocionada quando escuto histórias e relatos de mulheres que deram esse grande passo. Esse grande primeiro passo que você deu pra uma aceitação e liberdade. É muito mais do que apenas um corte de cabelo, é muito mais do que cabelo, né? Eu também alisei o meu cabelo desde os meus 10 anos, até os 25 anos, há alguns anos me libertar disso, então eu sei que é uma jornada de autoconhecimento, sabe? É sobre ser você, mostrar para o mundo quem é você, é sobre se conhecer, se entender… Isso é incrível, então parabéns, arrasa, mulher. 

Déia Freitas: Então, Ipanema Sempre Nova quer inspirar você a dar aí esse primeiro passo. Eu vou deixar aqui na descrição o site da campanha, que é sandaliasipanema.com.br/semprenova, e o Insta é @sandaliasipanema. E tamo junto de novo Ipanema, um beijo grande e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Amor nas Redes é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.