título: banida
data de publicação: 21/09/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #banida
personagens: sabrina, cássia e marido de cássia
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E essa história ela poderia estar no quadro Meu Erro, que é um quadro que a gente tem, que é exclusivo para assinantes no nosso aplicativo exclusivo. Só que nesse caso, a moça da história, a Sabrina, ela não se arrepende do que ela fez e pediu para que essa história estivesse no Picolé de Limão. Então é por isso que ela está aqui. — Eu vou contar pra vocês a história da Sabrina. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Sabrina hoje está com 35 anos e ela tem uma irmã — que a gente vai chamar aqui de Cássia — que hoje tem 40 anos… E as duas sempre foram muito amigas, muito amigas mesmo. E aí, quando elas estavam ali com os seus 20 e poucos, a Cássia conheceu um cara. Conheceu um cara, começou a namorar com esse cara, noivou e casou com esse cara. [efeito sonoro de sino de igreja] E Cássia e Sabrina sempre muito, muito, muito, muito chegadas mesmo assim, né? Então, Cássia casou, foi ter a casa dela e tal, só que Sabrina não saía de lá. E Sabrina… — Porque aqui eu estou contando a história pelos olhos de Sabrina, que foi quem me escreveu. — E Sabrina disse que com o tempo ela foi percebendo que a afeição que ela tinha pelo cunhado era algo a mais, era diferente. E ela realmente não conseguia se controlar, assim… O que ela sentia pelo cunhado começou ali como uma paixão secreta, né? — Quer dizer, o cunhado não sabia de nada, né? — E ela foi desenvolvendo esse sentimento aí dentro dela pelo cunhado. E com muito conflito, porque amando a irmã…
Só que chegou uma hora que ela não conseguiu mais se conter e contou… — Até então eles não tinham tido nada, tá? E contou para esse cunhado, se declarou para o cunhado… — Dizendo: [efeito de voz fina] “Olha, eu sei que é errado, mas eu estou apaixonada por você” e enfim, se declarou ali pro cara. Pegou o cara de surpresa… Só que o cara começou a olhar Sabrina com outros olhos. Só que Sabrina falou: “Bom, eu não vou trair a minha irmã”, — porque esse cara chegou querendo ficar com ela, né? — [efeito de voz fina] “Se você realmente quiser ficar comigo, você tem que se divorciar da minha irmã”. E aí Sabrina foi e contou pra irmã tudo o que estava acontecendo. E a irmã ficou em choque… — Óbvio, né, gente? — Sua irmã chega em você e fala: “Olha, Cássia, eu me apaixonei pelo seu marido, conversei com ele, ele também está a fim de mim, eu falei pra ele se divorciar de você pra ficar comigo, porque eu não queria trair você, mas o que eu estou sentindo é um amor muito grande e, enfim, eu quero ficar com ele”.
Cássia pega de surpresa ali, ficou em choque, ficou mal e eles se separaram. — Por causa de Sabrina. — E, nesse meio tempo dessa separação, Cássia estava grávida. Então, a gente pode imaginar como foi aí essa gravidez para Cássia no meio desse turbilhão, né? E aí a família — tanto a família do cara quanto a família de Sabrina e Cássia — romperam com o casal. Então, eles foram banidos da família. — Eles foram banidos da família o casal, Sabrina e este cara. — Cássia teve o bebezinho com o acolhimento das duas famílias e depois de um tempo o cara passou a fazer visitas, enfim, né? — Porque o cara é o pai do bebê. — E nisso, gente, passou ali quase 15 anos. Chegamos a pandemia… O relacionamento do cara com o filho era meio conturbado, porque, assim, ele cresceu sabendo de tudo, né? — Que a mãe foi trocada pela tia e que a tia era mais nova e que, mesmo ela grávida, o cara meteu o pé e tal… Porque Cássia tentou, né? Quando descobriu que estava grávida, tentou ainda ficar com esse marido, só que ele já estava com a Sabrina, enfim… —
Só que agora na pandemia, este cara, marido de Sabrina, faleceu. Pegou Covid e, infelizmente, ele faleceu. E Sabrina desde então vem tentando se reaproximar da família. Ali os pais de Cássia e Sabrina e este menino, esse adolescente e tal e, Cássia, obviamente, eles não dão abertura nenhuma pra Sabrina. Ela acha, com toda a sinceridade, que ela não errou, que ela se apaixonou, que aconteceu, que os dois se gostaram e que mesmo sendo o marido da irmã, ela tinha direito de tentar ser feliz aí, de falar para a pessoa que ela ama que ela amava. Então Sabrina não acha que errou. Então, eu acho que aí fica mais difícil, né? De conseguir do outro lado um perdão, uma aproximação, enfim… A família prioriza Cássia, né? Os pais ali… — Porque Cássia realmente sofreu muito. E eu não vou entrar aqui, não vou contar… Eu sei muita coisa sobre a Cássia que a Sabrina me contou, mas eu me reservo aqui ao direito de não contar, não expor a Cássia em nenhum ponto, porque não foi a Cássia que me escreveu. Inclusive, eu falei para Sabrina, falei: “Você sabe que se fosse Cássia que tivesse escrito pra mim você não teria nem nome, né?”. —
Então, Sabrina tem consciência das coisas e sabe que que o jeito que ela agiu não é bem aceito e tal, mas ela acha que ela não errou. Então ela está em paz com a consciência dela. — Isso é importante também. — Só que a família não quer saber dela, não quer esse contato. Eles até se falam cordialmente, mas ela não é incluída nos rolês aí familiares mais, né? Eu, como uma pessoa que não perdoa, dificilmente perdoaria Sabrina. — Eu falei isso pra ela… — Mas existem pessoas que perdoam e tal, e é nisso que Sabrina tem esperança, né? De que a família a entenda e tal. E aí tem uma questão também, que foi o que o pai da Sabrina falou pra ela esses tempos, falou: “Olha, você só está procurando a gente de novo porque seu marido morreu, porque até então você nunca se interessou também em voltar para a família” e isso é um pouco verdade, porque Sabrina disse que, quando ele estava vivo, era mais inviável de voltar, porque a Cássia realmente não queria conviver e até o menino tinha suas questões com o pai, né? E agora que ele faleceu e que Sabrina passou esse luto sozinha e tal, ela viu o quanto é difícil ficar sozinha também, né? E aí ela queria voltar para o convívio da família.
Só que a família continua irredutível, assim… Até a mãe dela… Assim, ninguém aceita, porque foi muito, muito, muito, muito difícil para a Cássia. — Coisas que eu não vou abordar aqui, mas foi muito, muito difícil. — Ela escreveu pra gente, não queria que a história dela estivesse no quadro Meu Erro, queria que estivesse no Picolé de Limão, porque ela gostaria de entender por que ela não tem direito a ser perdoada. — E aí eu retornei a pergunta pra Sabrina: Por que a Cássia não tem direito a não querer conviver com você, né? Do mesmo jeito que a Sabrina acha que ela tem direito, a Cássia também tem direitos e ela pode escolher romper aí com uma pessoa da família. A gente já falou disso aqui, né? Se pra ela é melhor assim, né? Sabrina também tem que respeitar. — Então, eu acho que aí é uma situação que só o tempo, né? Por enquanto, a família realmente não quer incluir novamente Sabrina aí no rolê. E ela queria ouvir a opinião de vocês. Eu vou pedir muito, muito, muito, muito que vocês sejam amenos.
A gente não está aqui pra atacar a Sabrina, ela sabe que o que ela fez não foi bem visto, mas ela não acha que errou. Então, a gente não tá aqui pra falar se ela errou ou não errou porque ela não acha que errou. Então, o que a Sabrina queria saber era sobre isso, sobre perdão e sobre quando uma pessoa erra, aos olhos da sociedade, ela não tem direito de voltar e ser perdoado? [miados ao fundo] — Coentro Nenê tá gritando aqui que não. [risos] Eu vou ficar quieta… Por mim vocês já sabem, né? —
[trilha]Assinante 1: Oi, gente… Cheguei. Aqui quem fala é o Renato, eu falo de Santa Bárbara d’Oeste, São Paulo. Na minha opinião, Sabrina não está errada porque é uma coisa que eu sempre combinei com o meu namorado, igual, por exemplo, é que caso um dia a gente se apaixone por outra pessoa ou coisa do tipo, a gente chegue no outro e converse, sabe? Fale: “Ai, eu tô gostando de outra pessoa”. A gente termina, dá um tempo, não sei o que aconteceria aí, né? Mas é isso, sabe? O fato dela não ter traído a irmã dela e ela ter contado tudo antes, sabe? Pra entrar em termos… Pra mim tá certo, sabe? É o que a pessoa realmente tem que fazer, porque pra mim o errado é você trair outra pessoa, mas você se apaixonar não é uma coisa que a gente consegue controlar. Mas agora, da irmã dela perdoar ela ou não, a gente não pode fazer nada, porque ela tem o direito de ter o marido da irmã, mas a irmã tem o direito de não perdoar ela também, já que ela também sofreu bastante, né? Inclusive tem um caso parecido com a minha mãe. Teve problemas de ser mãe solteira e eu sei que é muito difícil… Então é isso? Obrigado.
Assinante 2: Oi, pessoal, meu nome é Bruna, eu falo de Araçatuba, interior de São Paulo. Eu acho que sua irmã tem total direito de não querer conviver com você ou de querer você próximo, porque você precisa olhar o lado dela, né? Você só está olhando para o seu próprio lado. Você está sendo egocêntrica, me desculpe a palavra, mas você tem que olhar pro lado do outro também, com compaixão, com amor. Como você quer se aproximar da sua família, da sua irmã se você não quer pedir uma desculpa, um perdão? Eu acho que você devia procurar uma ajuda, um psicólogo, sabe? Pra te ajudar a entender tudo isso, todo esse sentimento e até mesmo para você se entender, pra se aproximar da sua família, da sua irmã, tá? Um beijo e se cuida.
[trilha]Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo e até breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]