Skip to main content

título: corno
data de publicação: 16/01/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #corno
personagens: dona cida e antônio

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não tô sozinha, meu publiii. — [efeito sonoro de crianças contentes] E quem tá aqui hoje comigo é a Hidrabene… — Nossa super amiga de sempre. — O verão já chegou e com ele chegou a campanha Verão Tá On com Hidrabene. São 20% de desconto em produtos selecionados e mais 10% off com nosso cupom PICOLE10. E no Verão Tá On com Hidrabene todos os protetores solares estão em promoção pra você caprichar aí na proteção nesse verão. Olha, o nosso kit PôneiBene — vocês conhecem nosso kit PôneiBene? Vende super bem, é sucesso — também tá com 20% de desconto, além aí dos outros kits do site que também tem desconto. 


Gente, a Hidrabene te ajuda a cuidar da pele nesse verão. Mas ó, vou repetir: Além dos 20% de desconto nos produtos selecionados, você ganha ainda mais 10% off usando o nosso cupom PICOLE10. Eu vou deixar o link aqui na descrição do episódio: hidrabene.com.br, clica aqui no nosso link, tá? E hoje eu vou contar pra vocês a história da dona Cida. Quem me escreve é a sua filha Lidiane. — A Lidiane hoje tem 52 anos, então essa história tem muito, muito tempo… É a história de como a mãe dela, dona Cida, conheceu o pai da Lidiane. — Então vamos lá, vamos de história. 


[trilha]


Dona Cida teve uma infância muito sofrida — era só ela e a mãe — e, com muito, muito esforço, ela conseguiu uma casinha numa comunidade. — Uma casinha de madeira mesmo, um barraco. — Quando a dona Cida estava ali com 17 anos, a mãe teve uma doença pulmonar que até hoje não se sabe o que era e faleceu. E aí, dona Cida ficou sozinha na casinha e tinha um homem que trabalhava, que morava ali pelo bairro — ela não sabia em qual casa — e que passava pra trabalhar em frente ali a casinha de dona Cida e começou a paquerar ali dona Cida. Dona Cida que na época tinha 17 anos, sozinha, lavando roupa pra fora pra poder se manter e ter o que comer ali, retribuiu — aí o flerte desse cara — e eles começaram a namorar. E logo esse cara se mudou ali para a casinha de dona Cida…


Ele trabalhava e assim que ele mudou para lá ele proibiu a dona Cida de lavar roupa para fora. — Porque ele não queria que ela tivesse contato com as pessoas. — Então era ele que dava dinheiro ali pra ela comprar as coisas e ele dava muito pouco dinheiro… Ele foi se mostrando um homem meio violento e muito avarento também. Então, se dona Cida, na época com 17 anos já comia mal pela questão da miséria de onde ela vivia e tal, com ele as coisas pioraram. [efeito sonoro de tensão] Só que era uma época que a mulher ainda tinha menos força, então ela não conseguia, por exemplo, falar para ele, ir embora, tocar ele dali… Ela não tinha forças pra isso, então ela foi levando… E assim ela engravidou do primeiro filho. — Teve um filho… A Lidiane é a filha do meio. — E teve mais uma depois da Lidiane. — E sempre assim, passando fome, gente… Porque esse cara não dava nada. –

Só que a partir do momento que ela viu que os três filhos estavam realmente passando muita fome, Dona Cida começou a lavar roupa pra fora escondido. Então, assim que essa criatura saía para trabalhar, ela ia nas casas — ela avisava que tinha que ser escondido, todo mundo sabia da fama de valentão do marido dela — e aí ela falava que tinha que ser escondido… Só que ela pedia as roupas pra lavar, o pessoal dava e, assim, com esse dinheiro — das roupas que ela lavava na parte da manhã e no começo da tarde antes do marido dela voltar do trabalho — é que ela dava comida para as crianças. E como que era isso? O cara ele era ruim mesmo… Então, não é que ele não tinha dinheiro para comida, ele não queria dar comida para os filhos. Então, às vezes ele levava um pão… — Um pão francês, um pãozinho para dividir pra ela e os três filhos. —


E ele não aceitava que tivesse outra comida em casa. — Então, o que ela tinha que fazer? Conforme ela recebia o dinheirinho das roupas lavadas, ela tinha que comprar um pouquinho de arroz, pouquinho de feijão, enfim, fazer e eles já todos comerem e ela lavar as panelas, não ter nenhum vestígio de comida, porque ele queria realmente que eles passassem fome. Um dia ela estava lavando roupa e algumas pessoas sabiam que só podia ir lá pra levar as roupas quando ele não tivesse… E aí chegou um cara lá que era primo de uma amiga — da dona Cida — e ele estava levando algumas roupas pra lavar. E era um cara muito bonito… [risos] Dona Cida viu aquele cara bonito, aquele cara bonito ficou olhando pra ela e já sabia mais ou menos da história dela, né? Falou: “Mas que é esse seu marido? Por que ela não dá comida pra você? Ficou ali perguntando”, né? —Gente, acreditem ou não… — Dona Cida começou a ter um caso com este homem. — Não ali na casa, porque ela tinha uns três filhos ali. —


Essa amiga dela que era parente aí desse moço, — que a gente pode chamar aqui de “seu Antônio”, eles eram novos ainda, né? Cida e Antônio. — ia lá, ficava com as crianças e a Cida saía aí com esse rapaz. E esse rapaz se apaixonou… — Antônio se apaixonou por Cida, se apaixonou real. — E começou a falar pra Cida que ela tinha que se livrar daquele homem, daquele corno. [risos] E o corno não dava comida, não dava nada em casa, enfim, tratava ela mal, tratava as crianças mal, enfim… — Um peso na terra, né? Peso morto na terra. — E aí, dona Cida não sabia como botar aquele corno para fora. Ela ali já estava uns três, quatro meses de namoro com Antônio e o que ele resolveu fazer? O Antônio. O Antônio [risos] [efeito sonoro de tensão] resolveu num dia após o almoço, levar todas as coisas dele pra casinha de dona Cida, fez a mala com as coisas do marido de dona Cida… — Marido juntado. Naquela época eles nem casaram no papel, nada… — E aí, quando o corno [risos] chegou, ele encontrou o António lá, sentado na mesa da cozinha e ele falou: [efeito de voz grossa] “Quem é você na minha casa?”, ele falou: “Não, aqui não é a sua casa, aqui é a minha casa” e sacou um facão. [efeito sonoro de lâmina sendo afiada] 


E aí o marido, até então marido de dona Cida, resolveu reconsiderar, [risos] pegou a malinha dele e foi embora. E aí António disse pra ele que era para ele ir embora do bairro… E que era bom, talvez, até da cidade, porque Antônio diz que andava muito e estava sempre com o facão. E aí esse homem foi embora, as crianças eram pequenas, né? E aí Antônio trabalhava e a Cida passou a lavar roupa pra fora de maneira, assim, a hora que ela quisesse, do jeito que ela quisesse… E eles foram progredindo, foram reformando ali a casinha, foram criando as crianças, os três filhos… Era uma época que era difícil até pra você se era muito pobre fazer registro das crianças e tal… E ela conseguiu tirar os registros, saiu com o nome do corno como pai, mas quem era pai mesmo era o Antônio. E, quando as crianças já estavam crescidas, já estavam adultas, trabalhando também, todo mundo ajudando em casa, o Antônio, infelizmente, teve um infarto aí e faleceu… Mas ele chegou num momento ali da vida da Cida que ela não ia conseguir sair daquele relacionamento sozinha de jeito nenhum. E ele resolveu fazer isso aí… — Que a gente sabe que não é certo, né? — 


Botou o cara pra correr com um facão, ameaçou realmente o cara de morte, né? E ainda bem que o cara foi embora sem conflitos maiores, porque esse tipo de valentão também só e valentão com mulher e criança, né? Então deu certo. Não foi a situação ideal, foi uma situação de violência também, mas que deu resultado. Lidiane tem pouquíssimas lembranças do pai, mas uma lembrança que ela tem — daquele corno — é dele chupando laranja sem dar para as crianças… — Na frente das crianças… — Elas todas com vontade. Não podia chorar, não podia pedir… E eles chupando laranja. Tanto que quando o Antônio foi morar lá, a primeira coisa que Lidiane pediu para ele foi uma laranja. E aí ele foi lá, comprou um saco de laranja, as crianças se esbaldaram de chupar laranja e tal. Mas você vê? A lembrança que ela tem do corno do pai dela é essa aí, dele fazendo vontade para as crianças e comendo as coisas na frente das crianças e não dando, real assim… — Uma coisa muito triste, né? — 


Não deixando nem as crianças pegarem o bagaço daquela laranja que ele chupou pra comer. Nem isso… Ele botava no lixo, num saco e botava lá fora na rua e não deixava nem as crianças pegarem os restos dele, que elas queriam real. Então, olha que lembrança, né? Eu sei que é errado o que o Antônio fez, de ameaçar com o facão, mas achei que foi pouco… Achei que foi pouco também que dona Cida meteu os corno nessa criatura. Então é isso… Mais uma história aí de zona cinza, onde eu fiquei realmente do lado de dona Cida, do começo ao final. Inclusive, quando ela botou corno nele, achei que mereceu… Não vou aqui falar que não, ser hipócrita, né? E é isso, né? É isso… Parabéns aí, Antônio, pelo facão. — Tudo errado, [risos] tudo errado, mas aí deu resultado. — É isso…


[trilha]


Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Samantha de Curitiba. E essa história me fez rir e ficar com muito ódio também. Mas teve redenção e um final feliz, né? Eu sinto muito que essas crianças tenham passado por tudo isso, tiveram essa figura horrorosa aí como pai, entre mil aspas, né? Na primeira infância. Mas fico feliz que o Antônio tenha dado um jeito, ainda que por um meio questionável, né? Digamos assim… Mas quem sou eu pra julgá—lo. Não estou julgando porque esse corno aí merecia, né? Então foi bom que Antônio pegou esse facão aí, mandou esse corno correr e conseguiu aí dar uma vida mais tranquila e com possibilidades pra essas crianças. Que bom que tudo ficou bem… É isso, esse é o retrato da nossa sociedade, né? Tem muita gente ruim nesse mundo e eu tenho certeza que o karma vem e eles vão pagar… Disso eu não tenho dúvida. Um beijo, gente.


Assinante 2: Oi, Déia, Oi, Não Inviabilizers, aqui é a Isabela de Goiania. Pra mim não é uma zona cinza, porque não é possível que alguém ache que o seu Antônio tá errado. Mas se houver alguém que ache isso, meu pano é azul com glitter pra ele. Assim, ninguém tem dó de corno e desse corno aqui não tem que ter dó, não. Eu fico feliz pelas crianças terem tido a oportunidade de ter o seu Antônio de pai, né? E feliz da vida deles terem melhorado… Finalmente um bom desfecho pra essa história, fiquei muito feliz por isso. E é isso… O outro lá não quero nem saber. Beijo.


[trilha]  


Déia Freitas: Então é isso, gente, foca aqui na campanha Verão Tá On com Hidrabene, são 20% de desconto em produtos selecionados e usando nosso cupom PICOLE10 você ganha mais 10% de desconto. — Amo o kit PôneiBene. — Passa lá na Hidrabene pra dar uma olhada no nosso kit e clica aqui no link que tá na descrição agora e já garante aí seus produtinhos sensacionais pra curtir o verão. Hidrabene.com.br. — Hidrabene a marca cor de rosinha que eu amo… — Um beijo, gente, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]

E pra você que ficou aqui depois da vinheta, a gente sabe como é bairro, né? E comunidade, as casinhas todos ali uma da outra… A maioria das pessoas ali daquela rua, daquele entorno, sabiam do caso entre Cida e Antônio e as pessoas torciam pra que eles ficassem juntos e riam do corno nas costas do corno, porque todo mundo sabia o quanto ele era ruim e todo mundo torceu naquele bairro pra ele se ferrar. Então, se todo um bairro estava contra esse corno, não sou eu que vou aqui dizer “ah, coitado… coitado do cara”. [risos] Bom, é isso, bem feito, achei que foi pouco. Um beijo a todos. Paz.

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.