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título: lua de melda
data de publicação: 06/03/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #melda
personagens: lúcio e uma moça

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje eu vou contar pra vocês a história do Lúcio. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]


O Lúcio, ele conheceu uma moça, ele ali com 26 anos, a moça com 25 e eles se conheceram, se apaixonaram, namoraram aí por dois anos — então até o Lúcio ter ali os seus 28 — e resolveram se casar. E aí duas famílias festeiras, assim, eles resolveram fazer uma grande festa de casamento, deu tudo certo — foi uma festa linda — e eles ganharam ali dos pais, sogros, dos dois casais, uma viagem de lua de mel em um cruzeiro. Então seriam ali 12 dias num navio e nã nã nã, felizinho… Foram lá, foram passear, fazer ai esse cruzeiro. — E, gente, foi tudo maravilhoso… Eu nunca estive em um navio, provavelmente jamais estarei, que é uma coisa que tenho pavor, mas pra quem curte, quem vai, quem faz cruzeiro ama, porque tem tudo, né? Dentro do navio. Mesmo porque você não vai achar [risos] coisinhas no mar, né? Está tudo lá dentro do navio. —


E aí foi uma lua de mel perfeita… O navio era maravilhoso, a cabine que eles ficaram não era tão pop assim, era mais chique. Então, assim, foi muito legal… Foi a viagem dos sonhos. Então o casamento começou bem, né? Lua de mel já nesse navio. Aí na volta, passado ali mais ou menos um mês e meio, a esposa de Lúcio começou aí a sentir meio que uma azia, uma coisa… Foi até um médico e descobriu que estava grávida. — Gente, que felicidade… — [música feliz] Era tudo que eles queriam. Assim, casamentinho perfeito, lua de mel perfeita, agora um bebezinho a caminho… Tudo muito lindo, tudo muito perfeito. E aí eles foram fazendo tudo o que casal faz ali, o pré natal e nã nã nã, os cursos que tem que fazer e nã nã nã, e faz quartinho e isso e aquilo… Não fizeram chá revelação, ainda bem. [risos]


E aí descobriram ali que o bebezinho seria menino, e todo mundo muito feliz, “vai nascer” e nã nã nã, “vai nascer”… O Lúcio falou: “Casamento dos sonhos, tudo muito perfeito mesmo”. Chegando ali perto do nascimento — tinha sido combinado um parto humanizado e nã nã nã, tinha uma senhora ali que seria uma doula ali pra acompanhar o parto e nã nã nã — o Lúcio ficou um pouco assustado porque, poxa, não era uma coisa que ele estava acostumado e tal, mas vamo que vamo, né? “Vai ser aí o parto do jeito que a minha esposa quer”. — E aí aqui, um capítulo à parte, [risos] o Lúcio contando o parto… Gente, eu tenho as minhas questões com essa coisa de parto, assim, eu tenho muita, muita aflição… A palavra certa é aflição dessas coisinhas de parto, assim. Então, quando me falam que vai ser na água, pra mim já piora 200%, sabe? [risos] Até pra algumas amigas eu falo: “Gente, se vocês forem fazer parto na água, não me chama… Não me chama que eu vou ser a pessoa que vai desmaiar, que vai passar mal. Então não dá pra mim”. —


E aí ele falou que ele ficou muito chocado com tudo, assim… Ele ficou ali, apoiou, ficou junto, abraçou… Não quis entrar na água junto. — Eu também não entraria, desculpa, gente, não entraria. — Mas ficou ali pelo lado de fora ali, pela borda lá do negócio, enfim, deu tudo certo, foi tudo lindo, [efeito sonoro de bebê chorando] nasceu o bebezinho… E aí fizeram o que tinham que fazer, né? Limparam lá e tal o bebezinho, enrolaram e entregaram pra eles, né? E aí, gente… Lúcio olhou o bebezinho e falou: “Ué, mas tá estranho esse bebezinho, né? Mas tudo bem, é o meu filho, o meu filho… Bebezinho. Bebezinho”. E aí o pessoal estava esperando na sala… E aí foram levar o bebezinho na sala, estava todo mundo muito empolgado, tinham umas amigas do casal, tinham os avós ali, né? E aí, quando chega o bebezinho, um silencio… “Bebêzinho… Bebezinho, né?”. 


E aí a moça já estava ali porque foram, deram um banho nela e tal, tem tipo um relaxamento e nã nã nã, ela já estava tensa… Ela não estava a pessoa relaxada como ela devia estar. Ela já estava tensa… E aí ela pediu pro pessoal sair que ela queria conversar com o Lúcio. E aí o Lúcio ainda estava meio em choque do parto mesmo, né? Das coisas que ele tinha visto, enfim… E tava ali feliz que agora ele era pai, né? E aí a moça virou pra ele e falou assim: [música de suspense] “Olha, eu preciso te contar uma coisa… Eu não pensei que fosse provável, mas aconteceu”… O que aconteceu? Essa moça, durante a Lua de Mel no navio conheceu um cara… — Ela conheceu um cara no navio… — E aí, assim, o navio, como eu falei, tinha várias coisas pra se fazer… Então, às vezes o Lúcio ia fazer alguma coisa que não era junto com ela. — 


Ela acabou conhecendo um cara no navio, ali pelo quinto dia de viagem e ela transou algumas vezes com esse cara na Lua de Mel deles. E ela pensou que, sei lá, por ser esporádico, ela não ia engravidar. — Gente, precisa só uma vez… Às vezes nem uma vez completa pra engravidar, ok? — E essa moça, em vez de engravidar do Lúcio na Lua de Mel, engravidou de um completo desconhecido que ela não sabia nem o nome — Porque o inglês ali estava ruim e tal — e mal sabia de onde ele era. E o bebezinho era fruto aí dessa pulada de cerca do navio. O Lúcio, que já estava meio impressionado com a coisa do parto, passou mal… — Mal real… — Precisou ser hospitalizado. E aí ela resolveu abrir essa história ali pra quem estava na sala ali, né? Com o bebê e tal, as pessoas ficaram chocadas, mas ninguém fez barraco, nada, né, gente? Porque já tinha acontecido, né? E não tinha como… Não tinha como, gente… Não tinha como… O bebezinho era muito diferente do Lúcio. 


E aí o Lúcio disse que tentou ficar com ela, mas não conseguiu. E ele acha que mais porque, assim… Porque a lua de mel pra ele foi perfeita, assim, ele não conseguia pensar que lá estava tudo perfeito e quando ele estava, sei lá, passeando em alguma outra parte do navio, ela estava transando com outro cara. Então foi mais isso que pegou, porque falou: “Andréia, por mim, se fosse uma outra circunstância, sei lá, se ela tivesse me contado, eu até conseguiria criar o bebezinho. Acho…” — Hipoteticamente, assim. — “Mas saber que a gente estava ali, a gente estava trocando juras de amor e ela estava saindo com um total desconhecido nas minhas costas ali… Às vezes minutos antes de eu chegar… Não deu para mim”. E aí eles se separaram, né? — Foi traumático pras duas famílias e tal. E pra ela também não foi fácil, né? Porque o julgamento vem… —


E olha que mais louco isso, eles se separaram e tal, cada um seguiu sua vida e, através de um trabalho de investigação, chegaram no pai da criança. Chegaram até o pai da criança, o pai da criança, veio para o Brasil, fez DNA… O filho realmente era dele, o bebezinho dele e ele agora mora no Brasil. Não mora com a moça, eles ficaram um tempinho só juntos, não deu certo também, mas ele mora no Brasil atualmente e fica com a criança a cada 15 dias. Normal assim, sabe?  — O cara veio morar no Brasil por causa do filho. — O Lúcio sabe disso via Instagram, porque às vezes ela faz posts e tal e ele dá uma espiadinha vez ou outra. Agora ele já namora, tá namorando outra moça, mas o trauma ficou, né, gente? O trauma fica… — [risos] Juntar os dois traumas que foi ver o parto que, ah, gente, nem todo mundo leva assim de boa, né? Não fica impressionado com o sangue, com os fluidos, com a placenta, essas coisas… Eu fico, gente, pra mim não dá, meu limite é aí, entendeu? E ele tava já impressionado com isso, aí depois que ficou sabendo que era corno, tudo na mesma hora… [risos] Foi muito pro Lúcio, ele ficou muito abalado. [risos] Compreensível, né? —


E essa é a história do Lúcio, não teve violência nenhuma… Sabe? Isso é o mais importante, gente… Eu sempre falo aqui, principalmente para os homens… Foi corno? É coisa da vida, segue a sua vida, acha outra moça, acha outro moço, não aja com violência. Essa é uma hora que você tem que, sabe? Ali na hora você não vai dar risada, chora, vai pra a casa de um parente, pra casa um amigo… Faz que nem o Lúcio, se interna. [risos] Qualquer coisa, gente, mas não aja com violência, é muito importante isso. Tenha calma, porque um dia todo mundo vai ser corno, essa é real. Leva aí numa boa. 


[trilha]

Assinante 1: Oi, Lúcio, oi, Déia, oi, Inviabilizers, aqui é a Aline de Vila Velha, no Espírito Santo. Inacreditável, né? Como essas coisas podem acontecer. Concordo com a Déia, parabéns com sua reação a tudo… Uma reação de paz, uma reação tranquila. Ela fez as escolhas dela, você não é obrigado a arcar com elas. Eu aconselho uma terapia para esquecer esses traumas com o parto, mas acima de tudo, que você possa reconstruir a sua vida, livre de qualquer trauma para voltar a amar. E é isso, e a sua ex que ela lide com as consequências da vida dela. Fique em paz e boa sorte na vida, viu? 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, eu sou a Carol, falo de Santos. Queria mandar um abraço pro Lúcia. [riso] Um trauma em cima de trauma em cima de trauma, mas como a Déia sempre fala: dor de amor passa, espero que você esteja bem assistido aí psicologicamente, sua família e amigos todo mundo te dando apoio, porque realmente a gente às vezes leva um chifre e não é fácil… Levar um chifre e depois um parto de um bebezinho que nem é seu, imagino que seja muito mais difícil. Fico feliz que você tenha conseguido superar, já está namorando e tudo… Aquela curiosidadezinha sempre bate, né? Pra saber como está o ex, mas que bom que você conseguiu seguir sua vida e bola pra frente, que você seja muito feliz com sua nova namorada ou com quem quer que seja, até sozinho. Um abraço pra todo mundo. 

[trilha]

Déia Freitas: Então, essa é a história do Lúcio, comentem lá no nosso grupo do Telegram. Sejam gentis com o Lúcio, ele é um cara muito gente boa. E é isso, gente, um beijo e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.