título: sobremesa
data de publicação: 28/07/2020
quadro: picolé de limão com groselha – especial dia dos namorados
hashtag: #sobremesa
personagens: bruno, fábio e manobrista
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Voltei para mais uma história do nosso Especial – Dia dos Namorados, confesso que essa história foi a que me revoltou mais, pela cara de pau da pessoa, sabe? Mas vamos lá.
Contar para vocês a história do Bruno e do Fábio, quem me escreveu foi o Bruno. O Bruno e o Fábio namoravam há CINCO anos, cinco anos, e assim, né… Todo relacionamento mais longo tem essas briguinhas, essas coisinhas, mas nada é grave, né, um relacionamento excelente dos dois, um casal, assim, maravilhoso. Tudo muito perfeitinho, muito certinho… E todo ano no Dia dos Namorados, o Bruno e o Fábio eles iam num restaurante super chique e comiam sempre a mesma sobremesa, de quando eles se conheceram, aquela coisa romântica, né.
E mais um ano, mais um dia dos namorados e mais uma vez eles foram no restaurante lá que eles iam sempre, restaurante mega, mega chique mesmo, com manobrista, aqueles caras lá do valet. Então você chega, dá a chave do carro e já era. E eles chegaram, né, quem dirigia era o Fábio. E o Fábio deu a chave na mão do manobrista — e detalhe, sempre que eles viam um cara bonito e tal, eles comentavam: “nossa, né, bonito e tal”, mas não era uma paquera, nem era uma abertura para que um dos dois tivesse alguma coisa com a pessoa, era simplesmente, assim, admirando a beleza de um outro ser humano. E o relacionamento deles não era um relacionamento aberto, era um namoro fechado.
Tudo perfeito no jantar, comida muito boa, só que, assim, a sobremesa que eles escolhiam o Bruno pediu para eu não dar o nome porque é capaz que identifiquem o restaurante, sei lá… Porque a história meio que deu uma complicada no final, né? Era uma sobremesa que demorava, então você terminava ali de comer, você pedia e demorava ali uns 20 minutos, meia hora, até vir a sobremesa, ainda mais Dia dos Namorados, né, restaurante chique, cheio.
E eles sempre trocavam presentes depois, quando eles chegavam em casa. Eles trocavam presentes de Dia dos Namorados. Neste Dia dos Namorados específico, o Fábio falou: “olha, eu vou buscar o seu presente no carro e eu já volto”, e ele foi até o carro e nada do Fábio voltar, nada do Fábio voltar, nada do Fábio voltar… Ele foi sem o celular, deixou o celular ali em cima da mesa e não voltava. Quando ele voltou a sobremesa já tinha chegado, e o Bruno ficou sem jeito de sair atrás do Fábio, com certeza o restaurante ia falar: “ué, eles não vão pagar a conta?”, né? Então ele ficou ali esperando.
Eis que volta o Fábio. E o Fábio voltou com o cabelo todo descabelado, assim, voltou bem descabelado, bem esquisito, meio vermelho, sentou e falou: “ai, nossa, procurei seu presente no carro e não achei” — primeiro que um, né, se você compra um presente você não sabe se tá no carro, ou se não tá no carro? —, foi bem estranho. E depois, ele estava com um paletó, assim, do terno azul marinho, meio assim de lãzinha, porque era um Dia dos Namorados que estava frio. E o Bruno notou umas manchas brancas no paletó dele — e assim, um pouco estranho, né, sei lá? Será que comeu panacota? [risos] Isso eu que estou falando, tá, gente? Foi lá fora comer manjar branco, quê que isso? Tomou leite? — não, ele só achou estranho as manchas, estava cabreiro, cabreiríssimo, comeu a sobremesa que nem sentiu o gosto, mas assim, com a pulga atrás da orelha achando tudo muito estranho.
Aí eles pagaram a conta, como sempre eles racharam a conta ali, pagaram, e foram esperar o carro. E aquela coisa de novo, Dia dos Namorados, restaurante mais cheio, o carro demorando para vir, o Fábio falou: “olha, eu acho que é mais fácil eu ir ali no estacionamento — que era do lado — pegar o carro, você fica aqui”, aí ele falou: “eu vou junto”, ele falou: “não, fica aqui, tá frio. Aqui tem o toldozinho, você fica aqui quentinho, eu vou lá pego e já venho”.
Gente, enquanto o Fábio foi lá buscar o carro, o Bruno resolveu ir atrás… Quando ele chegou no estacionamento que era, assim, do lado mesmo, do lado do restaurante, mas você tinha que andar, virar e entrar na entrada do estacionamento… Ele pegou o Fábio beijando aquele cara lá, o bonito, o manobrista bonito que tinha recebido eles na chegada.
E aí a confusão estava feita, o Bruno pegou, tinha tipo um cone, mas não era um cone, era uma placa lá de sinalização com preço do estacionamento e martelou o carro todinho, gritou, pediu para chamar gerente. Provavelmente, o manobrista foi mandado embora, né, e veio polícia, veio tudo. E aí ele foi pegar as coisas dentro do carro porque ele tinha deixado ali a pasta dele do trabalho e tal dentro do carro, foi pegar para ir pra delegacia porque eles iam fazer B.O., uma confusão.
E aí ele falou que ele sentiu, o carro estava assim, cheirando sexo mesmo, aí ele teve certeza, quando ele viu na roupa do Fábio ele achou que fosse esperma, mas não tinha como, né? Não tinha e nem cabia a situação ali no tipo “ah, não, o meu namorado, quase marido, jamais me trairia no Dia dos Namorados enquanto eu tô aqui esperando a sobremesa”, ele achou que era tudo tão sórdido que só podia ser coisa na cabeça dele, né?
E não era, ele falou que realmente rolou porque aí eles tiveram que fazer o B.O. e o Fábio falou lá para o delegado que tinha realmente transado com o manobrista, não quis dar queixa em relação ao carro… O Bruno escapou dessa, porque podia realmente ter assinado ali um termo circunstanciado, tipo, não deu nada, mas foi um barraco na frente do restaurante chique, não na frente, né, dentro do estacionamento ali, mas pelo barulho, ele quebrando o carro deu para ouvir, veio polícia, enfim…
E aí o namoro dele acabou, e passado uns dias o Fábio teve a cara de pau de escrever um texto dizendo que sempre foi um excelente namorado e que agora o relacionamento deles tinha terminado de uma forma violenta, e todo mundo achando que ele tinha tipo apanhado do Bruno, e o Bruno não encostou nele, só destruiu o carro. E aí o Bruno foi lá, pegou o texto dele, fez outro texto em cima e contou para todo mundo que enquanto ele estava lá esperando a sobremesa tradicional de todo ano de Dia dos Namorados, o Fábio estava no estacionamento transando com o manobrista e não se deu nem ao trabalho de se limpar direito para voltar para mesa, e aquele auê, né, gente?
Então, mesmo eu omitindo os nomes e tal, o Bruno acha que quem sabe da história vai saber e ele tá pouco se importando porque ele quer mais que o Fábio faleça [risos], palavras dele. Não, não, a gente não espera que ninguém faleça, né? É o modo de dizer, inclusive, do Bruno… Ele não quer de verdade — espero, né, Bruno? — que o Fábio faleça, mas é muita cara de pau, né. É muita cara de pau, o cara voltar para sobremesa, acabou de transar no estacionamento, sabe? Deixou seu namorado, Dia dos Namorados… Ô gente, sabe, sossega o peru um pouco, a periquita um pouco, no Dia dos Namorado, sabe? Ai, inaceitável.
Fábio, a gente já te odeia. E é isso gente e, assim, essa seria a última história do nosso combozinho de Especial – Dia dos Namorados, mas quando eu estava resumindo essas histórias lá no Twitter, entrou uma moça nas minhas mensagens dizendo que ela tinha acabado de furar quarentena, era Dia dos Namorados, né? E tinha acabado de pegar o namorado dela de anos morando com outra. Então eu fiquei aguardando para ver se ela ia me escrever, porque ela estava muito abalada e ela me escreveu, então tô terminando agora de fazer um roteirinho aqui da história dela e já vou incluir no nosso combo Especial – Dia dos Namorados, vai ser a última história desse nosso combo. Então, um beijo e daqui a pouco eu volto, mais beijo.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]