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título: queijo e vinho
data de publicação: 28/07/2020
quadro: picolé de limão com groselha – especial dia dos namorados
hashtag: #queijoevinho
personagens: natália e sérgio

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei para nossa última história do nosso combo Especial – Dia dos Namorados, estou eu e Coentro Nenê aqui, né, Nenê? E essa história, é uma história inesperada, né, o nosso pacotinho de história de Dia dos Namorados acabava na história anterior, mas enquanto eu estava resumindo as histórias lá no Twitter, uma moça me escreveu, e ela estava mal porque ela estava voltando para casa, era Dia dos Namorados, né, e ela estava voltando de ônibus de um estado para outro estado, para casa dela. Porque ela tinha ido visitar o namorado dela e tinha dado ruim, então eu falei: “bom, se você quiser me escrever, eu sei que a ferida está aberta, talvez você não queira me escrever agora”, mas ela quis, então vamos lá à história dela.

A história da Natália e do Sérgio. A Natália e o Sérgio eles se conheceram há dois anos e eles moravam na mesma cidade, eles moravam na cidade dela, no estado dela, né, no Rio de Janeiro, e trabalhavam no Rio. E o Sérgio foi transferido para Minas Gerais, para Belo Horizonte. Então, aí o namoro que tinha começado no Rio de Janeiro ficou um pouco mais complicado porque agora ou ela viajava para lá de final de semana, ou ele ia para o Rio de Janeiro. E não dava para ir sempre, então eles se viam dois finais de semana por mês, um sim e um não, então ele ia um pro Rio e ela ia um para Minas.

E se falavam todo dia, né, faziam FaceTime e tudo certo, assim, o namoro. Ela falou que não tinha nada de errado, assim, tudo muito bom, tudo muito certo. Aí chegou o carnaval, carnaval eles passaram juntos, né? Passaram juntos no Rio de Janeiro também deu tudo certo. E logo depois, quando eles iam se encontrar novamente rolou o lance do coronavírus, então todo mundo entrou em quarentena. Janeiro e fevereiro ela não tinha ido para Minas, era só o Sérgio que estava indo para o Rio porque já era época de carnaval, já tinha bloquinho desde janeiro, então eles estavam meio que já curtindo, né? 

E tudo corria às mil maravilhas, entramos em quarentena. Eles começaram a se falar somente por FaceTime nos primeiros dias e depois só por mensagem. O Sérgio falou que o telefone dele estava com problema, e ele só tinha computador na empresa, então não tinha câmera para se ver e eles não conseguiam mais se falar por imagem, né, só mesmo por mensagem. E ela não achou nada estranho nisso, né? Essas coisas acontecem, ele não ia gastar agora comprando um novo celular e a coisa foi indo. 

Chegamos na véspera do Dia dos Namorados, da semana melhor dizendo, na semana do Dia dos Namorados. Deu uma loucura na Natália e a Natália falou: “bom, eu não aguento mais, eu vou furar essa quarentena” — tá vendo, né Natália o quê que dá furar quarentena — “vou fazer uma surpresa para o Sérgio e vou aparecer lá no apartamento dele”, porque ela já tinha ido várias vezes, que ela já tinha dormido lá, inclusive, passou o Natal lá. A última época que ela foi para lá foi Natal, do ano novo para cá era só o Sérgio que ia para o Rio de Janeiro.

E ela resolveu dar essa doideira aí e resolveu ir, o quê que a bonita fez? Comprou uma cesta imensa de queijo, vinho, pão, e falou: “bom, eu chego lá com a cesta, chego lá no Dia dos Namorados de manhã, né, vou de ônibus…” — eu nem sabia que os ônibus interestaduais tinham voltado a funcionar, mas pelo jeito voltaram, né? — “eu chego lá de ônibus e vou direto para o apartamento dele”, detalhe: ela tinha a chave, ela tinha tudo. É um prédio sem porteiro, né, você chega com a chave, você entra… E foi o que ela fez.

Chegou com aquela cesta horrível para carregar, então quer dizer, pegou ônibus, pegou Uber — coronavírus na cesta, né, levando coronavírus na cesta —, chegou lá, botou bem a chavinha na porta, rodou [risos] e entrou. A hora que Natália entrou, era cedo ainda, né, quem estava no sofá, assim abraçadinho, vendo TV, todo fofinho, com uma mina? O Sérgio. Assim, na hora ela… Sabe quando você fica desacreditado? Com a cesta na mão assim, a cesta pesada. Ela pôs a cesta no chão e perguntou “o quê que é isso, o quê que tá acontecendo?”, já brava, né?

E aí a moça levantou dando risada, o Sérgio falou: “o quê que você tá fazendo aqui Natália? Tu devia ter me avisado” e ela lá gritando, ele falou pra ela: “Natália, não dá pra gente conversar agora, vai embora que depois eu te ligo” — quer dizer, ele sabia que ela estava vindo do Rio de Janeiro, não é assim: “vai embora”, vai para onde? —, e aí ela continuou falando, continuou brigando, aí a moça virou para ela e falou: “escuta, eu moro aqui desde janeiro, você tá sabendo agora, mas eu moro aqui desde janeiro” e rindo. E aí a Natália tentou ir para cima dela, errada, né, Natália? Tinha que ir para cima dele. E ele defendeu a moça, Sérgio defendeu a moça e expulsou a Natália do apartamento e, detalhe: expulsou a Natália, fechou a porta e a cesta que ela pagou 380 reais ficou dentro do apartamento, tipo, ele expulsou ela e ainda ficou com queijo, com vinho, com pão, é muito… [risos] — olha, eu tô rindo porque eu falei pra Natália, falei: “Natália, é muita falta de sorte, Natália” —  porque não deu nem para ela pegar a cesta, a hora que ela saiu que ela começou a bater na porta e falou: “me dá minha cesta, não sei o que lá”, e ele falou: “se você não for embora eu vou chamar a polícia”.

Aí chamou ela de louca, aquele clássico, né, do macho escroto, chamou ela de louca, falou que não tinha nada com ela, — que não tinha nada com ela, gente? — eles são namorados assim de apresentar a família e tudo… Falou um monte de coisa para Natália, ela de um lado da porta e ele do outro, ele falou: “ó, eu estou chamando a polícia”. E aí ela virou as costas, desceu e foi embora chorando, e aí tinha que esperar lá na cidade até ter o ônibus, aí pegou o ônibus e voltou.

Aí hoje ela me escreveu o que restava, o que faltava da história, que para piorar tudo, antes da pandemia, no final do ano passado, eles compraram uma viagem de casal para Tailândia e a viagem era agora para outubro, acho… Novembro… Só que a agência lá de viagem tá com tudo pago, viagem, hospedagem, tudo… Falou que eles podiam adiar, porque parece que não tá reembolsando, eu não sei como que tá rolando. E normalmente seria intransferível, então assim, um vai, o outro vai, sei lá, tem que ir junto ou vai um sozinho e perde outra parte. Mas com o lance da pandemia a agência disse que pode mudar uma pessoa, então tipo, se ela quisesse desistir, passar o lugar dela para outra pessoa, excepcionalmente pode. 

E o cara de pau do Sérgio teve a coragem de mandar um e-mail para ela explicando que ele tinha conhecido essa moça em janeiro e que não tinha coragem de falar, pedindo desculpa e falando que ele quer pagar a parte dela da viagem da Tailândia para passar para o nome dessa moça. Ele quer pagar, mas ele quer que a Natália passe para o nome dessa moça, e a Natália tá cogitando perder o dinheiro, que é um dinheiro bom… — Eu não perderia, Natália, só para fazer pirraça. —, Ela prefere perder, porque ela não transferindo, ou ele viaja sozinho, porque a parte dela não vai vender, não vai transferir, ela não quer, ou ele viaja sozinho para Tailândia, ou ele perde também.

E ela acha que ele tá tão apaixonado que quando chegar a época pode ser que ele não queira viajar sozinho para Tailândia, aí eu falei: “mas por que você não vai então? Se não vai vender para ele, vai você para Tailândia. Se ele aparecer lá no dia também para ir, o único problema vai ser o quarto, né? Que é um quarto de casal, mas ele não vai querer ir, né…”. Então aí ela quis contar a história agora porque ela recebeu essa mensagem dele pedindo, esse e-mail dele pedindo para vender para ele a parte dela que a agência aceita essa transferência, para ele poder ir bonitinho viajar com a moça. E ela não quer.

Então ela gostaria de saber de vocês… Primeiro que, Natália, já te adianto que a galera vai pesar na sua orelha por você ter furado a quarentena pra ter ido lá ver o seu amor, né? Então essa parte todo mundo já sabe que tá errado, todo mundo recrimina mesmo, então é isso mesmo. Agora, o Sérgio foi um canalha, obviamente, e não tem nem o que dizer. E eu não sei, eu tô em dúvida, uma parte assim por mim eu venderia e pediria até mais caro já que ele quer pagar, e ficaria com dinheiro. Ou eu iria sozinha, ferraria ele, ele que perderia o dinheiro porque não acho que ele vá sozinho; mas ela não quer fazer nem uma coisa e nem outra, ela quer ela perder o dinheiro ou ele vai sozinho, ou também ele perde dinheiro, mas ela não quer ir, não quer viajar, não quer vender…

Também é tudo recente, né? Então pode ser que ela esfrie a cabeça, mude de ideia, resolva aceitar o dinheiro dele e vender a parte dela do “combo Tailândia”, mas, né… Dos males ó, furou quarentena, agora tem quatorze dias aí pela frente, né, Natália, para você ver se você não se contaminou com o coronavírus. Ainda bem que você mora sozinha e não vai contaminar outras pessoas, né, Natália? Tem mais quatorze dias aí para você ver o que vai acontecer… Porque ela chegou a dar uma unhada na menina lá, então se a menina tá com coronavírus você pegou porque, né… Quando unha você grita, rola uma baba e você pode ter passado para ela, pode ter passado para você, enfim… São quatorze dias aí antes da gente saber os próximos passos.

Mas eu não sei, eu acho que eu venderia minha parte ou eu iria sozinha para Tailândia mesmo depois que acabasse a quarentena e bola para frente. E dos males, né, pelo menos já descobriu que o Sérgio não presta e você só tem com ele essa passagem aí, esse combo viagem em conjunto, não tem mais nada. Porque eles tinham planos de comprar uma topic pra vender coisa aí, que o Sérgio tinha umas ideias de empreender nas custas da Natália também… Então ainda bem que isso aconteceu agora, dos males o menor, tomara que ninguém aí tenha sido contaminado pelo coronavírus nessa brincadeira.

Então é isso, eu encerro aqui o meu combo de Dia dos Namorados, se você tem alguma história de amor ou desamor, escreve para mim: naoinviabilize@gmail.com, e comenta lá no nosso grupo. A gente tem um grupo no Telegram, é só jogar na busca “Não Inviabilize” e lá a gente comenta todas as histórias que eu posto aqui. Então, um beijo. Eu volto em breve para mais histórias para vocês. Uma boa semana para todo mundo.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.