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título: corretor
data de publicação: 14/09/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #corretor
personagens: giane e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. E hoje eu vou contar para vocês a história da Giane. Então vamos lá, vamos de história.


[trilha]


A Giane ela trabalha aí num banco, no meio dela e dos amigos, das amigas, eles fazem muito happy hour e eles costumam ir a bares que outras pessoas da mesma área frequentam. — Então, fica todo mundo meio ali que da mesma área, confraternizando, tomando uma bebida, se conhecendo e nã nã nã… — Numa dessas, a Giane conheceu aí um cara… — Giane, 37 anos, solteira, sem filhos, já com o seu apartamento financiado e seu carro financiado também. Então, veja, é muito importante para Giane que ela tenha um emprego, né? Pra poder custear esses dois financiamentos que ela tem, que é do carro e do apartamento, pelo banco que ela trabalha. E ela tá bem ali no banco e tudo bem… — Esse cara: 35 anos, deixou uma carreira no ramo de imóveis — então ele tinha ali o CRECI dele — e saiu dessa área de corretor de imóveis pra tentar uma área de corretor de ações ali, de trader… Que é uma área mais difícil, conforme Giane me explicou, de se inserir. 


Porque você pode ser trader por um banco, então se você já trabalha num banco, você pode fazer um curso e ir pra essa área e investir o dinheiro dos clientes que queiram investir ali, os clientes do banco, você tem operadoras de ações que você pode também atuar, também trabalhar, mas geralmente a Giane falou que nessas operadoras que são só disso, a prova pra você entrar é tipo uma OAB, tipo um vestibular, assim, é muito difícil quando tem vaga. Enfim, é complicado… E você pode investir o seu próprio dinheiro… — O que você não pode? Você não pode ser um trader sem nenhuma operadora, nenhum banco, nenhum respaldo e operar o dinheiro de outras pessoas. Você pode operar o seu. — Então, assim, existem regras no Brasil, enfim, não vou entrar nisso… Mas ele estava fazendo um curso, largou os imóveis, porque ele não estava conseguindo levar paralelo e ele estava fazendo esse curso para tentar trabalhar com ações e entrar num desses lugares, que é uma operadora, que tem uma prova difícil pra entrar e ele queria entrar nesse lugar. Então, ele estava se dedicando a isso sem trabalhar. E quem estava bancando esse cara? A mãe. Então, antes ele morava num apartamento que era alugado, ele devolveu o apartamento, vendeu umas coisas e foi morar com a mãe dele. — Ótimo. Não vejo problema nisso… A mãe dele, que é mãe dele, tá dando uma força pra ele, pra ele mudar de carreira, né? Tudo bem. —


E, Giane, já com a sua vida estabelecida, conheceu esse cara e eles começaram a sair. E logo de cara, a Giane percebeu que esse cara ele tava ali, ele tava tomando uma bebida, [risos] estava tomando um Campari [risos] e estava só com aquela bebida… — Porque eu também entendo o cara… — Você pode querer ir para um bar, confraternizar, criar um network e conhecer pessoas da área que você quer trabalhar e você não tem grana para ficar bebendo lá, então tudo bem você ir e tomar só uma bebida, né? Mas a partir do momento que ele começou a conversar com a Giane, ele começou a pedir mais bebida, na comanda ali da Giane… E aí ele só pagou a bebida dele e as outras bebidas a Giane que pagou. Tudo bem, Giane não viu problema nisso, ela entendeu essa transição de carreira dele e entendeu também que ele estava ali sem renda. — Tanto no caso de mulher, quanto de homem, mas falando aqui desse caso específico, como é que você vai namorar um cara que está sem renda? Então, o que começou a acontecer? — Ele tava sem carro, porque a partir do momento que você está focado numa coisa e você quer dar menos gasto pra sua mãe também, que já está te bancando ali, você come lá, toma banho lá, está morando lá e e é sua mãe, sua mãe vai te dar uma força, né? Você também não quer gerar gasto… Então, ele estava sem carro.


A Giane tinha que buscar ele, ele queria continuar indo nesses bares pra conhecer pessoas da área, né? Então, era a Giane que pagava a conta. Então, vai, se duas vezes na semana eles fossem pra bares, assim, ela gastava 400 reais… — Porque você bebe aqui, você come um negocinho, então você gastar 400 reais na semana e ainda chegar no domingo, você vai comer uma pizza e tal, mais 100 reais, 500 pau… — Que nem a Giane falou: “Pô, eu ia lá, tomava uma bebida e tal, dava 50 conto, 60 conto na semana, não saía… Sei lá, pegava um filme pra ver com minhas amigas num cinema e tal… Se eu gastar 100 por semana, Andréia, estava gastando 400 num mês… Agora eu estou gastando 2.000 mil reais por mês pra sair com ele”. Um cara agradável e tal, mas isso começou a pesar porque, como eu falei para vocês, a Giane tem um apartamento financiado e um carro financiado, então você tem as prestações ali que você tem que bancar sozinha, né? Então 2 mil reais para você gastar só para você estar nos lugares que ele precisa desse conhecimento, de fazer essa rede de contatos, é complicado, né? Então, aí a partir ali do terceiro mês, então veja, três meses já dá 6.000… — Eu vou fazendo essa conta, gente, me desculpa, sabe? Eu entendo o amor, eu entendo o sexo, eu entendo o relacionamento, mas tem aí o crédito e o débito… — 


E aí essa conta foi ficando pesada pra Giane e a Giane foi falando para ele… E, a partir do momento que ela foi reclamando, ele fez o caminho inverso, ele fez o caminho de pedir a Giane em namoro, falou que queria namorar sério… — E aí eu questiono: Como é que você vai namorar sério se você não tem 1 real, né? — E que queria namorar sério como ela, que talvez… Olhe a cabeça do cara… Até o final do ano eles podia ir morar com ela… Então, vai aumentar a água, vai aumentar luz, vai aumentar tudo, né? E aí a Giane começou a cobrar dele assim: “Poxa, mas tudo bem, você está estudando pra entrar nessa operadora de finanças e tal, mas você não consegue, sei lá, trabalhar meio período? Vê uns imóveis pra você tentar vender, para você tentar alugar, para ter uma graninha também, né?”. Porque aí começou que, assim, o cara ele viu que ele precisaria fazer um outro curso… Ele queria fazer uma mentoria. — Quanto custa a mentoria? Custa 3.500 reais… A mãe dele não tem, gente, a mãe dele já está bancando no que tem. — Então, aí ele começou a pedir essas coisas pra Giane, falando que era um investimento no relacionamento. [efeito sonoro de tensão]

E a Giane ficou balançada, falou: “Poxa, essa mentoria pode ser que realmente ajude ele… Ah, vou dar” e você tá com o cara há quatro meses… Como que você vai dar uma mentoria de três pau e pouco, sabe? É um pouco também da gente ver até onde a gente está disponível. Porque você tem crédito, você trabalha num banco, você está com o nome limpo, você tem crédito, mas crédito não significa ter dinheiro, gente… Você não tem o dinheiro, você tem ali alguém te oferecendo uma coisa que vai ser cobrada de você com juros, né? Então, é complicado. “Tudo bem, jogo no cartão, parcelo… Se eu não atrasar, não tem juros”, mas é um dinheiro que você não tem, porque você está gerando ali uma dívida que você não precisava, né? Então tá, tudo bem, o cara foi lá fazer a mentoria com esse foco aí de no final do ano morar com a Giane, Giane querendo isso, porque achou que realmente eles tinham tudo a ver… Eles são da mesma área de finanças e tal, só que aí, conforme o cara foi fazer a mentoria, lá na mentoria ele aprendeu que ele tinha que aproveitar todas as oportunidades que aparecessem. Então, o que ele botou na cabeça dele que a Giane tinha que conseguir pra ele um trampo no banco…


Então, ele começou a forçar isso… Tipo: “Poxa, me apresenta, fala com seu chefe, vê se eu consigo aplicar, não sei o que lá”, até que a Giane conseguiu uma entrevista pra ele no banco, depois dele insistir uns dois meses e ela não querendo. Ela falou: “Poxa, Andréia, trabalhar no mesmo lugar é complicado, eu tive que ver a política lá para ver, enfim, como que ia ser…”. Ele foi fazer a entrevista para a área que ele queria, foi um favor que a Giane conseguiu — pessoal — de uma outra amiga que trabalha nessa área e o feedback que veio pra Giane é que o cara ele não serve pra coisa. Ele não consegue nem entender o básico… A moça, amiga da Giane, falou: “Gi, eu não entendi como ele está no curso ainda, assim, não é uma área para ele”. — Realmente, ações, mexer com ações, essas coisas não são para todo mundo, né? — E ela falou: “Teve coisa de finança básica que ele não conseguiu… Então, por isso que ele já tentou duas vezes também entrar lá na operadora e ele não passa na prova, ele não passa. Acho que nem no básico”. Ela falou: “Meu, assim, eu estou sendo muito sincera com você, porque eu acho muito difícil que ele consiga entrar nessa área”.


E o erro da Giane — que ela acha que foi um erro — foi que ela foi sincera com o cara… Todo o feedback, todos os áudios que ela recebeu da amiga, ela encaminhou para o cara e o cara ficou revoltado, porque ele acha que tanto a amiga da Giane quanto a Giane são burras, são da área, mas são burras e não entenderam ele. — Ele não foi bem na prova, uma prova prática, sei lá, algumas coisas lá que aplicaram e perguntaram pra ele que ele não soube fazer, gente… Então, assim, não foi subjetiva a coisa, o cara não dá pra coisa, segundo uma pessoa, que é uma mulher especialista, né? — Então ele duvidou da capacidade dessas mulheres e agora ele tem como meta entrar num banco melhor ainda para provar para Giane que ele consegue. — Só que nessa, gente, continua aí esses 2 mil reais mensais de coisa. Tem mês que a Giane corta um pouco, mas ele pede, acaba pedindo pra outra coisa, ou pra uma apostila, ou para outra mentoria, ou isso ou aquilo e ele, no final do ano, quer ir morar com a Giane. — Agora a Giane não quer… A Giane gosta dele, só que financeiramente pra ela, ela não tá conseguindo mais e ele não quer trabalhar.


Ela falou: “Ele tem CRECI, então ele pode ir trabalhando por conta”. — CRECI é tipo um credenciamento que você tem, que você está dentro da legalidade para você botar um imóvel para alugar, pegar o imóvel de alguém, botar para alugar, para vender, entendeu? Você pode ser um corretor independente ou estar numa imobiliária, né? — Então, ele podia fazer isso pelo menos pra bancar aí esses happy hours que ele quer fazer, né? Mas ele não quer. A Giane ela tinha combinado no final do ano uma viagem com as amigas do banco pra conhecer neve, — pra ir para fora do país, conhecer neve e tal — e já desistiu, ela não tem dinheiro pra ir, não tem… Uma outra coisa que ela ia fazer, é que ela ia trocar o carro dela, já não vai trocar… — Ia refazer o financiamento, né? Trocar o carro. Já não vai trocar mais. — Ela falou: “Andréia, eu deixei, por exemplo, de ir pro salão de cabeleireiro que eu ia toda semana fazer minha unha, fazer uma escova, porque eu tenho que deixar o dinheiro pra ele”. — Então, ela parou de fazer as coisas pra ela, pra poder fazer aí pra ele. — Só que depois que ela teve essa conversa com a amiga dela da outra área que falou que ele não tem jeito pra coisa, ela não está botando mais fé, porque até então ela tava acreditando que realmente ele ia prosperar nessa área, mas ele aplica pra outros lugares, ele nunca é chamado, ou quando é chamado não passa.


Então, quer dizer, faz sentido… — E às vezes a gente não dá pra fazer tudo mesmo. Eu sou péssima em finanças, se fosse pra eu ser dessa área eu tava lascada, não ia conseguir… — Mas o cara quer, porque ele disse que se ele entrar num lugar, num lugar, o salário inicial é tipo 10 mil. — Mas e pra você entrar? — E aí a Giane falou: “Andréia, não é bem assim, não é bem esse salário, enfim… Pra isso você tem que ter uma carteira de clientes aplicando e tal. Não é assim, né?” E a Giane banca esse cara 100%, só não água, luz e essas coisas porque ele ainda mora com a mãe, mas ela não contou nada pra família dela, tá segurando esse B.O. sozinha, mas algumas amigas do banco sabem e todo mundo está falando pra ela: “Giane, você vai por esse cara na sua casa? Vai ser pior”. E a questão é: A Giane ainda é apaixonada por ele, mas ela não está conseguindo mais bancar esse cara… Ela não quer que ele vá morar com ela porque ele realmente não tem renda nenhuma e isso vai pesar ainda mais no orçamento dela. E agora ela não acredita mais que ele serve para a área. 


Por outro lado, o cara se acha o melhor de todos, acha que as mulheres, no geral, são burras para a área e é por isso que ele está tendo esse impedimento, porque ele diz que, coincidentemente, quando ele vai aplicar para alguma vaga, ele sempre tem que passar em algum ponto da seleção por uma mulher. — Então, veja bem, a cabeça desse cara, né? — E que é isso que está atrapalhando ele… E que, ah, ele pode muito bem se dar bem sim na área, ele só precisa de mais oportunidades. Só que tudo precisa de dinheiro, né, gente? Então, por que você não vai pôr um imóvel para alugar? Vai trabalhar com o seu CRECI. E é isso que a Giane está batendo agora, nisso do CRECI… “Você tem o CRECI, você está credenciado para trabalhar numa área legalmente, para você fazer um dinheiro enquanto você não consegue essa outra área que você quer… Por que você não faz?”. E ele não quer… Ele fala que, tipo, ela não está acreditando nele e, de verdade, ela não tá mais acreditando nele, né? O que pega aí é que ela continua apaixonada, ela continua querendo ficar com esse cara. A minha teoria é essa, quando você precisa bancar outra pessoa, ela não está trabalhando… E não é uma questão assim: “Ah, é um relacionamento longo, alguém que ficou desempregado, vou dar uma força”, não é, a coisa já começou sem um emprego, entendeu? Sem uma renda… Porque você pode vender coxinha, ter sua renda, é o seu emprego é o seu trabalho… 


Então, assim, é a pessoa que realmente ela não quer fazer nada… Ela quer seguir aquele objetivo que ela botou na cabeça dela e que talvez ela não tenha a habilidade para chegar onde ela quer chegar nessa área. Até quando você vai bancar isso aí? A questão pra Giane é essa. E aí vai chegar o final do ano e se esse cara já combinou com a mãe dele que ele vai sair de lá e vai morar com você? Como é que vai ficar essa sua planilha de gasto? A Giane já pegou empréstimo… Então, pra mim é um negócio que já desandou. E aí você tem mais esse empréstimo para pagar. Agora falou que não vai mais pagar mentoria, essas coisas para ele, porque ela não acredita mais na área, mas aí o cara fica cobrando, o cara fica falando “poxa, você não acredita em mim, você não é minha parceira”. Então é complicado, gente… Por mim vocês já sabem, né? Por mim é não, por mim é: termina. Porque dor de amor passa… Você gosta agora, daqui a pouco você está aliviada, ó… 


Só de você pensar que se você terminar com ele, no outro mês é menos 2 mil que você vai gastar, inicial… Porque a Giane falou que se ela botar no papel ali é uns 3 mil… Então, sabe… Acho complicado, gente… Eu não tenho coisa boa para dizer, só: termina. Por mim é não. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, Oi, Não Inviabilizers, aqui é a Nat, eu falo do Rio de Janeiro. Giane, tá piscando na sua cara em neon, né? Só não vê quem não quer. Talvez você precise de ajuda para ver porque você está de dentro, mas escuta as pessoas que estão falando para você que esse cara ele é um aproveitador, é um sanguessuga. A partir do momento que você cortar todas essas regalias, ele vai inclusive te descartar. Te garanto que ele não vai mais querer ficar com você. A gente tem que se aproximar de pessoas balão, pessoas que botam a gente para cima e não de pessoas âncora, que puxam a gente pra baixo, mantém a gente estacionada. Eu sei que de dentro é muito difícil da gente enxergar, mas abre seus ouvidos e sua cabeça para o que as pessoas estão te falando aqui, tá bom? Boa sorte. 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, Oi, Giane… Aqui quem fala é a Carol, de São Carlos. Mulher, desde o primeiro minuto ouvindo a sua história já deu pra enxergar aí várias bandeiras vermelhas que por mais encantador e charmoso que esse cara fosse, já ia me fazer, assim, me afastar dele. Mas você é o contrário, né, amiga? Você foi se jogando cada vez mais de cabeça, abraçando os sonhos dele e, pelo menos, pelas coisas que a Deia falou na história, não deu pra perceber que ele estava abraçando seus sonhos também, pelo contrário, a sua vida foi perdendo o padrão, você foi tendo que desistir de projetos futuros para poder se encaixar no mundo pequenininho dele. E, olha, tenho um lema: Se não veio para somar, se não veio para multiplicar, se veio para dividir e pra subtrair, não serve pra mim. Um beijo e você sabe o que você tem que fazer, mulher… Espero que você faça a coisa certa. 

[trilha] 

Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram, sejam gentis com a Giane. Ela ainda está com ele, né? E tem essa meta de final de ano morar junto. Meta do cara. Ela não quer mais, mas ela gostaria de namorar ele. — Então, complicado, né? — Um beijo e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.