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título: cristais
data de publicação: 13/05/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #cristais
personagens: adriana e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão e, gente, hoje eu tô muito ansiosa, tô uma pilha… — Super nervosa. — Seguinte: Domingo, 15 de maio, — dia do meu aniversário — a gente estreia no Youtube. [efeito sonoro de crianças contentes] — Gente… Eu tô em choque. — Tá muito legal, a gente fez todo esse trabalho, esse desenvolvimento do conteúdo — que é o mesmo conteúdo daqui — pro Youtube adaptado em Libras, então foi um trabalho que demorou, que envolveu um grande investimento financeiro… Eu tô muito feliz que deu certo. E eu gostaria que vocês fossem lá prestigiar, né? youtube.com/naoinviabilize e assinem… — Não é “assinem”, né? É “inscreva”. — Se inscreva no canal [risos] — acione o sininho [risos] — e deixa um comentário. — Tudo pra engajar o vídeo. [risos] Socorro, me ajuda. — E, assim, vai ter vídeo… Porque, ó, imagina: A gente já tem aqui no podcast mais de quatrocentas histórias. Eu fiz até agora quatrocentas em Libras e as outras vão sair também… A ideia é que toda história tenha a sua versão em Libras. 

E, pra gente alcançar, tipo, a história de hoje no podcast, a gente vai lançar todo dia — de segunda à sexta-feira — cinco vídeos por dia. Sete da manhã tem um, onze tem outro… A cada quatro horas vai ter um vídeo no Youtube com as histórias que vocês já ouviram aqui, mas em Libras. Então, por favor, ouçam de novo, espalhem os links, engajem e é isso, gente, agora quero ser youtuber. [risos] — Faltava mais nada pra vocês agora. [risos] — E outra, a gente tá no Tik Tok também, vai ter conteúdo novo pro Tik Tok, então, ó, faz favor… Dá uma força aí. Tik Tok também é a mesma coisa: naoinvaibilize, a gente tá lá. Então é isso, gente: youtube.com/naoinviabilize. Chegamos.  E hoje eu vou contar pra vocês a história da Adriana. — Ê, Adriana… — Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

Um pouco antes da pandemia — assim, bem no comecinho do ano — a Adriana conheceu um cara. E era um cara, assim, todo good vibes, metido com essas coisas de cristais… Ele amava um cristal e tudo pra ele era cristal. E aí ela ficou apaixonada por esse cara, veio pandemia e este cara convidou a Adriana pra morar com ele. Só que tinha um detalhe: o cara não tinha uma casa. [risos] Ele morava numa casa coletiva, assim, com outras pessoas, tipo, sei lá, comunidade, assim… Uma casa só, mas com várias pessoas, dividindo tudo, enfim… Nem uma cama só ele tinha, era tudo coletivo. E aí a Adriana falou: “Olha, desse jeito não dá, mas se você quiser, você pode morar comigo, né?”. E aí o cara falou: “Bom, tá bom” e foi morar aí com nossa amiga Adriana. Levou todos os cristais, todas as coisas dele…

Ali a pandemia começando, todo mundo muito assustado, preocupado… — Com a questão do coronavírus. — E ele, assim, muito relax, falando que o coronavírus era uma questão de energia. [risos] — Aí para mim já é nota de corte, sabe? — Que era uma questão de energia, que só pegava quem estava com os chacras desalinhados, esse tipo de conversa… E a Adriana gostando muito dele, relevou. Tipo, sabe, “ah, ele está falando isso, mas sei lá, da boca para fora”. E aí pandemia, pandemia, pandemia, todo mundo confinado, ele fazia muita meditação e fazia várias coisas, assim, terapias com cristais e foi fazendo na Adriana… — Ela falou que se sentiu melhor sim, então estava sendo válido pra ela e nã nã nã. — Tinham algumas questões de convivência que eram mais complicadas por ele ser desse jeito e tal, né? Tudo pra ele era questão de energia.

Então, assim, “ah, tem que limpar a casa”. — Tem que limpar a casa, né? — Tá os dois? Tem que limpar a casa os dois. Mas se ele não tivesse ali, naquela energia da limpeza de casa, [risos] — que a Adriana disse que ele quase nunca tava — ele não ajudava. Então aí ele deixava, como ele dizia, [efeito de voz grossa] “pra essa energia feminina da Adriana, que ela tinha mais o jeito ali de cuidar”… [risos] — Olha o 171, né? “Ah, limpa você a casa que você tem uma energia feminina”. [risos] Ô, gente… Né? — E Adriana ia relevando aí essas coisas. Quando a convivência ficava muito difícil, ela dava uma afastadinha. — Detalhe… — Esse cara tava em home office, esse cara tinha um trabalho formal e ele não ajudava nas contas, não falava nada em ajudar. Então, às vezes, a Adriana dava uma conta de água e falava: “Olha, precisa pagar isso aqui”. Aí ele falava assim [risos] pra ela: [efeito de voz grossa] “Você vai me passar a senha do banco então? Pode deixar que eu pago pra você”.

Aí ela teve que explicar para ele… — Sonso, né? Porque ele sabe. — Que ela estava dando aquela conta para ele pagar, com o dinheiro dele. E aí ele falava: “Ah, tá bom, tá”. — Bom, enfim, né? — E assim foi indo… Nesse primeiro ano ele pagou pouquíssimas contas. — Pouquíssima coisa. — E aí veio o segundo ano — da pandemia —, Adriana ainda gostando muito dele, mas já assim, com essas questões… Dele não ajudar financeiramente, dele não ajudar com as coisas da casa por uma questão das energias dele… [risos] Ela já estava meio, assim, de saco cheio, né? Só que ainda gostando, ainda muito a fim dele. E aí o tempo passou mais um pouco, até que começaram aí os rumores de vacina para as pessoas que não eram da área da saúde e tal, todo mundo felizinho, querendo saber data, quando ia vacinar. E aí este cara surtou… 

Por que surtou? Porque a Adriana fez uns stories dizendo que ela estava louca pra se vacinar e nã nã nã. E o assunto vacina nunca tinha surgido. — Nunca tinha surgido… — E aí ele ficou puto com os stories, falou que… — Detalhe, olha isso… — Que a Adriana não ia colocar esse veneno no corpo dela. — Oi? — Que ela não precisava tomar vacina, porque ele tinha feito a limpeza com cristais. [risos] — Ô, senhor… — E aí a Adriana ficou chocada, falou: “Não, você tá brincando, né?”. —Porque, gente, pelo amor de Deus, tem que tomar a vacina, tem que tomar vacina… Todas. Todos que aparecerem aí você tem que tomar, vai lá e toma a vacina, entendeu? — E aí ele estava falando seríssimo, que não, não ia tomar a vacina, que se ela tomasse vacina, ela ia contaminar ele, ele não ia poder mais ficar lá… E ela gostando dele, mas ela falou: “Imagina, não vou deixar de tomar vacina, né?”.

E aí começaram as brigas… — Por causa da vacina, porque ela falou: “Vai chegar meu dia e eu vou tomar”. — E aí ela foi, chegou o dia da Adriana, ela foi, tomou, não postou nada nas redes porque sabia que ele ia ficar puto e não falou nada pra ele. Ela teve reação, então aí nos dias seguintes ela ficou um pouco doente. — Os sintomas ali leves e tal da vacina, né? — Ele, sem saber que ela estava vacinada, pegou lá os cristaizinhos dele pra fazer as coisinhas de cristais nela e nã nã nã e passou. Ele achando que ela não tinha vacinado, só que ela vacinou. E aí ela escondeu o cartão de vacinação. Então, veja só, você ter que esconder o cartão de vacinação da pessoa que mora com você, que divide a vida com você, que é seu companheiro, sua companheira de vida… — Tá errado, né? — Tem alguma coisa errada aí.

E aí um dia ele lá, que nunca limpa nada, que nunca faz nada, mexendo numa gaveta achou a carteirinha de vacinação da Adriana e disse que estava muito decepcionado, que isso, que aquilo e que ele ia embora. Ele pegou ali os paninhos de bunda deles, os cristaizinhos dele e foi embora. Foi embora real pra aquela casa que ele morava antes, que é tipo uma casa coletiva aí. Só que… [risos] — Ai meu Deus… [risos] — O mundo não gira, né? Ele, sei lá, capota. — É assim esse ditado? “O mundo não gira, ele capota”? Ou estou misturando os ditados? Enfim… — Passado ali dois meses, chegou a época do cara vacinar, né? A data dele ali de vacinação, da turma dele ali. E aí, gente, ele não ia vacinar… Só que eu falei pra vocês, ele tem um emprego formal, né? Ele trabalha numa empresa, registrado e nã nã nã… E a empresa lançou um comunicado lá que todo mundo tinha que se vacinar e nã nã nã e ele quis dar uma de revoltado lá e era ou vacinar ou rua, né? E aí ele teve que se vacinar e se vacinou. [risos]

E aí ele teve que se vacinar e, o pessoal da casa que ele morava lá, dessa comunidade, não quis mais ele lá… — Gente, olha esse povo, tudo antivax. Eu não sei nem o que dizer, pra mim é seríssimo isso. Alguém que, sabe, que não toma vacina… Tem que tomar vacina, gente, todas… Tomem todas as vacinas. — E aí como ele não tinha onde ficar e não podia ficar lá na casa e Adriana já estava vacinada, ele pediu pra voltar e a Adriana aceitou. — Ê, Adriana… — E aí esse cara voltou, mas ele voltou mais insuportável, porque agora ele culpava todo mundo por ele ter tomado a primeira dose da vacina e ele ia ter que tomar a segunda e a terceira. [risos] Ele nem sabia da terceira ainda, né? Aí esse romance durou mais três semanas só, porque aí a Adriana não aguentou mesmo, porque ele ficou insuportável e ficou até um pouco agressivo. E ele querer dizer que essa agressividade dele era por conta da vacina. Uma falácia, né? — Um embuste esse cara. —

E aí a Adriana ela pôs ele pra fora e não sabe do paradeiro dele até hoje. — O que eu dou aí graças a Deus. [risos] Pega os seus cristaizinhos e vaza. — Então, essa é a história aí do ex da Adriana… Que de um cara que parecia super legal e só um pouco, assim, alto astral demais… — Eu não consigo lidar com gente que é alto astral o tempo todo. — De um cara que era assim, que a Adriana falou: “Isso eu consigo levar, eu consigo conviver” pra um cara com um discurso totalmente aí contra vacina e outros absurdos. Então a gente precisa, né? Agora, quando você conhecer alguém você tem que perguntar se tá vacinado, se é a favor da vacina… Mais uma pergunta aí pra gente fazer antes de começar um relacionamento. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente, aqui é a Paula de Maringá, Paraná. E, ai, ai, Adriana, o que dizer, né? Dessa vacina que te livrou do vírus do Covid-19 e de um embuste… Só coisa boa. Pois é, né, gente? Defenda a ciência, defenda o SUS e vocês viram a importância do passaporte de vacinação, né? Que graças a ele e essa empresa que esse encosto se vacinou. Então, Adriana, se cuida, abre seu olho, hein? Sem cair mais em enrascada e boa sorte.

Assinante 2: Oi, gente, oi, Déia, aqui quem fala é Milene, eu falo do Rio de Janeiro. Ei, Adriana, achei você corretíssima de ter mantido a sua decisão de ir lá e se vacinar e, mais correta ainda de ter botado esse cara aí pra correr, esse cara louco dos cristais. Gente, a gente tem um sistema de vacinação… Um dos maiores e melhores do mundo e, foi através das vacinas que a gente tomou desde criança que a gente conseguiu erradicar e controlar um bando de doenças, eu não entendo gente negacionista de ciência e antivax em 2022. Que que é? Agora todo mundo é médico? Agora todo mundo é pesquisador? Todo mundo é cientista? Pelo amor de Deus, vamos acreditar na ciência… Todo mundo pode ter sua religião, suas crenças místicas, esotéricas, mas isso não excluir acreditar e validar a ciência, é a ciência que tá tirando a gente desse buraco do Covid que a gente entrou. Obrigada pela sua história, Adriana, quando ele foi embora só pensei assim: “Já foi tarde”. Obrigada, Adriana, um beijo.

[trilha]

Déia Freitas: Então, essa é a história da Adriana, deixem recados pra Adriana lá no nosso grupo do Telegram. Se você não está ainda no nosso grupo, é só jogar na busca “Não Inviabilize”. Sejam gentis. E eu volto em breve, um beijo. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.