Skip to main content

título: demissão
data de publicação: 29/12/2021
quadro: ano novo de novo
hashtag: #demissao
personagens: paulina

TRANSCRIÇÃO

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra nossa terceira história do nosso Especial de Ano Novo De Novo. E hoje eu vou contar para vocês a história da Paulina. A Paulina trabalha aí em uma empresa relativamente grande, ela trabalha na copa. Então, nesta copa, tem um supervisor e a história que ela me trouxe envolve aí essa criatura. Bom, então vamos lá, vamos de história. 

A Paulina está aí nessa empresa da Rede Pônei [risos] de empresas há mais ou menos 11 anos, então, ela tem bastante tempo de casa. E, nesse período, alguns supervisores entraram, mesmo sendo ali a área da copa, geralmente as grandes empresas terceirizam, mas nessa empresa, não, não é terceirizado. E aí ao longo desses anos, ela teve algumas promoções até chegar na copa, né? Ela veio da área da limpeza e, durante esses 11 anos, ela teve três pessoas ali na chefia de supervisão. Este último supervisor, um cara péssimo… Um cara que trata as mulheres muito mal. 

E um detalhe que me chamou a atenção, porque todas as pessoas ali da área da manutenção, limpeza, copa, são todas mulheres e os chefes são homens, né? Isso para mim é uma falha… Uma falha da empresa, uma falha muito grande, que em vez de promover as mulheres até o cargo de chefia ali do setor, né? Que seria a supervisão mesmo da área de serviços gerais, sempre traz um cara para fazer esse trabalho. E aí Paulina lidando com essa criatura, com esse chefe, ninguém gostando desse chefe, mas ele ali atuando como supervisor delas… E um belo dia, assim, uma turma que sai lá da área de serviços gerais, às vezes no final de semana se encontra… 

Se encontrava, né? Porque agora com a pandemia tudo deu uma parada, num pagode. Essa história é pré pandemia. E aí todo mundo se encontrava no pagode e ficava lá… E esse supervisor deu de aparecer nesse pagode, só que ele ia com os amigos dele, então assim, meio que as moças ali da manutenção que frequentavam esse pagode fingem que ele não estava lá. E fora o pessoal ali da área de serviços gerais, o pessoal da recepção dessa empresa também frequenta esse pagode… E aí todo mundo lá nesse pagode e nã nã nã, curtindo e sambando, e aí a Paulina tirou uma selfie… Você tá ali no meio do pagode, uma gente bonita, todo mundo ali sambando, feliz, tomando uma cerveja, ela tirou uma selfie virada pra galera. 

Então, pense assim: ela queria mostrar ali que estava o ambiente cheio, gostoso, divertido e ela que tava bonita e tal, e postou essa selfie. O que Paulina não tinha percebido é que nesta selfie, lá no fundo, estava o supervisor… E o supervisor estava no fundo dessa foto beijando uma moça da recepção… E Paulina não viu. Ela postou selfie, ela estava ali em primeiro plano e, assim, atrás dela tinha um monte de gente e ela não viu que o supervisor estava beijando uma moça da recepção ao fundo… E o supervisor casado. Então, ela postou a foto, isso era um domingo à tarde. Não deu nada, né? Ela ficou ali no pagode até umas oito da noite. Quando no outro dia que ela chegou para trabalhar, o supervisor estava uma fera, uma fera… 

E aí ele chamou ela na sala dele. Ele podia ter mandado mensagens para ela até no dia anterior, mas acho que ele não queria se comprometer, né? Deixar algo escrito. E ali na frente dele, ele fez com que a Paulina apagasse a foto. E aí quando ela foi apagar a foto que ela viu que dava para ver ali ele beijando, e ele falou que a esposa tinha visto, que foi um perereco, enfim… E aí ela ficou em choque, porque ela não fez de propósito, ela não tinha visto… Só que já estava um comentário na empresa e nã nã nã… A recepcionista também tinha ficado chateada com ela, enfim, passou. 

Só que a partir desse dia, o supervisor começou a pegar no pé da Paulina. Então mesmo que ela fizesse as coisas ali direitinho, ele ficava em cima e achando defeito, enfim… A vida dela virou um inferno na mão desse supervisor. Quando ela estava prestes a reclamar dele no RH, esse supervisor… Era dezembro já. Assim, mais ou menos lá pelo dia 15, e ela não estava aguentando mais e ela comentou com uma colega, falou: “Olha, eu vou reclamar dele no RH, né?”. E aí esse supervisor, não se sabe se alguém foi falar isso para ele, se não foi, porque, né? Fofoca é um negócio… 

E ele chamou ela na sala e falou: “Olha, se você pensa em reclamar de mim no RH ou alguma coisa, você vai perder seu tempo, porque assim que a gente voltar do recesso…”. Então, pense: eles iam ter ali mais uns 10 dias trabalhando e ia voltar, tipo, dia 2, alguma coisa assim, né? Eles iam trabalhar até, sei lá, dia 28 e ia voltar no dia 2. Só que no dia 28 não seria um trabalho, teria a festa da firma. E ele falou para ela isso, que assim que voltasse do recesso, a demissão dela estaria pronta. E que se ela fosse reclamar no RH, ele ia fazer ela cumprir o aviso, enfim… Que a demissão era certeza. Então ela poderia escolher como seria essa demissão. 

Paulina ficou em choque, mas não confrontou ali o chefe, o supervisor e já saiu arrasada, porque já sabendo que, a partir do ano seguinte, ela não teria emprego. E aí ela mal, mal, mal ali, pensando como seria… Pensou em não ir na festa da firma, porque, afinal, ela no ano que vem não ia estar, mas aí tem todas as colegas, todo mundo falando: “vamo, vamo, vamo”, né? E, enfim… Chegou o dia 28, dia da festa da firma. A festa seria tipo num clube que a própria firma tinha para os funcionários, que tinha a quadra, tinha a piscina, enfim… Não era nada assim muito glamouroso, mas era ali uma área, um benefício para os funcionários. E a festa seria lá nesse lugar, você poderia levar seus familiares, suas crianças, enfim… Era dia 28, então não tinha mais o Papai Noel, teve ano que a festa foi antes e teve Papai Noel e depois decidiram que era melhor a festa de final de ano mesmo e nã nã nã, enfim… 

E aí você podia levar sua roupa de banho, enfim… Seria um dia no clube com todas as pessoas da empresa, incluindo diretores, todo mundo ia. Era uma coisa assim, que era pra mostrar mesmo ali uma união, que às vezes só acontece mesmo na festa, né? Depois a gente vê aí que essas mulheres da área de serviços gerais nunca tiveram uma supervisora vindo delas ali. Então para mim isso já é uma festa meio fachada, mas enfim, né? Não vamos aqui entrar aí nessa seara. E aí todo mundo animado na festa, menos Paulina, porque Paulina sabia que dali quando ela voltasse, a rescisão dela já ia ser feita, né? E, enfim, ela estava bem chateada. 

E aí a festa vai rolando, contrataram lá uma dupla sertaneja… Não famosa, né? Dessas que cantam em festas assim. E aí a dupla sertaneja lá cantando e tal, e comida, bebida, muita bebida… E aí festa da firma tem gente que se passa ali e depois no outro dia tem que trabalhar, né? Então aí você tem que conviver com aquilo, às vezes você briga, enfim… E aí nesse meio, de gente bebendo e muita loucura de festa de firma assim, esse supervisor que estava com a esposa e a filha, ele bebeu… E bebeu legal assim, então ele estava bem mamado. A recepcionista que ele tinha um caso, também estava lá, né? Uma moça solteira, mais nova, enfim… E a recepcionista, essa recepcionista estava meio que de, assim, conversa com um dos gerentes. 

E estava lá hahaha daqui, hahaha dali com o gerente e esse supervisor só de olho. Só que ele estava com a esposa, né? Só que, gente, é aquela coisa, né? Você não manda aí no seu… Coração? Será que isso vem do coração? Não sei. E aí esse cara, esse supervisor, foi ficando puto de ver a recepcionista que era ali a amante dele conversando com o cara. O gerente solteiro, ela solteira, está mais que certa ela, do que ficar investindo nesse traste aí casado, né? Mas em determinado momento da festa, este supervisor ficou maluco de ódio, foi lá e deu um soco na cara do gerente. Um soco na cara do gerente e uma briga começou ali… Todo mundo viu que foi ele que foi pra cima do gerente, acabaram separando, né? 

A moça da recepção foi embora com o gerente, e o supervisor ficou ali na festa com a esposa, meio que a galera botou panos quentes, enfim… E ele continuou na festa. Passou… Paulina nem presenciou essa briga, né? Ela ficou sabendo ali no dia mesmo, mas depois, ela estava do outro lado. Porque ela via o supervisor num lado, ela ia pro outro lado, porque olhar para ele lembrava toda hora a ela que ela seria demitida, então ela ficou longe. E aí ela foi “nossa, que babado, né? Enfim… Segunda-feira eu não estou mais com vocês, então não vou acompanhar a fofoca tão de perto, como que vai desdobrar”. Paulina chegou para trabalhar na segunda e imaginou que o cartão de ponto dela não estaria mais ali no relógio, ela ia ser demitida… 

Só que ela chegou e o cartão estava no relógio. Cartão tava lá. E ela falou: “Bom, vou bater aqui meu ponto e vou trabalhar”. E foi trabalhar e passou o dia e nada aconteceu… E ela esperando ser demitida. Só que ela também não viu o supervisor. Chegou na terça-feira, que ela chegou para trabalhar, o cartão de ponto dela estava lá. Só que nove horas ia ter uma reunião… Uma reunião ali no setor mesmo. E ela falou: “Ih, será que vai mais gente?”, porque às vezes quando tem uma demissão coletiva assim, eles chamam, sei lá, pra dar uma explicação geral, enfim… E aí quando deu 9 horas, eis que entra ali o gerente… Que não era aquele que brigou, um outro gerente, com uma mulher lá e apresentou a mulher como nova supervisora. Finalmente, né? Uma supervisora mulher… Só que ela não veio ali daquela área, veio de fora também, contratada de fora. Outro erro, mas enfim… 

E aí apresentou essa mulher como supervisora e avisou que aquele supervisor tinha sido desligado da empresa. Então veja bem a sorte de Paulina… Na festa de final de ano, onde ela já sabia que seria demitida pelo supervisor assim que começasse o início do outro ano, ele brigou com o gerente, deu um soco no gerente e foi demitido ainda naquele ano, não esperaram nem virar o ano e ele foi demitido. E aí não teve tempo de demitir Paulina. [risos] Eu amei tanto. [risos]. E ela continuou trabalhando como se nada tivesse acontecido… Trabalha lá até hoje. [risos] Não é maravilhoso? 

O cara ia no RH demitir a Paulina no primeiro dia do ano, dia útil do ano e não teve tempo, né? Agora a Paulina falou: “De repente era uma ameaça que ele ia me fazer e não ia me demitir. Vai saber, né?”, mesmo se fosse só uma ameaça, o que ela passou, o inferno que ela passou, né? Eu acho que ele ia demitir real, mas enfim, jamais saberemos porque ele foi demitido primeiro. [risos]. Amém. [risos] Não vou mentir que lamentei… Achei aí uma belíssima história de Ano Novo, vida nova para Paulina, e tudo deu certo, final feliz. [risos]. 

Essa é a nossa história de hoje. Se você quer mais histórias como esta, assine o nosso Apoia-se, 10 reais mensais e você recebe histórias novas todos os dias, de segunda à sexta-feira. Logo que você abre seu e-mail de manhã eu já estou lá contando histórias para você. E tem um acervo lá de umas 130 histórias agora já, inéditas, para você ouvir. Eu vou deixar aqui na descrição do episódio o link do Apoia-se. Dá essa força aí pra gente, que Ano Novo a gente tem muita coisa para fazer para vocês, e a gente só consegue viabilizar as coisas por causa do apoio que a gente tem lá no Apoia-se. Então é isso, gente, um beijo e eu volto amanhã. 

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.