título: entidade
data de publicação: 28/08/2023
quadro: luz acesa
hashtag: #entidade
personagens: edson
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra um Luz Acesa. E hoje eu vou contar pra vocês a história do Edson. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]O Edson é adepto aí desses aplicativos de pegação — nada assim para romance, é pra pegação mesmo —, então, vez ou outra ele abre o aplicativo e acaba saindo com alguém. O Edson ele viaja muito a trabalho, então ele estava viajando a trabalho e resolveu ligar o aplicativo de pegação na cidade que ele estava e ele não conhecia ninguém, não conhecia a cidade, não conhecia nada. Então, de cara ele abriu, ele já viu um cara ali que ele achou gato e eles começaram a conversar, assim, de imediato… E aí trocaram telefone, quando ele chamou o cara no WhatsApp, não aparecia a foto… — Mas ele tinha visto foto do cara no aplicativo e eles começaram a conversar. — Conversaram ali meia hora, a conversa ficou mais quente e eles resolveram se encontrar… O Edson tinha conversado com a mãe dele um pouco antes, a mãe dele tinha falado que tinha sonhado com ele, que tinha tido um sonho estranho com ele e tal, mas não comentou muito como foi esse sonho e ele falou: “Ah, mãe, coisa da sua cabeça porque eu estou viajando e tal, né? Mas tá tudo bem aqui, eu vou ficar só mais essa noite aqui, amanhã meio—dia o meu voo sai, então tá tudo certo”.
Ele marcou com esse cara 22h00 da noite num lugar ali da cidade que ele não conhecia. Chegando no local, era realmente o cara que ele tinha visto ali no aplicativo e ele começou a conversar com esse cara, era tipo uma praça, mas ele achou estranho que era um lugar um pouco vazio, né? Mas ele não conhecia a cidade, era uma cidade pequena, enfim, ele achou que tudo bem. — Ê, Edson… — E aí eles começaram a conversar, mas no sentido de ver onde eles iam se pegar. O Edson tinha falado pra ele ir até o hotel onde o Edson tava, só que o cara não quis. O cara disse que ali na cidade todo mundo conhecia ele, então ia pegar mal se ele fosse no hotel e ele falou: “Olha, a minha casa é uns cinco quarteirões daqui, dá pra gente ir pra lá”. Só que era um bairro onde é um loteamento, só que tem vários lotes ainda pra vender, alguns lotes em construção e, assim, algumas casas feitas, então tinha muito lugar ermo, né? O Edson chegou até falar… Olha que coisa louca, hein, Edson? “Ó, tem um monte de casa em construção aqui, vamos entrar numa dessas casas aqui mesmo e tal” e o cara falou: “Não”, falou: “Vamos pra minha casa, a gente pode ficar tranquilo e tal em casa”.
E aí eles começaram a andar lado a lado e, a partir do momento que eles estavam andando lado a lado, o cara parou de falar e começou a olhar muito pros lados, assim… — Gente, parece uma armadilha, né? Uma cilada. — Conforme o Edson estava andando do lado desse cara, ele não sabe explicar direito como isso aconteceu, mas ele sentiu uma mão no ombro dele. — Assim, atrás… — Ele não conseguia ver quem era, mas ao mesmo tempo que ele não conseguia ver quem era, ele via que quem botou a mão no ombro dele foi um homem, negro, muito alto, vestido com um terno branco e um sapato muito brilhante. Conforme este homem botou a mão no ombro dele, o Edson falou: “Andréia, eu juro pela minha mãe… Eu vi esse rapaz que estava comigo cavando um buraco num quintal onde tinha uns bancos assim branquinhos e arrastando o meu corpo. Eu via o meu tênis…” — e ele estava com um tênis caro, um tênis diferente — “Eu via ele me arrastando pelos pés e eu via o meu tênis e ele me jogando no buraco”… Foi isso que o Edson viu assim que este homem colocou a mão no ombro dele. Ao mesmo tempo que ele via isso, ele estava andando, gente…
Ele estava andando, só que ele não estava vendo mais nada, ele estava vendo essa cena. Ele parou… Quando ele parou, ele escutou este homem que segurava no ombro dele falar: “Não pare, a hora que você chegar ali na esquina, em vez de você ir com ele direto, você vai virar” — só tinha um lado para virar — “Você vai virar e vai andar sem olhar para trás, o restante você deixa comigo”. O Edson sem entender nada, mas com aquela cena dele sendo jogado num buraco raso num quintal aí que seja, quando chegou na esquina, era uma esquina que ia reto ou você virava a direita, era uma esquina tipo um T, assim… Ele virou a direita sem falar com o cara, sem olhar para o cara e começou a andar muito rápido. E aí ele ouviu o cara falar alguma coisa, mas não olhou para trás, porque foi o que foi falado para ele, não olhar para trás… E aí ele andou, andou, andou porque ele não sabia, ele estava no meio desses loteamentos assim, né? Então, se o cara viesse atrás dele e desse, sei lá, uma pedrada, uma paulada na cabeça dele, arrastasse para um terreno ali já era, né? E ele continuou andando rápido, rápido, rápido, até que ele chegou numa avenida e, na avenida, ele achou ali um bar, um boteco que estava aberto e isso orientou para poder voltar para o hotel. Ainda teve que voltar caminhando porque não tinha Uber, não tinha nada…
E, enquanto ele estava caminhando para o hotel — por essas ruas que ele não conhecia, mas agora já eram ruas com casas mesmo, né? — Ele uma hora ele olhou pro lado do outro lado da rua, numa esquina, e ele viu esse homem que tinha acompanhado ele ali, olhando. E aí ele voltou para o hotel tremendo, sem entender direito o que tinha acontecido, entrou no WhatsApp pra falar com o cara e ele já estava bloqueado por esse cara no WhatsApp, entrou no aplicativo de pegação para tentar falar com o cara e ele, assim, ele falou: “Andréia, eu não ia… Eu não tinha como falar para o cara: “Olha, eu achei que você fosse me matar, eu ia pedir desculpas e inventar alguma coisa, né?”, mas o cara também tinha sumido do aplicativo dele, ele não conseguiu falar com o cara, não conseguiu achar o cara mais. E aí ele achou estranho, né? Mas também o cara pode ter ficado com ódio, né? Se tudo isso foi uma alucinação, foi um sonho, né? Ele ficou muito em choque, assim, ligou para a mãe dele e falou: “Mãe, estou aqui no hotel, já vou dormir”, não contou para mãe dele o que aconteceu… E aí a mãe dele contou o sonho que ela tinha tido, que ele tinha ficado desaparecido por oito meses e depois os restos dele tinham sido encontrado num lugar que ela não conseguia saber onde era, mas que tinha alguns banquinhos brancos e ela bateu o olho no tênis, que era um tênis diferente, laranja assim, a hora que ela bateu o olho no tênis, ela falou: “É meu filho”. [efeito sonoro de tensão]
Então veja, a mãe não tinha contado o sonho para ele, porque ela ficou preocupada, né? Falou: “Não vou contar um negócio desse pro meu filho”, mas quando ele voltou e ele ligou de novo para ela, ela resolveu contar e o sonho batia com a imagem, com a cena que ele tinha visto assim que este homem botou a mão no ombro dele. Passou… Ele pegou o avião e ele veio embora, veio para casa e, assim que ele chegou em casa, a mãe tinha contado o sonho para todo mundo, inclusive para a irmã dele, que a gente pode chamar aqui de Diana. E aí a Diana, que é irmã dele, falou: “Quando a mamãe me contou esse sonho, eu pedi para que meu Exu te acompanhasse onde quer que você estivesse e não deixasse nada acontecer com você”. — Eu fiquei chocada… — Então só pode, este homem que apareceu e pegou no ombro dele, que ele mesmo de costas ele conseguia ver o homem, conseguia ver toda essa cena, tudo, e ouvir esse homem, era o Exu da Diana? Era um Exu? — Da Diana não… Não sei como é isso… — Que estava ali, que estava por ali, que ouviu esse chamado da Diana?
Até hoje o Edson não acredita 100%, assim, ele acha que que pode ser uma grande coincidência, sei lá. Mas se a mãe dele não contou o sonho pra ele, não tinha como ele ver essa imagem, né, gente? Tinha? Não tinha para ser uma coisa, assim, uma coincidência… Eu sou muito cismada também, então, assim… Mas se uma entidade, se alguém botar a mão no meu ombro e fala: “Faz isso”, eu faço gente, ainda mais me mostrando que eu vou ser botada num buraco… Ele deu até um tempo dos aplicativos e tal, e quando ele vai pra fora, para lugares que ele não conhece, ele não liga mais o aplicativo… Deixa pra usar só aqui mesmo, que é onde ele conhece, que ele sabe onde ele pode ir e tal, com caras que ele já saiu e tal. — Eu fiquei chocada… — Se realmente algo fosse acontecer, essa entidade que apareceu e que pegou no ombro do Edson, salvou ele da morte. — Salvou ele da morte. — E aí eu fico pensando: Mas por outro lado, não dizem que a nossa hora da morte já está escrita? Não era hora então do Edson? E é por isso que ele conseguiu se livrar? Porque muita gente não consegue se livrar, né? Fiquei com muitos questionamentos, mas achando bom que se tiver, sei lá, um sobrenatural que venha ajudar a gente a não morrer, achei bom, achei ok.
[trilha]Assinante 1: Olá, Déia, olá, Não Inviabilizers, aqui quem fala é a Thalita de Barcelona. E, [suspiro] tive que parar um pouco, respirar depois dessa história, porque a única coisa que eu tenho pra dizer agora é: Quem tem Exu, tem tudo. As pessoas elas tem a imagem de Exu como se fosse o demônio, o diabo, uma ideia muito catequizada, mas pra nós, povo de axé, nós sabemos que Exu é caminho, é energia, vida, determinação, é o nosso melhor amigo, é aquele que vigia os nossos passos, que coloca a gente em contato com as nossas próprias sombras e também aqueles que nos livra daquilo que não é proveniente da luz. Axé pra quem é de axé e boa noite pra quem é de boa noite, porque ali quem estava na frente era o Seu Zé. Um beijo pra todo mundo.
Assinante 2: Olá, Não Inviabilizers, aqui é Paula de São Paulo. Oi, Edson, eu amei a sua história… Uma história para fazer muitas pessoas se conscientizar que Exu, Pomba Gira, não são entidades do mal, né? Então, acredito sim que o Exu da sua irmã foi te ajudar, foi te livrar do que ia te acontecer e, talvez, acredito que se não fosse isso, você não estaria aqui hoje para contar sua história. Então, agradeça muito a sua irmã, ao Exu da sua irmã, tenha sempre pensamentos bons e muito cuidado quando for sair com alguém desses aplicativos, porque nem todo mundo quer conhecer pessoas legais, né? Tem muita galera que quer só fazer o mal com o próximo. É isso, um grande beijo para você, pra sua irmã, para sua mãe, para todo mundo.
[trilha]Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram, sejam gentis aí com o Edson. — Vocês acham que era realmente o Exu que a Diana mandou? Ou sei lá, Exu não faz isso? Eu estou falando aqui sem saber, tá? — Comentem lá vocês que entendem, que são da religião e tal. O que é isso? Como que foi isso? Foi um livramento que o Edson teve? — Fiquei bem chocada. — Então é isso, gente, um beijo e eu volto em breve.
[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]