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título: festinha
data de publicação: 30/12/2021
quadro: ano novo de novo
hashtag: #festinha
personagens: angelina e seu vanderlei

TRANSCRIÇÃO

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E cheguei para nossa penúltima história de Ano Novo. Lembrando que semana que vem a gente começa as histórias de férias. A história que eu vou contar hoje não é uma história para criança, tá? É uma história que eu combinei lá com o pessoal do Twitter que eu ia contar. Então é uma história aí pra adultos… Então, se você tem uma criancinha na sala, por favor, ouça de fone, ouça outra hora, tá bom? A história que eu vou contar para vocês hoje é a história de Angelina. Bom, então vamos lá, vamos de história. 

A Angelina ela começou a trabalhar numa empresa de importação e exportação de chá. Então, alguns chás aí da Índia que vinham para cá, essa empresa que não era muito grande da Angelina, é que fazia esse trâmite… E um chás específicos aqui do Brasil que iam aí para vários lugares do mundo também era a empresa da Angelina que fazia esse trâmite todo, né? E ela estava se dando super bem… Porque ela ganhava uma mini, mini micro comissão. Só que essa comissão, quando você coloca ali em grandes quantidades, estava dando um salário bem legal para ela. Então ela estava super feliz nessa empresa. A gente está falando de uma história que aconteceu bem, bem antes da pandemia… 

E essa empresa ela tinha um senhor ali, que a gente vai chamar de seu Vanderlei, que era o dono da empresa que cuidava de tudo. Um senhor muito agradável, um bom patrão, como diz a Angelina. Só que ele era muito, extremamente religioso. E tudo bem, isso não interferia ali no trabalho, né? A Angelina tinha um bom relacionamento com os colegas e tal, e ela entrou nessa empresa em julho de um determinado ano aí que eu não vou citar aqui… E aí o tempo foi passando… Quando chegou ali em novembro, a galera foi se agitando, comentando sobre a festa de Ano Novo, né? Que todo ano ali rolava nas próprias dependências ali dessa empresa de importação e exportação… E estava todo mundo muito animado, mas a Angelina percebeu que rolava um clima malicioso entre todos. 

Ninguém falava nada, mas rolava um clima de malícia. Angelina não sabia explicar, falou: “Bom, deve ser uma festa aí… Uma boa festa, né?”. [risos] E era uma festa que acontecia após o expediente. Então, digamos que 30 de dezembro, seis horas da tarde, acabava o expediente e começava a festa. Não era uma festa para famílias, né? Era uma festa somente para os funcionários e acontecia lá. E aí chegamos [risos] ao fatídico dia 30 de dezembro, onde Angelina participaria aí da primeira festa da firma. E, assim, tinha muita comida… Muita comida típica de vários lugares do mundo. Porque como eles exportavam para vários lugares do mundo, o seu Vanderlei gostava de fazer aí essa graça, né? De trazer comidas de vários lugares e nã nã nã para representar aí os países que eles tinham negócios, né? 

E a Angelina vendo ali todas aquelas comidas típicas, uma decoração muito bonita na mesa assim, uma música ambiente meio que, sei lá, um jazz assim, era uma coisa muito sofisticada real, assim. E ela estava muito encantada… Todo mundo conversando, muitas bebidas e drinques assim, né? E quem estava fazendo os drinques era um rapaz que também trabalhava lá. Então, assim, a festa começou muito boa assim, todo mundo comendo, enfim… Quando deu… Isso era umas seis, né? Que começou ali e tal. Quando deu umas nove horas da noite, a Angelina notou algumas coisas… 

Tipo, tinha um… Eles estavam numa parte da empresa, como se fosse assim, um saguão bonito com sofás e ali que dava meio que para copa. Ficou a copa como uma área de assistência ali para trazer as comidas. E não tinha nenhum staff ajudando a servir, nada, era somente os funcionários. Então ela olhou num determinado sofá ali e ela viu duas pessoas da empresa se pegando assim, se beijando e tal. Ela sabia que aquelas duas pessoas eram casadas com outras pessoas e eles estavam se pegando no sofá ali do saguão da empresa de uma maneira um pouco caliente demais. E aí a Angelina falou: “Nossa, né? Não tá ninguém… Ninguém tá, tipo, escandalizado, né?”. 

E ela, assim, passou o olho novamente ali perto da mesa de comidas e viu também que uma moça que trabalhava lá como tradutora estava se agarrando com um cara, meio encostado na parede… E ela teve a impressão, um pouco a impressão, de que o cara parecia que estava com a calça um pouco abaixada… Mas o ambiente lá estava meio que à meia luz, desde o começo. Era uma festa muito sofisticada. Sabe quando você vai num jantar que é, sei lá, a luz de velas assim? Eu não consigo comer no escuro, gente… Para mim não dá, eu ia ter que ligar a lanterna do celular para ver o que eu estou comendo. 

Mas ali estava quase isso, sabe? Tava uma meia luz. E aí ela foi reparando… [risos] Que realmente aquele casal que estava encostado na parede, estava transando. E que o povo ali do sofá realmente estava se pegando. E ela notou que ali depois que deu nove horas, aquela festa da firma, virou uma grande suruba… Uma grande suruba. Onde não tinha… Onde não tinha lei. [risos] Não tinha lei, não tinha nada. Se você quisesse, mergulhava ali. E ela foi ficando chocada e, ao mesmo tempo assim, sabe aquela coisa? “Estou num filme”? [risos] Como diz a Boca Rosa: “Que isso? Um filme?” [risos] 

E Angelina não estava acreditando no que ela estava vendo. Porque assim, gente, eram pessoas que estavam com ela ali no dia a dia e que, enfim, estava todo mundo meio que se pegando real. E aí ela resolveu entrar no refeitório, porque o refeitório estava aceso. Ela falou: “Gente, socorro, né?”, ela não queria participar, ela foi pega de surpresa. Ninguém falou nada, tipo, “Olha, a festa até às nove é uma coisa e depois das nove é uma suruba”. Tanto que ali pelas oito e meia, um pessoalzinho foi embora. Provavelmente esse pessoalzinho sabe o que acontece depois das nove na festa dessa empresa. Vamos chamar aí de Pônei Chá… Na Pônei Chá. [risos]. 

E aí ela entrou no refeitório e, assim, o refeitório era um corredor, você virava à direita, tinha ali umas mesas e a esquerda tinha uma copa, uma cozinha mesmo e tal, né? E quando ela virou pra ir para a cozinha, ela viu uma cena que ela jamais gostaria de ver na vida… Que foi o que? Um funcionário, que trabalhava diretamente com ela, então os dois trabalhavam vendendo os chás, né? Que era onde dava a comissão e nã nã nã. Ele estava… Eu vou ter que falar essa parte, eu não vou contar detalhes aí da suruba, mas essa parte é interessante para a história. Ele estava debruçado na mesa com as calças abaixada e seu Vanderlei, aquele idoso… Idoso religioso, estava… Como é que eu vou dizer isso? Lambendo o fiofó do rapaz. 

E aí seu Vanderlei falava coisas do tipo: “Você gosta da minha língua?” [risos] Coisas relacionadas a lamber e língua. E aí a Angelina ficou paralisada… Porque, assim, se ela voltasse, ela ia cair lá na surubona, se ela fosse para a frente, eles iam ver que ela estava ali, né? E era dono da empresa. E aí ela ficou parada. Onde ela estava ela ficou parada assim, meio que de lado, tinha meio que uma geladeira assim industrial quase na frente dela e ela ficou ali esperando aquela lambeção acabar. [risos] E ela falou: “Andréia, durou uma eternidade… Seu Vanderlei lambendo o furico do rapaz”. E aí quando ele acabou, ela ficou meio de lado ali na geladeira, mas viu que eles iam, sei lá, continuar com a coisa e ela voltou e falou: “Bom, eu vou atravessar a suruba, tipo, o mar de pessoas e vou embora”. 

E aí foi isso que ela fez… Ela atravessou ali o mar de suruba e pegou a bolsa dela e foi para casa em choque. [risos] Não conseguiu contar para o marido dela, não conseguiu nada… Ficou assim… Passou a noite sentada na cama em claro. [risos] Aí veio o dia 31, veio o Ano Novo… Quando acabou o recesso que ela voltou, aí o pessoal… Ela tinha virado meio que… Não uma piada, mas o povo estava achando graça assim dela, porque ela não achou que a festa fosse naquele sentido. E aí vieram conversar com ela, que eles não eles não costumavam contar isso antes… E aí era o único dia que eles faziam isso, que era na festa de Ano Novo. Já tinham muitos anos que a festa era desse jeito e quem não curtia, quando dava umas oito e meia já ia embora mesmo, porque sabia que a partir das nove horas era [risos] a terra de ninguém. 

E aí que Angelina foi perguntar as fofocas e tal e acabou comentando, que pegou o seu Vanderlei religiosíssimo lá lambendo o fulano… E fulano estava nessa conversa… Ele começou a rir e falou: “Amiga, ele aqui, entre os funcionários, ele tem o apelido de lambe cu… Porque é o que ele gosta. Ele não faz mais nada, ele só lambe cu”. [risos] Que horror. [risos] E aí o que o seu Vanderlei falava? Que no dia 30 de dezembro, que coincidentemente é o dia de hoje, é o único dia que Deus dá uma viradinha de costas, [risos] e permite que as pessoas façam o que elas quiserem aí da sua vida. Então ele falava muito isso, que somente no dia 30 é que você podia fazer isso. 

Então a festa também ia ali das 9 até umas onze e pouco, né? A festa que eu digo é o surubão da Pônei Chá. E era esse discurso dele, que no dia 30 de dezembro Deus dava aí essa colher de chá. [risos] Gostaram do trocadilho? E aí o seu Lambe Cu, minto, o seu Vanderlei chegou para trabalhar como se nada tivesse acontecido. “Bom dia”, “bom dia”, “bom dia” e, assim, não era um cara que assediava ninguém lá, não era um cara que falava sobre isso… O que acontecia na festa da Pônei Chá, ficava na Pônei Chá e só acontecia aquele dia. E voluntário… Quem entrasse, se quisesse entrar, entrava, né? Quem quisesse ali que seu Vanderlei lambesse o cu era só falar pra ele. [risos] Isso não influenciava em cargos, salário, promoção, nada… O que acontecia ali na Pônei Chá e que Angelina que tem amigos lá diz que isso acontece sempre, então, em algum lugar do Brasil, hoje, quando for dezoito horas que começa a festa, quando for noves horas, vocês podem aí olhar no relógio de vocês e pensar: “Bom, a festa do seu Vanderlei está começando”. [risos]. 

Eu queria ser uma mosquinha para ver, mas eu acho que só tem graça quando você acompanha as pessoas o ano todo, né? Porque as pessoas ali o ano todo você olha e tá todo mundo levando a sua vida ok, quando chega ali na festa de Ano Novo você pode extravasar aí de repente um lado que você, sei lá, não extrapola com seu companheiro, companheira, sei lá… E tem um detalhe: Angelina falou que não, não era uma festa aberta a, tipo, marido, namorado, nada… Então, se você não quer participar sozinho, quando dá oito e meia você pega suas coisinhas e vai embora, né? É uma festa somente para funcionários. [risos]. 

E aí, vocês gostariam de trabalhar nessa empresa? Angelina falou que eles pagam muito bem. [risos] Mas também você pode ficar até oito e meio depois vai embora, né? Ou você pode ficar lá assistindo somente, né? Tem um monte de comidinha gostosa, fica ali… [risos] Faz um pratinho e vai fazendo ali o tour pela empresa. [risos] Eu sei que essa história vai quebrar o clima aí família que a gente estava vindo, né? [risos] Desde as histórias de Natal, mas eu precisava… Porque é uma história muito interessante de Ano Novo. De repente, você está trabalhando num lugar que você não sabe que em um único dia específico do ano aquela empresa vai virar um surubão. É muito bom, gente, é uma história muito boa. Então, essa é a história da Angelina. 

Hoje é dia 30 de dezembro. [risos] Segundo o seu Vanderlei, o dia tá liberado. Então pensem nisso. Um beijo e amanhã eu volto pra nossa última história da semana e do ano, né? Semana que vem já ano novo, histórias novas. Então um beijo e até amanhã. 

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.