título: hotel
data de publicação: 08/01/2023
quadro: férias na zona morta
hashtag: #hotel
personagens: gislaine
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Especial de Férias Não Inviabilize. [vinheta]
Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra nossa última história de férias. — Uma história de férias na Zona Morta e, se vocês repararem, eu escolhi até agora histórias onde as pessoas são salvas. Eu quis fazer isso, de propósito, [risos] pra também não ser só zona morta, morta, né? Então, eu optei por histórias de salvamento. — E a história que eu vou contar hoje pra vocês, que é a história da Gislaine, também é uma história de salvamento. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]
A Gislaine ela é comissária de bordo… — As pessoas que trabalham em companhias aéreas elas têm umas vantagens em passagens, em hotéis, enfim… — E a Gislaine teria um espaço vago ali de quatro, cinco dias entre uma escala dos voos dela e outra, e ela estava, digamos que… — Eu vou falar qualquer lugar, tá? Mas não é especificamente nesse lugar. — Ela estava, digamos que, em Roma. E aí ela falou: “Poxa, muito legal, eu vou tirar uma mini férias. Vou ajeitar aqui o que a gente tem de vantagens e hotéis e tal, de repente, pegar um voozinho daqui de uma parte da Itália para outra parte e nã nã nã, rapidinho” fez um bem bolado lá e conseguiu até trocar a escala dela. Então, em vez de cinco dias, ela conseguiu oito dias pra curtir ali na Itália. E ela fez o itinerário, né? Então ela ia ficar três dias num lugar e depois ia para outro ficar mais cinco dias. Ela fez esses três dias, foi tranquilo, foi suave, passeou, fez compras, tirou fotos [efeito sonoro de disparo de câmera] e nã nã nã, postou, e foi para este outro lugar, um outro lado da Itália, terminar ali a viagem dela de férias — mini viagem — pra depois já pegar um voo de lá, uma escala que já ia ser a escala dela.
Estava tudo certo, ia ser perfeito pra ela do jeito que estava. Quando ela chegou no hotel que ela ia ficar, ela nunca tinha ido para aquela cidade… [efeito sonoro de tensão] Ela teve a sensação de já ter estado ali, de alguma forma. E a Gislaine vinha sonhando… Sabe quando você sonha de uma maneira agitada? Mas você não lembra o sonho? Ela não lembrava, mas conforme ela foi andando por aquele hotel, ela foi se lembrando, tipo “poxa, eu acho que as coisas que eu sonhei eu estava nesse hotel, mas eu nunca vim aqui. Como eu sonhei com um lugar que eu nunca vim?”. E aí também bobagem… Esqueceu, deixou as coisas dela no quarto dela de hotel e tal e foi turistar… Fazer os passeios e tal… Voltou por volta de umas oito horas da noite, super cansada e era tomar um banho, deitar, pra outro no outro dia fazer os outros passeios. Tudo isso sozinha…
Aquele primeiro dia que a Gislaine estava ali no hotel, ela dormiu pesado… Pegou no sono real… E quando foi ali umas duas da manhã — dentro do quarto dela — alguém sacudiu a Gislaine… Aí a Gislaine muito assustada, acordou, assim, de solavanco e, quando ela olhou, era um amigo dela chamado Giancarlo, um francês que trabalhava junto com ela em alguns voos. Eles eram amigos. E aí o Giancarlo virou para a Gislaine e falou assim… — Ela não entendia, ele estava dentro do quarto com ela e ela tinha trancado tudo. — Falou: “Pega aquela mesa…”, tinha uma mesinha, assim, uma mesa de ferro mais pesada, “coloca na porta”. E a Gislaine sem entender completamente ali, ainda meio dormindo, foi lá e arrastou a mesinha pesada de ferro até a porta e apertou bem ali. — A porta estava travada com o cartão e tal, travada. —
Do jeito que ela pôs a mesinha ali, ela voltou e sentou na cama e ficou olhando para a porta. Ela não estava entendendo nada… — E, assim, do lado ela via o Giancarlo, do lado dela. — E aí, passado dez minutos, a luzinha de dentro da porta, conforme você põe o cartão por fora pra ela abrir, a luzinha verde acendeu e a porta destravou… Só aí que ela realmente acordou e percebeu o perigo que ela estava. E com a mesinha ali, a pessoa deu uma forçada na porta e ela começou a gritar. [efeito sonoro de pessoa gritando] “Quem está aí? Quem tá aí?” e começou a bater na porta, aí o barulho parou… E ela ligou na recepção e na recepção tinha um homem que demorou pra atender e a Gislene falou: “Deve ser ele que está tentando entrar aqui no quarto, né?”. E aí quando ela virou para falar com o Giancarlo, o Giancarlo não estava mais lá no quarto. E aí ela não entendeu… Foi até a varanda, tipo, “por onde que ele entrou e por que ele saiu?” e ela ficou acordada até de manhã, até ligar seis da hora manhã na recepção e aí já ser uma moça e contar o que foi que aconteceu e pedir para o hotel chamar a polícia.
E aí chamaram a polícia, a polícia pediu para ver as câmeras e realmente era o recepcionista do hotel do turno da madrugada que tinha tentado entrar no quarto da Gislaine. E aí, vocês me perguntam: E Giancarlo? Giancarlo… — Eles não tinham as mesmas escalas, né? Estava em outra escala… — Ela tinha encontrado o Giancarlo fazia uns 20 dias daquela data ali que ele apareceu no quarto dela. E aí ela pegou o telefone e mandou a mensagem para o Giancarlo falando: “Você não sabe o que aconteceu, eu sonhei com você, que você estava aqui no quarto me avisando e tal”. E ela não teve resposta o dia todo e ela obviamente trocou de hotel, teve que ir na delegacia, enfim, né? O cara foi detido, mas ela não sabe se ele ficou preso, não ficou, enfim… Quando ela chegou no outro hotel, se instalou e tal, já era final de tarde, assim, ela mandou mensagem para um outro amigo que não era tão amigo dela, que era só conhecido, mas era bem amigo do Giancarlo.
E aí ela ficou sabendo que o Giancarlo — fazia uns oito, nove dias — tinha falecido… Ele tinha morrido de um problema que ele nem sabia que ele tinha no coração e deu lá uma coisa e ele morreu… E os amigos avisaram quem deu para avisar, né? Que, assim, enfim, não chegou nela a notícia que ele tinha morrido. E aí ela ficou em choque, porque então não era sonho, né? O Giancarlo, que era um amigo dela, francês, apareceu no quarto pra falar para ela botar mesinha atrás da porta. E eu ainda perguntei pra ele Gislaine, eu falei: “Mas ele estava falando com você em português?”, ela falou: “não, em francês”, porque ela fala francês também… “E eu respondi pra ele em francês também, botei a mesinha ali e fiquei… E ele ficou ali comigo e depois sumiu”. E o Giancarlo apareceu no quarto então, provavelmente em espírito? Pra avisar a Gislaine pra ela se proteger, porque, ai… — Não gosto nem de pensar, gente… — Ela ia estar dormindo, ela estava dormindo pesado… Ele ia abrir a porta com cartão e só Deus sabe, né? No meu caso, eu já ia me assustar com o Giancarlo no quarto. Eu já ia gritar pelo Giancarlo tá no quarto. [risos] Então, provavelmente o recepcionista nem ia chegar na porta, porque eu ia gritar antes. Mas ele salvou a vida da Gislaine, né?
Assinante 1: Oi, gente, oi, Déia, Carolina aqui de Minas Gerais. Eu sou uma das que custa ouvir Luz Acesa, mas eu acabo ouvindo porque sou curiosa e porque eu tenho as minhas manias de vencer todos os episódios, né? [risos] E ouvi esse Luz Acesa muito mais apavorada com os vivos do que com os mortos… Como sempre, né? A gente que é mulher sabe que não tem um minuto de paz. E é um pouquinho de alento saber que em outras zonas aí, [risos] querendo ou não, tem pessoas, tem espíritos de luz aí querendo proteger a vida e a integridade do corpo das mulheres. Mulheres, vamos nos atentar, nos unir e não há fuga. [risos] Um beijo.
Assinante 2: Olá, Não Inviabilizers, aqui é a Paula de São Paulo. Oi, Déia, oi, Gislaine… Tem um ditado que minha mãe sempre fala pra mim: Quem tem amigos não morre pagão. E eu concordo plenamente… Apesar de ter acontecido isso com o seu amigo Gian, dele ter falecido, ele foi e acabou salvando a sua vida. Sabe se lá o que esse recepcionista faria com você caso conseguisse entrar no quarto. Então, ainda bem que você não teve medo, você ficou meio desnorteada, mas não teve medo… E é isso, acho que na nossa vida, assim, a gente tem que levar essas pessoas ao nosso lado mesmo, amigos de verdade, tanto em vida quanto depois da morte. Um beijo, Gislaine.
[trilha]
Déia Freitas: Bom, essa foi a última história da nossa série aí, quatro histórias de Férias na Zona Cinza, quatro histórias de férias na Zona Morta. Segunda-feira agora a gente volta as histórias normais aí do dia a dia. Espero que vocês tenham gostado desse Especial de Férias. É nóis aí mais um ano. — Espero que inteiro. [risos] — E vamo que vamo, gente… Um beijo e eu volto em breve.