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título: lindóia
data de publicação: 12/06/2020
quadro: picolé de limão com groselha – especial dia dos namorados
hashtag: #lindoia
personagens: marcela, claudio e gilvaneide

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei para mais uma história, hoje, para um especial de Dia dos Namorados. Continua sendo o Picolé de Limão porque o estúdio onde eu gravo continua fechado, né, nós estamos em quarentena, então, você pode ouvir aí no fundo das histórias um miado, um latido, ou a sirene do vigia ou até a minha prima gritando alguma coisa ao fundo, então são coisas que eu não consigo evitar, eu estou gravando em casa.

Hoje, especial Dia dos Namorados – Picolé de Limão com Groselha, o sorvetinho da capa tá até rosa, normalmente é o sorvete de limão verdinho, e tá rosa porque é um especial, então, além dos assinantes que vão receber as histórias nos seus e-mails, essas quatro histórias estarão disponíveis também em todas as plataformas aí de áudio [efeito sonoro de gritos de alegria: êeeee] de maneira gratuita. Se você quiser e puder, apoie o meu trabalho, assine, tem mais cinquenta histórias para assinantes e assim que voltar o estúdio, né, assim [risos] que sair uma vacina, eu volto a gravar em estúdio, ou talvez, eu estou vendo de me equipar para ter uma qualidade melhor de estúdio em casa, e aí a gente passa a fazer em casa definitivamente, mas isso aí eu ainda tô estudando, então, vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A história de hoje é a história da Marcela e do Cláudio. Eu garimpei algumas histórias antigas de Dia dos Namorados lá do Twitter que eu recebi, e a história da Marcela é uma dessas histórias. A Marcela e o Cláudio eles tinham um namoro ótimo, namoro de três anos, e assim, nesse meio tempo tanto ela quanto ele ficaram com o nome sujo, então eles não conseguiam ter um cartão de crédito, fazer um crediário, esse tipo de coisa.

E aí a Dona Gilvaneide, mãe da Marcela, que emprestava o cartão. O quê que ela fez para não ter confusão com as coisas dela? Ela tirou um cartão específico que ela emprestava para Marcela e para o Cláudio, então o que eles quisessem, eles compravam, eles pagavam, ela só recebia a fatura em papel mesmo, né, e avisava os dois e eles lá pelo site conseguiam pagar até sem ter a fatura na mão, então era assim que acontecia.

E nunca tinha dado problema, nunca deu problema de nada, chegamos ao Dia dos Namorados, e o que aconteceu? Eles só eram namorados, estavam juntos há três anos, mas não moravam juntos, então no dia dos namorados o Cláudio passou mal, então quando foi lá pelas quatro horas ele mandou uma mensagem para Marcela falando que ele estava saindo mais cedo do trabalho, que ele estava mal, que a pressão dele parece que tinha caído e ninguém sabia porquê, e ele foi para o PS e lá foi medicado e ele tinha que repousar. 

E era o Dia dos Namorados, então ele fez um texto para ela no Facebook, né, falando do amor dele e nã nã nã, e mandou, publicou. Só que engraçado que esse texto não teve curtidas, assim, não teve comentários, normalmente tem, né? Todo mundo gosta de um texto fofinho e comenta, e parecia que o texto, depois a Marcela foi se ligar que o texto era restrito, então ele fez o texto no Facebook e ele colocou tipo só para ela ver, então só ela que interagiu ali com aquele texto, onde ele falava que ele estava doente, mas que ele queria estar com ela e nã nã nã. 

Passou, gente, praticamente um mês, e normalmente como que eles faziam com as faturas da Dona Gilvaneide? Chegava a fatura de papel, mas eles praticamente nem abriam e viam tudo pelo site, aí eles separavam lá o que era gasto da Marcela, o que era gasto do Cláudio, e cada um pagava o seu. Excepcionalmente na fatura de julho, o Cláudio um belo dia chegou lá na casa da Marcela, né, Marcela morava com Dona Gilvaneide e falou: “olha amor, não precisa se preocupar com essa fatura que eu fiz muita hora extra mês passado e eu paguei tudo tá zerada”, aí ela “nossa, amor, que maravilha, né? Obrigada e tal”. Então tipo, a Marcela achava que ela tinha uns quinhentos e pouco de fatura para pagar e ele pagou, então ótimo, né, e assim o assunto passou. 

E a fatura de papel ela nunca pegava também, mas de repente aquela daquele mês o Cláudio levou, e também, gente, ninguém se tocou de nada… E a fatura que ele levou já estava aberta porque Dona Gilvaneide, a fatura chegava ela só abria para ver o valor, tipo ficar esperta se eles iam pagar, mas não olhava nada, não detalhava fatura, nada. Mas uns dias ali, Dona Gilvaneide estava ali passando uma roupa, né, Marcela estava tomando um café e a Dona Gilvaneide falou: “nossa, mas esse mês vocês gastaram, hein”, aí a Marcela falou: “ué, como assim mãe, gastamos o quê?”, ela falou: “nossa, Marcela, a fatura veio quase dois mil reais, ah, eu achei muito, né, fiquei preocupada. Vocês já pagaram?”, aí a Marcela falou: “não, o Cláudio me falou que ele pagou a fatura integral, né, mas eu acho que é um engano mãe, acho que não veio tudo isso”, ela falou: “não, eu abri e realmente veio tudo isso, veio quase dois mil”. 

Então, assim, se a Marcela estava devendo uns quinhentos de fatura, que era ali de um Uber, dum negocinho que você come ali, de uma coisinha que você compra na internet aqui, assim, miudezas… De onde eram os outros mil e quinhentos reais, assim? Ela ficou meio cabreira, ela falou: “bom, eu vou pedir a segunda via da fatura pela internet”, a Marcela cabreira em vez de fazer tudo ali na surdina para ver o que tinha acontecido, ela não aguentou e pegou o telefone na frente da mãe dela ali, a mãe dela passando roupa e ligou para o Cláudio, e falou: “ô Cláudio, minha mãe tá falando aqui que veio dois mil reais de fatura, o quê que tem nessa fatura?”, Cláudio gaguejou, gaguejou, gaguejou e falou que estava ocupado que depois falava com ela, mas ele falou assim: “ah, lembra a Dona Gilvaneide que eu falei para ela que ia gastar um pouco mais, que eu ia fazer uma surpresa”, e aí ela com o Cláudio ainda no telefone falou com a Dona Gilvaneide, ela falou: “ah, é mesmo ele falou que ele ia gastar mais, que ele ia fazer uma surpresa para você”. 

E assim, o erro da Marcela foi ter contado para ele nesse minuto, ela devia ter apurado a fatura antes, mas ela não apurou e ela comentou com ele, então ele teve um tempo de bolar uma história e a história foi o seguinte, assim que ela desligou o telefone, ela entrou na internet, e assim, você pode pedir a segunda via para te mandar pelo e-mail, mas você já vê ali na hora os gatos. E aí assim, tinha um gasto de uma loja conhecida que vende joias, e se eu falar o nome aqui todo mundo conhece, tinha lá uma compra nessa loja à vista, detalhe: Cláudio sempre parcelava o máximo que dava e essa compra estava à vista, e tinha o pagamento da noite, do dia… Não dá para saber se é noite ou dia, mas do dia 12/6, do motel, vamos dar um nome aí para o motel: Motel Lindóia, era um nome tipo assim, um motel muito famoso e muito caro. 

Aí ela começou a tremer, porque ela falou: “eu não fui no motel e eu não ganhei, nem no dia seguinte, não ganhei joia nenhuma”  — essa parte da história é o que eu penso, ele ficou sem dinheiro, porque Cláudio tinha acabado de pagar o cartão —, então na cabeça dele o quê que deu para ele fazer, quando a Marcela ligou para ele P da vida novamente, falando: “quê que é isso aqui de Motel Lindóia?”, ele falou: “olha, eu comprei uma joia para você, a joia tá aqui” — para mim essa joia nunca existiu, quer dizer, existiu e ele deu para uma outra moça, mas ali na hora que ele estava falando, ele estava mentindo, ele estava ganhando tempo para ver se ele comprava outra joia — “e o motel o quê que aconteceu? Eu paguei antecipado porque precisava reservar, porque era Dia dos Namorados, podia não ter a suíte que eu queria, e no dia você sabe, eu passei mal e a gente não foi”.

— Então, quer dizer gente, colou, não é? É uma história plausível, tipo, ele pagou antecipado o motel para reservar o quarto, que era tipo, vai, à suíte presidencial — ele pagou antecipado para reservar, pra ter a suíte para eles e comprou uma joia para ela, só que no dia não aconteceu. Só que passou um mês, ela falou que depois disso eles foram no motel, não naquele motel, mas no motel que regularmente eles iam, e ela não ganhou presente nenhum e ele não levou… já que estava pago esse motel, por que que ele não levou? O que ele alegou? Que ele não levou porque ele agora ia esperar uma outra data especial, que seria o aniversário dela, em setembro. Então eles estavam ali em julho, agosto e setembro.

E aí ele ia aproveitar e dar o presente de Dia dos Namorados no aniversário dela, que seria a joia. — Então o cara foi muito esperto, muito esperto, porque ele ia ter tempo de comprar uma joia na mesma loja, agora em dinheiro, né? Porque, sei lá, ia se virar, né, e sei lá, de repente, ele ia lá também e pagava o motel antecipado para dar tudo certo — Tinha que dar tudo certo. E não tinha muito como dar errado, se não fosse a Marcela uma pessoa cismada, assim, estava tudo muito certo, uma história totalmente plausível, inclusive, Dona Gilvaneide acreditou e falou: “não, era isso mesmo, ele até me falou antes que ele ia fazer uma surpresa para você sim, que não era pra eu contar nada pra você, nem te dar a fatura do cartão e eu esqueci disso, ainda bem que ele veio aqui e pegou”. 

E assim, a coisa podia ficar por isso mesmo, né? Só que Marcela resolveu ir até o motel checar. A história estava muito amarradinha, perfeita, sabe? E a Marcela ficou com a pulga atrás da orelha, Dona Gilvaneide falou que ela estava doida, para esquecer isso, não sei o quê, mas ela ligou no motel e falou: “olha, o cartão da minha mãe foi utilizado neste motel no dia 12 e eu quero saber quem utilizou porque a minha mãe não foi para o motel nenhum”, tipo, ela jogou um verde, não falou nada do namorado dela. E acabou perguntando também: “eu queria saber se foi alguma reserva antecipada ou o que foi, né”, e a moça falou “olha, eu vou te passar para o gerente”, e o gerente falou para ela que não existia isso de reserva antecipada, ele não antecipou nada porque isso não existia no motel, tipo, você chegava e se a suíte estava disponível você pegava, senão você tinha que pegar outra, ele falou que a única possibilidade de reserva era quando era para casos assim de casamento, né, lua de mel, que a pessoa vai passar antes, mas não podia ser em feriado, nem datas, assim, comemorativas porque o motel fica lotado nessas datas, naquele motel específico, Motel Lindóia — que é o nome fictício, né, se tiver um Motel Lindóia por aí, não é esse. —

Não existia reserva, então ela falou: “bom, então alguém usou o cartão da minha mãe no motel”, e aí ele falou: “olha, o que eu posso fazer para você é checar câmera, mas eu preciso falar com advogado antes, eu não sei como funciona isso”, enrolou ela lá. E aí Marcela viu que seria difícil conseguir alguma imagem, alguma coisa e ela jogou um verde, ela chamou o Cláudio e jogou um verde, inclusive, para Dona Gilvaneide. Dona Gilvaneide até então estava acreditando muito no Cláudio e ela falou para mãe, falou: “olha mãe, eu recebi aqui por e-mail as imagens do motel e o Cláudio estava lá, foi lá para o motel com outra moça no carro dele e tudo”, ela não sabia até então. E aí ela chamou o Cláudio para ir lá na casa, o Cláudio foi e ela jogou esse verde — e, né gente, homem vai até certo limite dependendo da pressão ele acaba espanando mesmo — e o Cláudio espanou e acabou contando.

E aí ele contou que em janeiro — então, quer dizer, ele levou a moça no motel em junho —, em janeiro ele tinha conhecido essa moça, essa moça era lá do trabalho dele e ele se envolveu com essa moça, fazia já quase sete meses que ele estava com essa moça, e ele acabou levando a moça no motel e deu uma pulseira para moça no Dia dos Namorados, aí ele chorou disse que estava com a moça agora mais por pressão porque eles trabalham no mesmo lugar — mentira, né, gente? — e nã nã nã. 

E aí Marcela terminou com ele, né, brigaram, aquele quebra-pau, Dona Gilvaneide tacou coisa nele, deu uma cadeirada em Cláudio. E depois a Marcela foi pegar a fatura, por que o quê que acontecia? Até janeiro era uma tarefa dela separar os valores e depois quem começou a separar os valores era o Cláudio, então ele que separava: “olha, você deve tanto, eu devo tanto”, mas nunca saía muito de um limite do que cada um gastava, né, então ela não olhava a fatura detalhadamente e ela foi olhar e tinha várias coisinhas, inclusive de motel, tipo o cara, estava usando o cartão para levar a amante no motel, o cartão da Dona Gilvaneide, tipo vários meses.

Ele nunca deixou de pagar, ele não deu nenhum calote, mas como ele não tinha crédito, né, ele estava usando crédito da sogra para levar amante em passeios, tomar sorvete, tipo, ela falou que tinha coisa lá, um lugar que era super caro que ela sempre quis ir tomar sorvete e eles nunca foram porque o Cláudio falava que era besteira, que era caro, que sorvete é tudo igual e ele levou a moça. Isso me magoa extremamente, essa coisa de comida, me magoou demais, e ele levou a moça no negócio de sorvete chique.

Então aí acabou tudo, né? Ele não estava devendo nada mesmo, não tinha nenhuma parcela mais no cartão, ele pagou tudo que ele devia. Fim da história de Dia dos Namorados. E ele não tá mais com a moça lá da firma, ele tentou voltar depois com a Marcela, mas a Dona Gilvaneide praticamente ameaçou ele de morte [risos], e ela também não queria então não rolou.

Então, é isso gente, é uma história que era muito legal, porque ela falou que foram três anos muito bacanas e que no final, em vez de ele terminar em janeiro… Porque eu sempre falo isso, né, uma história de amor ela pode ser linda sim e terminar. Ele podia ter terminado com ela em janeiro, ter sido honesto… Tudo bem, a Marcela ia sofrer, mas ia sofrer como qualquer um sofre por amor que acabou. Amores acabam e não é por isso que o amor não deu certo, né? Mas ele tinha que fazer tudo isso e ser um canalha, e agora ele segue aí odiado por Dona Gilvaneide e desprezado por Marcela.

A gente tem um grupo lá no Telegram que chama Não Inviabilize, joga lá na busca que você acha. Comenta lá a história da Marcela, a hashtag dessa história é “Lindóia” e eu até mandei uma mensagem pra Marcela porque faz muito tempo que eu não falo com ela, né, são histórias antigas, para ver como é que tá tudo e para avisar que eu ia contar a história e quem sabe ela colhe aí umas opiniões de vocês lá no nosso grupo. Um beijo e daqui a pouquinho eu já subo uma nova história, são quatro histórias do especial de Dia dos Namorados.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.