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título: noivo
data de publicação: 04/04/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #noivo
personagens: amanda e um cara

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — E hoje eu não estou sozinha, meu publi. — [efeito sonoro de crianças contentes] O episódio de hoje é patrocinado pela Nuvemshop, a Nuvemshop é a plataforma certa para você criar aí sua loja online de forma simples e profissional. Você pode montar o seu negócio do seu jeito, escolhendo os meios de pagamento e os meios de envio. A Páscoa está chegando e uma loja online vai fazer muita diferença no seu negócio, seja ele voltado aí para chocolates ou não. Você pode montar kits, criar promoções aí com cupons… — Agora é a hora, gente. — Eu vou deixar todas as infos aqui na descrição do episódio e hoje eu vou contar para vocês a história da Amanda. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

A Amanda trabalha numa multinacional muito grande, — que a gente vai chamar aqui de Pôneilever — e, na Pôneilever, ela conheceu muita gente. — Essa história não é uma história de firma, mas ela começa na firma. — Entre essas pessoas aí que a Amanda conheceu, ela conheceu um cara, um estrangeiro, né? Estava no Brasil pra trabalhar junto com a Pôneilever aí numas coisas e a Amanda conheceu esse cara. Aí de cara, assim, eles já se gostaram, sabe? Um olhou para o outro, ficou aquele climinha, rolou um flerte, assim… Mas como eles estavam no ambiente ali corporativo, cada um ficou na sua. O tempo passou… Toda vez que esse cara vinha para o Brasil, rolava esse clima, mas eles não ficavam, o cara também era meio paradão… 

E aí um dia a Amanda estava lá andando pela Pôneilever e ela deu de cara com esse cara no corredor. E aí ele sorriu, falou que estava no Brasil agora para ficar um tempo mais longo, de seis meses, e chamou a Amanda para almoçar. — Amanda aceitou, nã nã nã, ficou toda felizinha…— Eles almoçaram… Depois, numa outra oportunidade, ele queria conhecer uns bares aqui — pelo Brasil aí afora, fazer uns passeios — e a Amanda fez um roteiro e tal e, até então, ele não tinha beijado a Amanda ainda. E aí num desses passeios aí rolou um beijo… Não foi aquele beijo uau pra Amanda, mas assim, né? Cada um aí beija de um jeito e esse cara era meio estranho pra beijar, mas a Amanda falou: “Bom, com o tempo eu vou afinando aí, né? Esse beijo…” — Ela gostava muito dele já e ele, aparentemente, gostando muito dela também. — 

E o namoro foi ficando sério… O cara queria conhecer a família da Amanda, a Amanda preparou um jantar com os pais dela ali e todo mundo gostou do cara, porque ele era muito bom moço, sabe? Aquele cara todo engomadinho, todo certinho, todo cavalheiro, todo gentil… Ele era todo bonitinho, todo bonzinho… E o relacionamento foi seguindo, a Amanda muito feliz, ele sempre muito… Muito carinhoso com ela, muito gentil… O tempo foi passando, deu seis meses, esse cara foi embora. Ele ia ficar um tempo — no país dele — e voltar para cá de novo. Por quê? Qual era a ideia dele? Casar com a Amanda e a Amanda tinha a possibilidade de pedir transferência na Pôneilever para um lugar aí que ele estava morando. 

Então a Amanda estava decidida já a conseguir essa transferência, né? Via Pôneilever ali, para um dos braços da empresa, né? Fora do Brasil… E ela já tinha trabalhado um período fora, então não era muito novidade para ela, então estava tudo certo, ela queria isso… E aí começou a correr, né? Ali os preparativos. — Por que qual era a ideia? — Ele queria que o casamento oficial, civil, fosse no país dele. — E eu já fico cabreira daí, coisa minha, mas já fico. — E aqui eles fariam só uma cerimônia religiosa. — Porque era muito importante essa cerimônia religiosa para a família da Amanda. — Então ficou combinado assim, que eles casariam no religioso aqui e casariam no civil, né? Legalmente, no país do cara. — Até aí não acendeu nenhuma luzinha ali na mente da Amanda, pra ela estava tudo certo. Para mim já não ia dar. — 

O casamento foi chegando, o cara mandava foto do apartamento que eles iam morar, das coisas e nã nã nã e estava tudo certo para Amanda, assim, ela estava muito apaixonada, o cara também… — Parecia que estava, né? — E aí um mês antes do casamento ele veio para cá e ele veio com a mãe, o pai e o irmão. — O irmão dele é mais velho. — E aí eles ficaram hospedados num hotel, né? E teria aí a cerimônia. — Religiosa, né? — E a Amanda fez um vestido de noiva maravilhoso, assim, dos sonhos dela, do jeito que ela queria… Não teve nenhum lance, assim, as madrinhas poderiam ir com a roupa que elas quisessem, — contanto que não fossem de branco e nem de preto — enfim… Estava tudo perfeito, do jeito que a Amanda queria. 

Só que tinha um detalhe… Esse noivo da Amanda, ele queria ver a Amanda antes, tipo, preparada pra entrar pra casar. — Ver antes… — Só que aqui no Brasil a gente tem aí uma superstição que o noivo não pode ver a noiva antes do casamento. Só que no país dele não tinha isso, ele não acreditava nisso, né? E ele queria ver o vestido da Amanda. — Eu acho estranho isso, por que ele não podia ver na hora, né? — E aí Amanda disse que não, que ele não ia ver, mas ele insistiu muito para ver e ela falou: “Tudo bem então, eu não vou te mostrar antes, uns dias antes, isso eu não vou fazer, mas lá no dia, antes de eu entrar, eu te mostro. Pode ser?”. Aí ele falou: “Tudo bem, pode ser”. O dia do casamento chegou…A igreja estava toda bonita, todas as pessoas estavam na igreja e a Amanda estava num salão de beleza. — De onde ela ia sair já vestida, maquiada, cabelo feito… — 

E as madrinhas e a mãe dela também saiu de lá. Eles ofereceram esse serviço pra mãe do cara, só que ela não quis. — Então ela foi direto para a igreja… Do hotel ela foi para a igreja. — E aí as madrinhas foram sendo liberadas e tal e a noiva seria a última a sair e o penúltimo carro seria o carro da mãe. Então aí o carro da mãe saiu e o noivo da Amanda chegou. [efeito sonoro de porta rangendo] — Pra ver a Amanda antes do casamento. — E, assim, as moças que arrumaram a Amanda elas falaram pra Amanda: “Poxa, por que o cara não pode ficar lá na igreja, te receber lá? Vai ver aqui vai estragar a surpresa e tal, né?” e ela explicou, né? “Ah, é outra cultura e nã nã nã, ele prefere me ver antes e tal e, pra mim tudo bem, eu não acredito em superstição, nã nã nã”. 

A moça falou: “Bom, então eu vou preparar outra sala para você estar lá e ele entra e te vê. E assim vocês têm um momento de privacidade, só que a gente está com horário e tal, né? Ela tinha uma cerimonialista, né? Então são cinco minutinhos e aí a gente já bota ele num carro e depois você sai no carro em seguida. Beleza?”, “Beleza…”. — Tudo certinho, tudo arrumado. — Eis que o cara chega, entra no salão, a Amanda está lá toda linda, toda feliz esperando ele entrar para vê-la com o vestido. — E sei lá, né? Ficar emocionado… É o mínimo, né? Que a gente espera… — Esse cara chegou, entrou na sala onde estava a Amanda e a hora que ele viu o vestido da Amanda, na hora ele fechou a cara… E aí ele falou pra Amanda que o vestido estava muito decotado, que ela não poderia casar com esse vestido decotado, que ela teria que colocar um xale, qualquer coisa por cima, mas que ela não poderia entrar na igreja daquele jeito, que ia envergonhar ele, o irmão dele e a mãe dele. 

E aí Amanda falou: “Você tá brincando, né?” Porque até então, a Amanda, Brasil, calor, sempre andou de regata, short e ele nunca reclamou. — Eu vi a foto que ela tirou lá arrumada e um decote super ok, não estava nem aparecendo, assim, a polpinha do seio, sabe? Nada… Um decotinho, gente, mostrando assim o pescoço e o colo assim, né? — E o vestido dela era ombro a ombro, então bonita, assim, o ombro de fora, o colo… Fica super bonito. E ele disse que não, que ela não poderia casar dessa forma. E aí ela deu risada e falou: “Imagina, né? Você está brincando comigo, né? Eu vou casar assim sim tal”. E aí começou uma pequena discussão, gente… E, nessa pequena discussão, esse cara virou e deu um tapa [efeito sonoro de tapa] na cara da Amanda. — Sim, esse cara deu um tapa com toda a força que ele tinha na mão. — 

Ele deu um tapa na cara da Amanda de ficar marca… E aí, como eles estavam discutindo, o pessoal estava por ali, né? Começou gente a entrar, a Amanda estava em choque… [música triste] — Ela ficou paralisada, assim, sem acreditar. — E aí, assim que ele bateu, ele já pediu desculpas, e aí já levaram ele pra fora… [efeito sonoro de pessoa chorando] — E aí a Amanda começou a chorar, o rosto dela estava marcado, né? — Ainda a moça que fez a maquiagem perguntou se ela queria que refizesse a maquiagem, se colocasse mais base… — Ninguém sabia como agir, né? — E aí Amanda ficou um tempo parada e ela resolveu ligar para a mãe dela, [efeito sonoro de chamada telefônica] que já estava na igreja e falar para a mãe ela vir. — De volta até o salão. — 

A mãe dela chegou, já tinham levado o cara para a igreja. — Não deixam o cara lá. — A Amanda comunicou à mãe dela que ela não ia mais casar, e aí contou o que tinha acontecido… — E a mãe dela ficou do lado dela. — A mãe dela ligou para o pai dela na igreja, e aí o pai dela pegou o microfone ali do pastor e falou… Falou: “Olha, não vai ter mais casamento porque esse cidadão aí acabou de dar um tapa na cara da minha filha e ela não vai mais casar com ele”. E aí já meio que quase rolou uma briga lá no templo que ele estavam, na igreja que eles estavam, porque tinha uns amigos da Amanda lá e a galeria que ir pra cima do cara, né? O cara tentou voltar lá no salão para falar com a Amanda, mas ela já não estava lá, já tinha voltado para casa. — E ela nunca mais atendeu ele. — Como eles tinham esse vínculo de trabalho, tinha muita gente lá da Pôneilever na igreja ali, todo mundo ouviu, e aí também fizeram lá sei lá o que, um remanejamento e esse cara nunca mais veio pro Brasil. — Pelo menos não pra ver as coisas ali da Pôneilever onde a Amanda estava. — 

E foi assim que ela terminou o relacionamento… E eu fiquei tão aliviada, porque eu fui lendo o e-mail dela e a hora que chegou no tapa, eu pensei: “Será que ela vai relevar?” e como ela já tinha escrito que era um Picolé de Limão, eu falei: “Poxa vida, pode piorar muito isso”, mas para a nossa sorte, para a sorte da Amanda, ela rompeu ali mesmo depois que ela levou o tapa. Algumas pessoas falaram pra ela dar queixa e tal, mas ela não quis, ela só queria, né? Acabar com aquilo tudo… Ela ficou mal por um tempo, mas aí também passou… E eu acho que foi a melhor coisa que ela fez, eu acho que no primeiro tapa é a hora que a gente deve sair fora. Então, parabéns, Amanda, que bom que ali você teve coragem de fazer isso, de acabar com tudo… Mesmo com o casamento, com festa, com tudo… Não deve ser fácil também, né? Fazer isso. E, enfim, eu trouxe aí a história da Amanda para vocês porque é assim que eu penso, acho que no primeiro tapa é a hora da gente ir embora. 

[trilha] 

Assinante 1: Oi, pessoal, sou Flávia, moro aqui na Holanda. E estou extremamente chocada com essa história da Amanda, mas muito aliviada com a decisão que ela tomou. Vários momentos ali, assim, eu senti [risos] um dos arrepios, porque eu me casei esse ano com uma pessoa de outra cultura, eu sei que é diferente, mas, assim, violência nunca, jamais é normal e jamais é aceitável. Então, Amanda, parabéns pela decisão que você tomou, porque já é difícil a gente se relacionar com pessoas de outras culturas e, quando envolve violência então, é um caminho sem volta. Obrigado pelo seu depoimento. 

Assinante 2: Oi, gente, é Alice do Rio de Janeiro. Tô primeiro mandando mensagem aqui para parabenizar Amanda pela atitude dela, um ato de violência único às vezes já é suficiente para entender que a pessoa não é o tal do príncipe ou da princesa encantada e cheirosa de Nárnia, né? Então, a primeira manifestação de violência já liga o alerta, já corre, já denuncia, já se afasta dessa pessoa… E vamos ficar sempre atentos, né? Porque um ditado que meu pai sempre me diz é: “Que você só conhece a pessoa quando você nega ela ou dá poder a ela”, no caso da Amanda ela só conheceu negando um pedido idiota daquele cara nojento. Então é isso, gente, vamos ficar atentas aos sinais. E um beijo a todos. 

[trilha] 

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[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.