título: olhares
data de publicação: 14/01/2022
quadro: picolé de limão
hashtag: #olhares
personagens: meire e um cara zero atraente
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje não vou contar para vocês a história da Meire. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]A Meire é uma advogada que casou ano passado, mais ou menos um pouco depois da metade do ano e, na época que eles casaram, eles já tinham comprado apartamento, então estava mobiliadinho, tudo lindo e nã nã nã. E a vida, a pandemia, os casais em home office e todo mundo muito juntinho e… [risos] Não tem lá muita coisa para fazer, né? Não tem nem nenhum passeio, nenhuma diversão, a vida vai ficando um pouco mais monótona. Aí chegamos agora a 2021, e nossa amiga Meire mora no vigésimo andar… — Esse é um detalhe importante. — Está lá a Meire no elevador, ela pega o elevador todo dia entre sete e oito da manhã, — Que é o horário que ela sai para trabalhar. —
E ela entrou no elevador e desceu… Quando chegou ali no sexto andar, o elevador parou e entrou um cara. Ela continuou ali olhando o celular dela, não estava fazendo nada… E quando chegou no térreo, o cara fez um sinal, tipo assim, para ela descer. — Tipo, todo educado, sabe? — E ela fez que não assim, que não ia descer… E quando ela olhou para o cara, [música lenta] sabe quando a pessoa olha dentro dos seus olhos? — Porque é diferente, né? Você olhar assim X para qualquer pessoa e você olhar dentro dos olhos da pessoa… É diferente. — E aí ele deu essa olhada e ela ficou sem jeito, assim, mas gostou.
Só que o cara, pensa num cara que é zero atraente… — Zero atraente. Pelo menos pra Meire. — Ela fez que não, que ela ia para a garagem e ele também ia para a garagem. Então eles desceram mais alguns andares. — Esses prédios novos, né? Que têm, sei lá, quatro, cinco andares de garagem e, sei lá, cinquenta andares para cima, não sei onde esse povo vai parar. — E aí eles desceram no mesmo andar de garagem e ele foi, andou até o carro dele e ela andou até o carro dela… — E, assim, já deu um sabe… Uma coisa? [risos] — E aí passou mais uns dias, eles se trombaram de novo no elevador.
E aí alguma coisa, gente, acendeu na nossa amiga Meire… [música sensual] E ela começou a pensar nesse cara… Um cara que é zero atraente para ela, que é um cara que ela não paqueraria e, assim, ela estava um dia ali com o porteiro conversando, ele passou a pé… E aí também ela já ficou com aquele frio na barriga e ele sempre olha para Meire desse jeito, ele não fica encarando. — E ele não fica medindo. — Mas quando, por exemplo, ele vai falar “bom dia”, ele olha nos olhos, sabe? Fica te olhando… [risos] — Ô, Meire… — E aí a Meire começou a pensar nesse cara… Assim, vendo poucas vezes ela… — Sabe quando você vai pegar o elevador e você já fala: “Poxa, será que eu vou encontrar com ele ou não? —
Aí teve um dia que ela desceu no elevador e ela estava sozinha. E ela desceu, ele não subiu, não entrou no elevador… Quando ela chegou na garagem, que ela estava andando e ela já tinha visto ele, né? No carro dele… Ele acendeu o farol do carro e, tipo, ligou o carro. Então, pode ser uma coincidência que ele tinha acabado de descer antes dela e foi sair com o carro ou será que ele estava esperando ela? — No carro… Porque tudo, gente, é no campo da fantasia, né? Porque não dá para saber. — E ela ficou tão sem coragem, que ela nem olhou para o carro, ela passou reto. — Podia ter falado um oizinho? Sei lá… Ou não. — Aí o condomínio dela é um condomínio, mais um, que tem lá o grupo de WhatsApp do condomínio, né? E as pessoas são cadastradas ali pelo apartamento.
E aí ela achou ele ali no sexto andar e mandou uma mensagem… [risos] — Olha o que a Meire fez. — Em vez de escrever qualquer coisa, ela digitou várias letras, — Tipo, [barulho com a boca para indicar letras aleatórias sem ordem], sabe assim? Nada… — e mandou… E aí na sequência, ela mandou: “Ai, desculpa, o celular estava no bolso aqui, apertou e digitou sozinho”. [risos] — Essa meio que não cola, hein, Meire? — E aí, assim, quando ela mandou, ela sabia que era ele, — Porque estava ali cadastrado e tal. — mas não tinha foto e nome dele. E depois que ela fez isso, ele só respondeu: “Ah, acontece, hahaha”. — Tipo, nada. —
Só que aí depois ela já conseguia ver o nome dele, mas não conseguia ver a foto… — Aí ela falou para mim assim: “Déia, será que ele me cadastrou? Será que ele salvou o meu número? Vocês acham? Será que ele salvou o número dela? Eu não sei, eu tenho dúvidas… Porque às vezes eu converso com uma pessoa, tipo, meses, de trabalho até e eu não vejo a foto da pessoa e fico com ódio, tipo, custa cadastrar meu número aí pra eu ver a sua cara? — A Meire stalkeou o cara, então já achou o LinkedIn, já achou tudo dele. E, aparentemente, ele é solteiro e mora sozinho ali no prédio. — Mas não temos confirmação de nada. — Um outro detalhe é que, assim, o prédio dela tem esses lances de garagem e o elevador vai até um ponto e depois, para chegar no carro, tem um lance de escada… — Que péssimo esse prédio. [risos] Enfim… —
E aí, assim, a tensão… — Tensão sexual. — Os dois descendo esse lance de escada juntos ou subindo já aconteceu… E é isso, gente, assim… A Meire está fissurada. Ela já sonhou com esse cara, e o sonho era assim: [música sensual] ela estava no elevador e aí ele entrou, mas aí o olhar já era, assim, o olhar dos dois, era de sacanagem… E aí ela acordou.
Por outro lado, ela tem um casamento ótimo, o marido dela é um cara muito bacana e ela acha que ela não passaria disso assim… — Vai, se o cara chamasse ela para sair ou, sei lá, não rolaria nem um beijo, nada, assim… — Ela acha que é só… — A adrenalina dessa paquera, sabe? Que está interessante. — Só que a coisa eu acho que está escalando, porque ela falou que teve um dia que ela sabia que o marido dela ia chegar por volta das dez da noite e ela ficou das dezoito até, sei lá, oito da noite — Que foi a hora que esse cara chegou. — na janela. Porquê da janela dela, ela consegue ver a entrada dos carros no prédio.
E aí quando ela viu que ele entrou, ela, tipo, desceu correndo para fingir que foi pegar uma sacola no carro. [risos] — Ele notou, hein, Meire? — E aí só que ela não foi muito rápida, e ela cruzou com ele nessa escada. — Só que ela descendo, para fingir que ia no carro e ele subindo, porque ele já tinha descido do carro. — E aí ele olhou bem no fundo dos olhos delas assim, ficou olhando e falou: “boa noite”. E aí ela quase desmontou na escada. [risos] E agora ela está preocupada também, porque assim, ela está com o carro do irmão dela, — Que ela voltou a trabalhar presencial, o escritório dela voltou. —.
E aí agora o irmão dela vai precisar do carro e ela vai voltar a ir trabalhar de ônibus, e aí ela tem que sair mais cedo e ela não vai mais encontrar o cara no elevador. — Porque eles pegam no mesmo horário porque eles vão trabalhar no mesmo horário, né? — Então ela está meio chateada com isso. Aí eu perguntei para Meire, falei: “Mas e se esse cara parar você, sei lá…” — Tipo, para conversar assim bastante… — E ela falou: “Não sei, acho que não rola, né? E ela está bem convicta disso assim, que não deixa de ser só uma paquera, sabe? Mas eu não sei se a Meire quer que isso pare ou se ela está gostando sim, né?
E eu acho que não tem problema gostar. — De ser paquerada, sei lá… Eu conheço uma senhora, agora ela já está mais de idade, mas na época que eu vi… — Por exemplo, a gente ia na padaria e aí lá tinha um cara na padaria que fazia uma gracinha com ela, — E ela era uma senhora casada. — e, tipo, dava um pão a mais pra ela, falava: “Ah, você está bonita e nã nã nã” e ela meio que correspondia, né? E aí ela estava me explicando que, tipo, ela nunca traiu o marido dela, ela não ia trair o marido dela, mas ela gostava de saber que ali o padeiro… Nem era o padeiro, era tipo o balconista da padaria… Mas que o cara achava ela bonita e dava um pão pra ela. — [risos] Sabe? A parte do pão eu gostei. [risos] Pão grátis. —
Então eu acho que é meio isso também, né? Eu acho que é o jogo de sedução que a Meire está curtindo, mas aí por outro que nem… — Ah, detalhe: o cara sabe que ela é casada, porque ela usa uma aliança imensa. — Coisas assim que a gente conversou: ela é muito bonita… — A Meire. Sério mesmo, bonita real. — E o marido dela, eu não vi o marido, mas o jeito que ela descreveu, o cara também é, tipo… — O jeito que ela gosta assim, um cara bonito. — E esse cara não é um cara bonito. — Esse do olhar penetrante. — Mas ela está completamente atraída. Então, eu acho que é o jogo da sedução, sabe? Do cara olhar nos olhos dela e nã nã nã, e ela meio que está criando uma fic aí na cabeça dela, uma história paralela que não vai existir.
Agora, mas e se o cara investir, né? A Meire escreveu para saber como lidar com isso, e se ela também está errada… — De paquerar. — E, gente, sinceramente eu não acho. Acho que até agora está inofensivo, apesar de que tem o agravante da questão dela ter ficado na janela duas horas esperando o cara chegar e descer correndo… — Aí eu não sei. [risos] Aí já dá uma complicada. — É uma história que, obviamente, a gente vai querer a continuação, viu, Meire? [risos] — Pra saber o que vai acontecer. — Mas eu acho que não vai acontecer nada, você já falou que seu marido é bacana, que vocês estão bem e eu acho que não vai acontecer nada… Acho que é uma paquera inofensiva. Então, o que vocês acham?
[trilha]Assinante 1: Oi, Meire, oi, Déia, oi Não Inviabilizers, aqui é Rita de São Paulo. E a pergunta que eu tenho para Meire é: Meire, você acabou de casar, você devia estar em lua de mel ainda… Você já está entediada, amor? Será que não está faltando alguma coisa no seu casamento? Conversa com o maridão, será que vocês não caíram rápido demais na rotina para um flerte? Porque, de verdade, não aconteceu nada além de um olhar. Gente, olhar é muito de interpretação… Você já ficou mexida desse jeito. Dá uma conversada, olha para dentro, descobre o que está faltando, antes que você faça uma coisa que às vezes você nem quer, só porque você não sabe e não entende ainda o que está acontecendo. Eu espero que você fique muito feliz e que aconteça o melhor para você e para sua felicidade. Super beijo.
Assinante 2: Oi, gente, Oi, Meire… Mariana de Florianópolis. Meire, eu também sou casada e eu amo quando eu sou paquerada. Com respeito, né? [riso] E eu acho que isso acontece porque, depois de um tempo de casadas, as pessoas caem naquela comodidade de não flertar mais com o companheiro porque já acabou o mistério, né? Eu super entendo essa coisa gostosa de paquerar alguém, de de repente pensar no cara do olhar penetrante no banho… [risos] Mas eu acho que, no seu caso, parece que a coisa tá escalando um pouco mais… Porque uma coisa é um flerte, levantou seu ego e ponto. Outra coisa é um flerte recorrente, sabe? Você inventar desculpa para falar com o cara e para encontrar com ele… Eu acho que é dar pano pra manga. Então, acho que se você está feliz com seu casamento, está bem com seu marido, deixa pra lá esse flerte, porque o cara não tem nada a perder, mas você tem, né? Acho que não vale a pena dar sorte para o azar, tá? Um beijo.
Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo e eu volto em breve.
[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]