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título: orquídeas
data de publicação: 14/06/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #orquideas
personagens: lidiane e william

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente, cheguei pra mais um Picolé de Limão, [risos] e, assim, essa história antes de eu começar, eu tenho que… [risos] Não sei, eu acho que se eu falar o que eu queria falar vou dar spoiler? — Acho que sim, então eu vou deixar pra falar no final. [risos] —. Então vamos lá, eu vou contar pra vocês a história da Lidiane e do William, e quem me escreve é a Lidiane. Vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

A Lidiane ela morava num condomínio classe média assim, desses muito bonitos, sabe esses condomínios que tem as casas e aí na frente da casa tem ali a vaga de garagem, tudo aberto, — Igual Estados Unidos assim — e nos fundos da casa tem quintal, mas é um quintal que tipo, se você não quiser colocar uma cerca, vai, ele fica aberto também, todo mundo tem só as cercas na lateral. — Não sei se dá pra entender, é tipo aberto na frente e atrás a casa. —  Mas se você tem um bichinho, por exemplo, eu que tenho cães e gatos tinha que ser tudo cercado pra ninguém sair de jeito nenhum, mas aí eu só poderia cercar os fundos, a frente não, onde tem a garagem… — Então esse tipo de casa pra mim já não serve, porque você perde aquela parte do quintal da frente para os cachorros brincarem e tal, eu não dirijo, então, ia ficar um espaço vago ali do nada. — Mas é esse tipo de condomínio de classe média mais alta que a Lidiane morava, morava ali com os pais e tal, filha única. 

E no condomínio ela conheceu o William, no condomínio, então ela morando lá, ele morando lá e ele com uma mãe assim muito… Bacana, e que tratava a Lidiane super bem. Acontece que, nesse condomínio começou a acontecer uma coisa: roubos. Esse condomínio ele passou a ser furtado. — Não são roubos, né? São furtos. — Quase que diariamente assim, e tinha câmeras na parte da frente do condomínio, então assim, na parte que ficava os carros na garagem e pra entrada das casas tinha câmeras… Para os fundos — Que é aquela parte que eu falei pra vocês do quintal — não tinha câmeras do condomínio, então se o morador quisesse colocar câmeras dele, ele colocava, mas raramente algum colocava porque era um condomínio com muita segurança. O que estava sendo roubado? — Uma vez no Twitter passaram uma matéria de alguém que roubava plantas e, eu, na minha inocência, [risos] escrevi assim: “Mas gente, a pessoa pega uma plantinha aqui, uma plantinha ali, isso é ruim?” Nossa, eu fui massacradíssima, [risos] eu fui massacradíssima, porque as pessoas que curtem bastante planta, né? Elas estão certas, né? Elas não querem que ninguém vai lá e rouba a planta delas. E tem gente que não pega só uma muda e mesmo assim, a muda é ofensiva, eu aprendi isso, tá? No Twitter… Que até pegar uma muda sem pedir para o dono da planta é ofensivo, então não pode, não peguem mudas sem falar com o dono da planta, e aí até falaram na época que tinha um negócio também da biodiversidade, então, de repente, você pega uma planta num lugar e planta ela em outro e ela não é dali e ela se alastra e estraga com tudo, enfim, é um negócio seríssimo, ok? Essa coisa de planta é um negócio muito sério, eu nem mexo com planta porque tenho medo. — 

E aí várias plantas sumiam na calada da noite, e aí nesse condomínio tinha pessoas que eram plantanáticas, — Que estavam doidas, né? — querendo suas plantinhas, com toda a razão. — Não vou aqui falar que eu acho um crime de menor potencial ofensivo porque as pessoas elas realmente elas ficam bravas. E aí a Lidiane acompanhando aquela doideira toda do condomínio, das plantas e reunião, e planta some, planta some e a mãe do William ela colecionava orquídeas no fundo desse quintal, e de uma vez só, gente, de uma vez só roubaram da mãe de William doze orquídeas… — Diferentes assim, tipos — Em vasos e chegaram a arrancar uma orquídea que estava enxertada numa árvore. — Quer dizer, a pessoa é um bandido sanguinário. — E aí o povo lá decidindo em assembleias, se ia colocar câmera em tudo, o quê que vai fazer? nã nã nã, e o tempo foi passando, porque assim também, a pessoa que cuidava do condomínio, ali o síndico, ele tinha a mesma visão que eu tinha antes… — Já estou avisando que eu tinha antes. — De que “Meu Deus do céu, estão pegando só as plantas, gente, para. Eu tenho coisa pra acertar do condomínio que é mais importante”, então ele ficava adiando essa questão, né? Daí dessa coisa do furto das plantas. 

Aí beleza, o tempo foi passando e Lidiane firme no namoro com o William, até que um dia, Lidiane, nossa querida Lidiane fica de férias e resolve levar o William pra um passeio, um passeio de três dias e lá foram eles, num lugar bonito, um lugar arejado, num lugar de muito verde, muitas flores. Lidiane tinha tudo planejado assim, que ia fazer café da manhã para o William, inclusive fez café da manhã, eles chegaram lá um dia à noite, né? No outro dia cedo ela fez café da manhã para o William e já tinha tudo organizado. Depois do café da manhã do primeiro dia com o William, a Lidiane foi fazer umas coisas assim pra ajeitar o almoço no lugar que eles estavam, porque ela que ia cozinhar e tal, e ela se distraiu, quando ela foi procurar o William pra chamar pra ajudar ela ali a aplicar uma coisinha e tal, porque só os dois, cadê o carro? Cadê o William? O William tinha ido embora, gente. O William largou a Lidiane, largou a Lidiane e foi embora, e ela ficou sem entender nada. E ela tentava falar com ele no celular e dava como se, assim, ela não tinha mais acesso, então quer dizer, William bloqueou Lidiane no celular? Depois de um café da manhã maravilhoso que ela fez pra ele? O quê que aconteceu, gente? — O quê que aconteceu? —

Lidiane sem entender nada, longe de tudo, teve que ligar para os pais, para os pais irem buscar ela. E aí o pai dela foi buscar a Lidiane, então ela estava num lugar longe assim, eram algumas horas, e aí o pai até chegar lá e voltar foi um tempo, quando a Lidiane chegou no condomínio com o pai, o negócio estava pegando fogo, gente, tinha até polícia. — O que aconteceu? — Lembra da mãe do William? A colecionadora de orquídeas? O William foi com a Lidiane para o sítio da família da Lidiane, chegou lá… — Porque assim, a mãe dele tinha uns vasos diferentes, ele viu todos os vasos de orquídea da mãe dele lá, espalhados pelo sítio da Lidiane. [risos] — Ai, gente, desculpa — Aí ele fez o link de que Lidiane roubou as orquídeas da mãe dele, a Lidiane era a ladra do condomínio, ela que pegou todas as plantas, só que o William não sabia é que não era a Lidiane, era a Dona Janete, mãe de Lidiane. [risos] 

A mãe da Lidiane, gente, que pegava as plantas do condomínio e levava para o sítio, e aí ninguém via, porque assim, ela fazia isso sozinha, só que no condomínio ninguém aceitou, não colou isso de que ela fazia sozinha, acharam que era tipo uma quadrilha de roubo de orquídeas, [risos] eu sei que é sério, tá bom? Mas eu tô rindo porque é muita coisa. Pra vocês terem uma ideia, a casa da Lidiane nesse condomínio era uma casa própria, eles tiveram que colocar à venda, alugar um lugar, até vender e comprar outro, hoje eles moram num outro lugar e o pai da Lidiane tem que tá sempre ali de olho na Dona Janete, porque ela gosta de roubar muda, ou se ela tiver num lugar assim, vai, numa praça e tiver ali uma mudinha que ela quer, ela pega a mudinha, gente. Só que entrar no quintal das outras pessoas, mesmo que seja um espaço aberto, é delimitado ali, você sabe que aquele pedaço dos fundos é da casa X e ela pegava todas as plantas. 

E o William reconheceu os vasos da mãe, William nunca mais quis saber da Lidiane. — Que é injusto, né? — Mas que nem a Lidiane falou: “Mesmo que agora ele soubesse que não era eu, ele não queria namorar a filha da “ladra”. — A da “ladra” de plantas… [risos] Ai meu Deus, gente, o cara eu achei um babaca. — Tudo bem, vai, podia também gostar muito das orquídeas, mas explicasse, sem contar que a mãe da Lidiane, o pai da Lidiane teve que ir lá buscar todas as plantas lá e devolver no condomínio, porque tinha umas orquídeas assim mais caras e tal, e mãe de Lidiane, Dona Janete tinha passado o rodo, arrastão de plantas. [risos] E aí agora tá tudo bem, né? Sempre que a mãe da Lidiane chegue com uma planta em casa o pai da Lidiane e a Lidiane já ficam assim meio, né? Espertos ali, “Onde você pegou?”, “De onde é isso?”, [risos] fazem um interrogatório com Dona Janete pra saber se realmente é uma plantinha que ela pegou do nada ali, mas também aprendi que não existe do nada, se aquela plantinha tá ali ela é de alguém, a não ser que você esteja, sei lá, no meio do mato, mas aí tem essas questões da biodiversidade que você não pode levar uma planta de um lugar e pôr em outro que não é dali, enfim. Achei bem complicado a história das plantas, então eu fico esperta, não me envolvo. 

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente, aqui é a Estela de São Paulo, eu sou mãe de planta e ladra de muda, e eu posso dizer que a mãe da Lidiane tá aí pecando nas primeiras regras do rolê, né? Não pode levar planta inteira, muito menos com vaso, gente, tem que ser um serviço assim imperceptível, a pessoa nem ver que você pegou um pedacinho da muda. E orquídea é uma planta cara, não pode fazer isso, eu acho que tem uma questão aí pra além do amor as plantas, tem um, não sei, um negocinho pra trabalhar aí numa terapia talvez. E Lidiane é triste você perder o boy, mas eu acho que esse cara não ia ser muito bom em resolução de conflitos no futuro, né? Vai ver foi um mini livramento. 

Assinante 2: Lidiane aqui é a Jaque de Belo Horizonte. Gata, [riso] sua mãe é uma figura, orquídeas são plantas muito caras, como é que ela achou que ia afanar essas orquídeas e ia ficar por isso mesmo, não tem como, né? Mas espero que hoje você já esteja bem, que tenha superado esse término de relacionamento, e é isso, né? Fica de olho na sua mãe, né? Porque esse comportamento de pegar orquídea é uma pontinha de desonestidade. Espero que vocês não tenham que arcar com as consequências disso de novo. Um beijo. 

Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo. [risos] E aproveitando a temática, né? O editor deste podcast tem um podcast sobre cactos e suculentas, que chama “Entre Cactos e Suculentas” e lá ele fala de plantinhas. Então aproveita, já sai daqui e já entra lá, já vai ouvir se você também é um plantanático como a mãe de Lidiane. Um beijo e até amanhã.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta] 

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.