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título: vasilhas
data de publicação: 16/06/2021
quadro: picolé de limão
hashtag: #vasilhas
personagens: miriam, cleide e roberto

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta] 

Déia Freitas: Oi, gente, cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão, e hoje [risos] — Juntando duas coisas que eu amo — história de família mais história de firma. Eu vou contar pra vocês a história da Miriam. A Miriam tá passando por isso agora e ela gostaria aí de alguns conselhos. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Miriam trabalha na Pônei Ink., que é a nossa “Fábrica Pônei”. [risos] E lá na fábrica, ela trabalha no mesmo turno que o Roberto, então veja só, é Miriam e Roberto num turno e a Cleide, irmã da Miriam, em outro turno e beleza. E às vezes o horário assim, um tá entrando outro tá saindo e nessas, o Roberto conheceu a Cleide, se apaixonou e eles começaram a namorar. — Cleide irmã de Miriam. — E beleza, pra Miriam também estava ótimo porque a Miriam super assim parceira do Roberto, né? Os dois ali na firma. E aí o relacionamento mudou, né? Porque o Roberto passou a frequentar a casa da Miriam e da Cleide, as duas morando juntas, sozinhas numa kitnet. — Então não tem muito espaço, não tem privacidade, né? — Um quarto só, as duas dividem o quarto, enfim. Aí o tempo foi passando, o romance de Roberto e Cleide ficando bem legal, e Miriam feliz com isso, né? — E Miriam, tem um detalhe… — A Miriam só tem uma coisa que ela coleciona na vida e que ninguém pode mexer, porque ela tem ciúmes, são potes. [risos] Sim, gente, potes de plástico. [risos] — A famosa “vasilha” [risos], amo. 


E a Miriam tem umas vasilhas — De uma marca que vocês já estão imaginando aí — e que, gente, tem conjunto que custa quatrocentos e cinquenta reais, quase quinhentos pau. — Pode entrar no site da vasilha lá e ver. — E a Miriam tem um desse, um conjunto desse. Então nesse conjunto de vasilha da Miriam, a Cleide não mexe, não pega pra pôr feijão, não pega pra nada, é só as coisinhas da Miriam que vão nesse pote aí dessa coleção, que são seis potes. E beleza, isso nunca deu problema, o Roberto não é um cara que mexe nas coisas, ou que cozinha, então também pra ele, ele nem sabe dessa coisa do pote, e beleza. As duas moram numa kitnet, e o Roberto ele mora numa pensão para homens. — Então ele quase não tem privacidade, né? E a Miriam combinou assim com a Cleide, como elas também tem muito pouca privacidade, uma vez na semana a Mirian dorme na casa de uma amiga pra deixar os dois mais à vontade, nã nã nã, e aí a Miriam falou né: “Fora isso aí Cleide, aí vocês vão num motel, né? Sinto muito também”, e beleza. 


Só que Roberto tem uma mãe que mora em outro estado e a mãe dele queria vir agora visitar o Roberto, e o Roberto ficou muito feliz que ela queria vir, né? Porque tudo é muito difícil, juntar o dinheiro da passagem, ele ajudou e tal, e ela veio. Só que onde ia ficar mãe de Roberto? — Adivinha onde ia ficar a mãe de Roberto… — Na casa da Miriam e da Cleide. A Cleide pediu pra Miriam, a Miriam falou: “Lógico, né? Tudo bem, uma senhorinha, não vamos deixar ela por aí, né? Não tem outros familiares por aqui”, e aí a Cleide falou: “Olha, eu durmo no chão e ela dorme na minha cama, não tem problema”, e aí a Miriam falou: “Pô, também é foda, né? Deixa eu ver com minha amiga”. A idosinha veio pra ficar quatro dias. — É pouco, né, gente? — Só que essa questão aí de não ter onde ficar, o Roberto falou: “Pô, não posso abusar também”, então era só quatro dias. 

Aí o Roberto pediu uns dias que ele tinha lá, que ele tinha banco de horas, pra poder ficar o tempo todo com a mãe dele, e aí a Miriam falou: “Puts, a casa aqui é pequena, vai ficar lotada, deixa eu ver com a minha amiga”, e aí foi ficar todos esses dias que a senhorinha estava lá e o Roberto ia aproveitar pra dormir lá também. A Miriam foi dormir na casa da amiga e ótimo, gente, deu tudo certo, tudo certo, Roberto ficou feliz, levou a mãe dele pra passear, fizeram várias coisas e ela voltou, foi embora… Passou ali mais uns dois dias a Miriam foi pegar um pote no armário… — E, gente… — Cadê o conjunto caríssimo de seis potes da Miriam? O conjunto de potes, as vasilhas importantíssimas da Miriam tinham sumido. E aí ela deu mais uma procurada ali e falou: “Bom, não vou surtar, né?”, e ela trabalha em turno diferente da irmã. E aí ela mandou mensagem pra Cleide e falou: “Cleide, cadê meu conjunto de vasilha Pôneiware?”, e aí a Cleide falou: “Ué, tá aí, não sei”, e ninguém achou esse conjunto de pote. 

Aí Cleide chegou, a Miriam falou: “Você vai ter que dar conta desse conjunto de pote, eles são da Pôneiware, custaram quase quinhentos reais, eu juntei dinheiro pra comprar. Cadê meus potes?”, e aí brigaram. — Por que, né? Irmãs. — E ela falou que não pegou. E aí deu um estalo na Cleide, falou: “Puts, será?” — Não pode ser, [risos] — E sim, gente, namorado de Cleide, — Roberto — pegou os potes e deu pra mãe dele porque a mãe dele pediu. — Como também que uma senhora chega na casa de outra pessoa e pede “Ah, me dá esses potes?” Foda também, né? — E ele deu, porque ele falou: “Ah, pote de plástico, depois eu compro outro conjunto pra Miriam”, porque naquela hora não tinha como ele, era um domingo, — Não, não era domingo, ela chegou no sábado, ela foi embora na quarta — dava pra ele sair pra comprar pote em algum lugar, né? Mas ela quis aquele, enfim… — Esperta também a mãe dele, [risos] mas eu acho, às vezes ela nem sabia do preço, será? —

E aí ele falou: “Ah, vou dar, depois eu compro pra Miriam outro pote, né?” [risos] E aí a coisa, gente, virou uma briga, porque assim, o Roberto ele se recusa a pagar quase quinhentos reais num conjunto de potes, só que ele tem que pagar, ele pegou os potes dela. — Da Miriam. — E aí a Cleide também tá brigada com o Roberto, porque lógico, também acha que ele tem que pagar os potes e a Miriam além de tá puta com o Roberto, tá puta com a Cleide também porque acha que a Cleide tinha que se oferecer também pra pagar os potes, porque era o namorado da Cleide que estava lá, e que ela deixou o namorado sozinho. — Quer dizer, ela deixou porque ela precisava trabalhar, né? — Mas eu não sei, vocês acham que a Cleide tem responsabilidade também sobre isso, ou só o Roberto? Eu acho que é só o Roberto e que ele tem que pagar, a Miriam acha que assim, é uma responsabilidade [risos] também da irmã dela, que tinha que falar agora “Ah, eu vou pagar esses potes, depois eu me acerto com o Roberto”, porque afinal de contas ela saiu da casa pra ficar quatro dias fora pra deixar eles mais à vontade, coisa que ela falou que não vai fazer mais nem um dia da semana, Cleide que vá para o motel porque ela não vai sair mais. 


Então elas estão brigadas por causa disso do pote aí, porque ela queria que a Cleide se oferecesse pra pagar, a Cleide não se ofereceu e ela também não falou, eu falei: “Fala pra Cleide então que você acha que ela tem que pagar, porque aí de repente ela se toca e paga”, mas eu não acho que Cleide tenha que pagar esses potes, acho que Roberto tem que pagar esses potes. Eles já discutiram na firma, daqui a pouco isso vai virar um assunto de firma porque eles trabalham juntos, né? No mesmo turno, na mesma sessão ali da fábrica Pônei, e… E aí quem que vai pagar agora essas Pôneiware? Seis, gente, levou o conjunto. — Véia folgada também, né? — Você não chega na casa dos outros e pede, ou será que foi o Roberto que ofereceu? Mas acho difícil ele ter ido lá mexer nos potes, nunca mexeu, né? Eu acho que ela deve ter visto, achou bonito e quis. E aí a Miriam falou que a sorte é que esses que ela levou, esse conjunto, tem no site ainda, porque a Miriam falou que tem conjunto de pote que você entra na loja ali da Pôneiware não tem mais, e desse conjunto de pote tem ainda, então ela fica naquelas: “Ai meu Deus, será que eu pego o meu cartão parcelo em dez vezes e compro de novo? Porque daqui a pouco vai acabar e eu não vou ter mais desse”, mas ela não acha justo, né? Ela quer que o Roberto pague os potes, eu também acho que ele tem que pagar. Cara folgado, mãe folgada, eu se fosse Cleide já pulava fora. E aí o quê que vocês acham? [risos] A Miriam quer ideias de como cobrar aí os potes dela. Então, por favor, deixem ideias lá no nosso grupo do Telegram, sobre como a Miriam pode cobrar aí esse valor dos potes com o Roberto.

Assinante 1: Oi, eu sou a Joice de São Paulo, e apesar de eu ser do clube das pessoas que não tem nenhum fascínio por esses potes da Pôneiware, eu acho que já que a Miriam gosta e que ela pagou por eles, ela tem sim direito de ser reembolsada por essa palhaçada que fizeram. Eu acho que os dois têm responsabilidade nesse assunto, tanto a irmã da Miriam, a Cleide, quanto o Roberto, afinal de contas ela saiu da casa, a casa estava disponível para os dois e, obviamente, a mãe dele sabia sim do valor dos potes, mas eu acho que ela não tem culpa nenhuma na história. Ela pediu os potes, às vezes, ela só achou bonito, se o filho dela resolveu dar de presente ele que devia ter perguntado antes quanto que era, então ele precisa sim pagar. E de conselho pra Miriam, eu acho que pra ela cobrar essa dívida, tanto do Roberto quanto da irmã dela, ela tem que ser sincera, falar que ela tá chateada e que ela quer sim o dinheiro dela, não importa quem pague, um dos dois tem que se virar. 

Assinante 2: Oi Miriam, eu sou a Laura de Petrópolis, Rio de Janeiro. Sobre os teus potes, o negócio é o seguinte: faz um boletim de ocorrência. Faz um boletim de ocorrência por furto. A gente tá falando de potes, mas são potes de uma marca conceituada e um valor bem reconhecido, e é uma coisa que era sua e você pediu pra devolver, não devolveu se trata de furto. Então assim, furto e ainda qualifica tanto ele quanto a mãezinha dele, vamos ver se não se mexe rapidinho pra resolver essa situação pra você. Porque o estrago já tá feito, e aí a gente vê, porque assim, não brigue tanto com a sua irmã, espera ela ter compreensão, mas realmente não dê mais refresco pra eles na sua casa não, tá? Não sai mais de lá, agora que eles fizeram, eles vão responder por isso. Valeu? Beijo. 

Déia Freitas: Então é isso, gente, um beijo, e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta] 

Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.