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título: praia
data de publicação: 07/02/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #praia
personagens: camila e carlos

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Agora mais profissional do que nunca. Estamos aí em todas as plataformas de podcast. Eu sou Déia Freitas, esse é o canal “Não Inviabilize”, e hoje eu trago para vocês mais um podcast do canal. Quem já me conhece lá do Telegram já conhece as histórias, e agora eu estou aqui gravando num estúdio. Eu tenho até um cara da técnica, chamado Marco, que tá aqui me ajudando. E eu estou nervosa, óbvio, né, a primeira vez que eu estou fazendo isso profissionalmente, mas vamos de história. 

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[trilha]

Então, a primeira história de hoje é da Camila e do Carlos. Eu já dei mais ou menos uma introduçãozinha dela no Twitter, depois eu vou deixar aqui todas as minhas redes para vocês acompanharem, sempre tem coisa nova lá. E vamos começar. 

A Camila conheceu Carlos na praia. Veja bem, eles se conheceram em Itanhaém, já tem uns quatro anos, mais ou menos. E aí eles começaram a namorar… Lá na praia mesmo, olha que curioso. Eles ficaram juntos, né, uma semana e ele já pediu a Camila em namoro. Tudo corria muito bem… A Camila estava de férias, ela mora aqui em São Paulo e ele mora lá em Itanhaém. Tudo corria super bem no namoro aí dos dois, até que já, antes da Camila voltar, o Carlos já começou aí com umas gracinhas. 

A primeira coisa, né, ele conheceu a Camila gorda, e tudo bem. Começou a namorar a Camila gorda. Antes dela voltar para São Paulo, ele começou a falar para Camila que ela teria que emagrecer. — Então é tudo aquilo que a gente já conversou antes, né… Se o cara não te aceita como você é, você não tem que ficar com esse cara. —  Mas a Camila estava apaixonada, e aí ela resolveu continuar aí esse namoro com o Carlos, voltou pra São Paulo. Ela trabalha, né, ela é contadora e retomou o emprego. E o Carlos lá no litoral fazendo o quê? Nada — como sempre, mais um aí desocupado na nossa história —.  

A Camila trabalhando, eles se viam só de final de semana. Quer dizer, todo final de semana ela tinha que ir para Itanhaém porque o bonito não tinha dinheiro para subir pra encontrar com ela aqui em São Paulo. Então ela descia todo final de semana e quando ela estava muito cansada, ela bancava a vinda do Carlos pra cá, pra ficar com ela. — E aí a gente já volta naquela nossa questão de que: não sejam ONGs de macho. Você não tem que financiar os caras que você fica, né? Se o cara não tem dinheiro pra te ver, então, das duas a uma: ou você vai até ele ou, sei lá, isso aí não vai dar certo. Você vai ficar bancando o cara até quando? —. 

Mas ela resolveu bancar… E continuou esse namoro com ele aí quase dois anos. Então idas e vindas, ele sempre forçando ela para emagrecer… A Camila entrou numa onda de fazer umas dietas malucas pra tentar agradar o cara. Aquela coisa de sempre. Aí nesse meio tempo, o Carlos resolveu que ele queria fazer um curso de barco, pra manusear o barco, pra fazer uns passeios… Ele alugaria um barco lá e levaria as pessoas pra fazer passeio, e nisso ele ganharia uma grana, né? Só que ele tinha dinheiro pra fazer curso de barco? Adivinha quem bancou o curso de barco do bonito? A Camila, lógico, né?

Ela resolveu que tudo bem, que ela ia bancar… E foi lá, fez um curso de seis meses, ela gastou quase 8 mil reais com ele de curso. Ele estava super feliz que agora ele ia começar a fazer os passeios de barco. Só que, pra isso, você precisa alugar um barco, né? Aí a gente pergunta: o Carlos tinha dinheiro para alugar um barco? Não, né? Ele não tinha o dinheiro para alugar o barco. E aí isso também sobrou pra Camila. E a Camila alugou o barco pra ele. Ele fez ali dois ou três passeios e não deu certo, porque não é só a questão de você saber manusear o barco lá, eu nem sei como é que se fala isso, quem tem esse tipo de curso para velejar, não sei… 

Você precisa também ter o carisma e estar numa área que você tenha coisa para mostrar, por que o que você vai mostrar em Itanhaém? Sei lá, né? Então ele tinha que ir pra mais longe e aí ele precisava alugar o barco por mais tempo, e mais grana… E a Camila não tinha como ficar bancando. E aí o negócio óbvio que não deu certo. E todo o dinheiro que ele tinha prometido que ia devolver pra ela, adivinha? Não tinha como devolver, né? 

Aí ela já estava muito ressentida com esse negócio de ter que emagrecer, ela tinha conseguido emagrecer uns quilos já, mas nunca era suficiente pra ele. Quando ela ia pra praia, ele fazia ela ficar de roupa, porque ele achava que ela estava gorda. E, detalhe, ele conheceu ela na praia, ele conheceu ela de biquíni. Por que mudou depois que começou a namorar? Esse cara sempre ali, minando a autoestima dela, falando que ela estava gorda, que ela tava feia… E ela começou a se encher disso, porque, né? Uma hora a gente se enche… E ela começou a não querer descer mais pra Itanhaém para encontrar o Carlos. 

E aí ele teve crises e crises de ciúme, encheu o saco dela e ela resolveu terminar. Até que foi tranquilo, porque ele não tinha como vir pra cá, ele não tinha dinheiro pra nada, ele devia pra ela e não ia pagar de qualquer jeito, né? E tudo bem. Aí passou um tempo e ele começou a mandar mensagem dizendo que não sabia porque tinha ficado tanto tempo com ela, que ela era muito gorda, que ela era feia, que ela era burra — e, veja só, ela é uma contadora que tem mestrado. Quer dizer, uma pessoa que tem um currículo bacana, é inteligente… E o cara um zé mané, desempregado, chamando ela de gorda, chamando de burra. Parou, né? Chega de ser ONG —. 

E aí ela começou a bloquear ele em tudo, mas ele comprava outro chip. Abria outra conta no Instagram e mandava direct pra ela mesmo assim… E aí numa dessas, ele mandou uma mensagem pra ela dizendo que queria ficar amigo dela, pedindo desculpa e ela acreditou. Então ela voltou a falar com ele, né? Voltou a ser amiga… — Como você é amiga de um cara desse, Camila? Eu não entendo, mas tudo bem. — 

E eles voltaram a conversar, voltaram ali a se relacionar pela internet, né? Mas só como amigos. E, vez ou outra, ele mandava uma foto de alguma moça que ele estava saindo pra ela e falava: “olha, vê como ela é bonita… Essa saia curtinha fica bem nela porque ela não tem a coxa tão grossa”… — Quer dizer, já dando aquele toque, né, pra Camila que ela ainda era aquela gorda. E, gente, pra quê? Pra quê ficar aguentando um cara desse? Não tem pra quê, né? — 

Mas ela ficou. Ficou ali de amizade. Até que um dia ela conheceu um outro cara. — E esse cara eu não vou nem dar nome pra esse cara. — Conheceu um cara lá X. Um cara aleatório. E postou uma foto dela com o cara no Instagram. Gente, pra que? Carlos surtou. Mas, assim, surtou de uma maneira que ele começou a telefonar para ela, ligar mesmo… E ela não atendia porque ela estava com o outro cara, né? E ligava e ligava, queria falar… E ela falou: “olha, a gente não tem muito o que conversar, né? A gente é amigo e só. E é Isso”. 

E eles ficaram nessa, de conversinha e ela tentando evitar porque agora ela estava com o namorado novo, né? E quando ele viu que ele não ia conseguir mais nada com a Camila, ele começou a xingar a Camila. Então ele mandava mensagens ainda dizendo que ela era gorda, burra, mas agora a coisa já tinha escalado. 

Bom, eu não vou nem aqui dar os nomes que ele falava, mas o cara baixou o nível. E ela não bloqueava, porque agora o que ela queria? Que ele visse que ela estava com outro cara. Então ela falou: “não vou bloquear ele em nada”, colocou foto com o cara no insta, colocava foto sempre com o cara no WhatsApp ali naquele stories do WhatsApp… E Camila estava feliz da vida e o cara mandando mensagem, mandando a mensagem… Só que no fundo ela me disse: “Déia, eu ainda gostava do Carlos. Eu tinha, assim, uma esperança que ele mudasse. Sei lá. Que ele virasse um cara bacana, e aí ele me vendo com outro cara ele sentisse ciúmes e a gente pudesse voltar”. 

— Olha a cabeça da Camila, gente. Depois de ter passado tudo que passou. — Mas ela tinha essa esperança ainda de voltar com o Carlos. E nisso eles ficaram mais um tempo, uns seis, sete meses até que o namoro dela com esse novo cara acabou não dando certo. Justamente pela interferência do Carlos e porque a Camila também não sabia o que ela queria da vida. E ela ficou balançada em voltar com o Carlos, e marcou um dia de ir pra Itanhaém encontrar o Carlos. — Por quê? Não sei, né, Camila, mas… — Ela achou que ele tinha mudado porque ele falou que estava arrependido, que ela não estava tão gorda… 

A frase dele foi: “você não está tão gorda. Por mim tudo bem”, né? E ela achou que já era bom pra ela, já que ele não está achando que ela está tão gorda, então está tudo bem. Só que antes, uns dias antes dela descer para encontrar com ele, ele surtou de novo. Porque ele queria saber tudo o que ela tinha feito com esse namorado novo que já era ex e começou a xingar ela de novo… E ele tava na praia com uma outra moça. E aí ele começou a mandar mensagem pra ela com fotos dessa outra moça, falando que essa outra moça era magra, que essa outra moça era linda, que a Camila era um lixo. Frase dele: “você é um lixo, eu não preciso de alguém como você. Olha a mulher que está do meu lado”. E que isso e que aquilo… E a Camila chorando, porque ela tinha combinado de descer, de encontrar com ele, né? 

E aí, de repente, ele parou de mandar mensagem. Sumiu. Parou de mandar mensagem. E mesmo ela sendo xingada ali naquela de brigar com ele, de querer saber da menina… Porque ela já achou que ela estava namorando com ele de novo, sei lá, e ele parou de responder. Interrompeu de vez de responder. Isso era em um sábado e ele não respondeu mais. E ela ficou P da vida, porque falou: “ah, agora sim que ele não vai me querer mais, porque ele não tá nem me respondendo, não tá nem me xingando mais”. — Quer dizer, ela criou uma dependência com esse cara, né? —. 

E chegou no domingo cedo, ela estava muito cismada… Ela falou: “meu, agora, ele deve ter passado a noite que essa menina e não me responde mais”. Ela tinha mandado muitas mensagens. E aí ela acordou e ela fez o quê? Ela mandou uma mensagem para o irmão desse Carlos, que morava lá também, todos na mesma casa, né? Na mesma cidade, lá em Itanhaém. E esse Carlos só foi responder pra ela lá pela uma e meia duas horas, e ele falou: “Olha, Camila, a notícia que eu tenho pra você não é muito boa”. — Não é muito boa é modo de dizer, né? Não é nada boa. —

E aí ele acabou contando pra Camila que o Carlos, naquele sábado, depois que ele tinha falado com a Camila, ele voltou ali pra praia para ficar com a moça, ele bebeu, ele entrou no mar e ele se afogou. Sim, o Carlos, abusivo, — insuportável — que tratava a Camila super mal, que chamou a Camila de lixo… Depois dessa mensagem que ele chamou a Camila de lixo, ele morreu afogado. — Então, assim, o Universo? Não sei? — 

Camila ficou péssima, né? Ficou mal. E aí desceu, foi lá pra Itanhaém porque ele tinha se afogado, mas só recuperaram o corpo dele no dia seguinte. Não, no domingo mesmo, mas à noite. Então, quando ela falou com o irmão ele tinha sumido no mar, então a família ainda tinha um pouco de esperança de encontrar ele com vida, mas não rolou. E aí ele morreu, ela ficou mal, óbvio, foi no enterro, foi no velório e a menina estava lá também… A moça da foto. E ela não tinha nada contra a moça da foto, né? — A moça da foto também nem sabia quem era ela. — 

E tudo passou… Ela ficou uns seis meses ali de luto até que ela arrumou um outro cara. — E, aí, gente… Agora a gente vai ter um crossover das histórias, porque… — O inesperado aconteceu. A história da Camila com Carlos termina aqui. Então o cara que foi péssimo com ela morreu. Então meio que acabou o problema dela — Pra sempre… Ai, desculpa rir, mas, né? Ele morreu. — 

E daqui a gente vai pra uma nova história, que seria do nosso outro podcast, que é o Luz Acesa. Porque a história da Camila continua, só que agora não é mais uma história de amor, nem de abuso, é uma história de terror. 

[trilha] 

Assinante 1: Oi, Camila, meu nome é Monique, eu moro em Dublin, na Irlanda e tenho 40 anos. Camila, eu vim aqui para te dizer que você é linda sim do jeito que você é. E que esse cara é um embuste, vivo ou morto. [risadas] Eu sei que a gente aceita o amor que a gente acha que merece, mas você merece muito mais. Você é linda, generosa… Ajudou quem você achava que merecia, mesmo sem ele merecer… Então bola pra frente e eu te desejo tudo de bom. Um beijo. 

Assinante 2: Cara, eu escuto o seu podcast, Andreia, para me revoltar… Porque a minha vida é tranquila, a minha vida é muito prática, eu sou uma pessoa prática… Aí eu escuto para ficar revoltada, porque eu fico revoltada com as coisas que você conta. Camila, pelo amor de Deus, Camila… Pra que você vai dar papinho pra uma pessoa… Um cara como o Carlos… Um frustrado na vida. Ele é um frustrado Camilla, por isso que ele ficava enchendo tua paciência com coisas bestas. Falar do seu corpo… Ai, Camila, por favor, para de dar papo pra gente assim… Me ajuda a te ajudar, Camila. Esse Carlos é um frustrado, é um perdido na vida. É um cara que não sabe o que fazer com a vida dele, aí ele quer estragar a vida dos outros também. 

Assinante 3: Oi, Déia, meu nome é Robson. Eu ouvi a história da Camila e o que eu tenho para dizer para ela é o seguinte: por mais que seja muito fácil para gente que está de fora olhar e dizer: “não vá atrás desse cara, não vale a pena”, a gente sabe que em assuntos do coração a gente não manda. Mas… A aceitação da pessoa que você está se relacionando é muito importante. Se ela se aceita bem assim, se Camila se aceita bem assim, não vai ser um macho escroto que vai fazer ela mudar de ideia. Então, eu penso que a melhor coisa que ela fez foi ter acabado mesmo e, na verdade, não deveria mais nem ser relacionado com ele, de forma alguma. Porque esse tipo de amizade é uma amizade que não vale realmente apenas. Se é que se pode chamar de amizade. 

[vinheta]

Déia Freitas: Bom, a gente encerra aqui mais um podcast do canal Não Inviabilize, com captação de áudio de Marco Esteves e edição de Léo Mogli. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]