título: pressentimento
data de publicação: 06/04/2023
quadro: picolé de limão
hashtag: #pressentimento
personagens: marta
TRANSCRIÇÃO
[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei pra mais um Picolé de Limão. — Quase Luz Acesa, porque tem uma vibezinha aí… Estranha. [risada macabra de criança] — E hoje eu vou contar pra vocês a história da Marta. Então vamos lá, vamos de história.
[trilha]
A amiga da Marta convidou aí pra um rolezinho, um passeio numa balada… — Um passeio numa balada é bem coisa de véio, né? — Enfim, pra ir numa balada, só as duas, beber uma coisinha, dançar e voltar embora. A vibe da amiga era “ah, eu quero passar um tempo com você, Marta, faz tempo que a gente não se vê e tal, né? E eu queria bater papo, botar o papo em dia e tal”. Chegaram na balada e, assim que elas chegaram na balada, essa amiga já se arrumou com um cara e largou a Marta, mas largou assim bem… Sabe quando você esquece que você foi com alguém? Essa menina fez isso. Ela esqueceu, bem entre aspas, que ela estava com a Marta e sumiu com esse cara. Sumiu a ponto da Marta não achar ela mais na balada. Depois, no dia seguinte que ela foi saber, a amiga mandou uma mensagem tipo assim: “Ah, desculpa, encontrei fulano tal, a gente já se pegava e ele me convidou pra ir pra casa dele e eu fui”. — Quer dizer, a amiga foi embora, nem tchau falou e largou a Marta sozinha na balada. —
Era uma época que não tinha ainda carro de aplicativo e ela tinha ido com a amiga dela de carro. Ou seja, essa amiga — que nem amiga é, né? — largou a Marta sozinha lá. Então a Marta teria que ficar até quatro horas na balada até ter o ônibus… Só quem viveu sabe, já passei muito por isso. E aí a Marta P da vida, não tinha outro jeito, ficou lá no balcão do bar, da balada, vendo o movimento… E aí tinha uma banda tocando e tal e tinha intervalos com música pop e tal… — Tava ruim, não tava ruim, né? Marta ficou ali, viu o movimento, tomou a bebidinha dela… — Quando deu lá pras duas horas da manhã, a Marta começou a reparar numa moça… — E não era romanticamente. — Ela não sabe o que fez ela prestar atenção nessa moça, mas essa moça ela não estava alcoolizada, não estava dando show, nada… Era uma moça que estava lá dançando na pista e às vezes ela ia num grupinho ali, conversava com alguém, voltava e dançava sozinha na pista.
Isso do lado esquerdo,… Ela ia pro lado esquerdo, conversava com uma turma e voltava para a pista. Do lado direito, Marta reparou em dois rapazes… — E, assim, gente ela tava na balada, quem já foi sozinha em baladas sabe, você fica prestando atenção ali no que está acontecendo e tal, curte uma música, enfim… O tempo foi passando. — E Marta, em determinado momento, reparou que os dois rapazes que estavam ali à direita dela foram em direção dessa moça e deram uma bebida para essa moça. E, assim, Marta na hora ela não, não viu nada assim demais, sabe? Nada de errado, mas ela ficou olhando. Tipo numas: “Ah, chegou os dois caras? Quem será que está interessado nela e tal?”. Assim, como se você estivesse assistindo uma novelinha, sabe?
Só que ela reparou que, conforme a moça tomava bebida, a moça foi ficando estranha… [efeito sonoro de tensão] E um dos rapazes já pegou ela pelo braço. E aí a Marta olhou para a esquerda para ver a turminha que estava com essa menina, né? Pra falar: “Ô, tem alguma coisa estranha ali”, só que já estava numa muvuca ali e ela não sabia quem era quem, quem era da turminha e quem não era. E, nesse momento, a Marta falou que ela sentiu uma coisa muito ruim assim, um pressentimento mesmo… — De que algo muito ruim fosse acontecer. — E ela viu que os caras estavam meio que dando risada, mas levando a moça, né? E aí ela resolveu tomar uma atitude. Ela deixou a bebida dela lá no bar, tipo, não ia conseguir tomar mais e foi até os dois caras e falou: “Escuta, larga ela”. E os caras assustaram… E aí os caras perguntaram: “Você está com ela?” e aí a Marta falou: “Tô, tô com ela. O que que vocês querem?” e “Não, não, não, não… É que ela tá meio grogue, a gente ia colocar ela ali sentada”. Aí a Marta falou: “Pode deixar que eu mesma coloco”.
E aí os caras já saíram, assim, meio bravos e a Marta percebeu que eles foram, tipo, em direção do caixa pra pagar e ir embora… E ela botou a menina sentada, tipo, tinha umas mesinhas no canto, botou a menina sentada num desses bancos que tinha mesinha e a menina apagou… De vez em quando ela dava uma acordadinha, falava alguma coisa e voltava a debruçar na mesa, completamente, assim, fora do ar… — Mesmo. — E era uma moça que estava dançando assim, sóbria… Depois que ela tomou seja lá o que foi que esses caras deram pra ela, ela ficou totalmente grogue e se não fosse a Marta, esses caras tinham levado essa moça embora. — Daquele jeito que ela estava. — E aí a Marta ficou com medo até de chamar o segurança, porque é aquela coisa, né, gente? É homem… Então, como ela ia largar uma moça desacordada com um outro homem? — Mesmo que ele fosse segurança… —
E aí a Marta ficou até quatro e meia sentada lá com a moça até acabar a balada. E só aí apareceu ali mais uma moça, depois mais uma que eram amigas dessa moça que estava ali desacordada, que o nome era Gisele. E aí a Marta explicou para as amigas, falou: “Olha, ela tomou a bebida que dois caras deram para ela e ela ficou desse jeito” e aí as moças ficaram muito assustadas, assim… E já pegaram essa moça, Gisele, e levaram embora. E a Marta, já era quatro e meia, já tinha um ônibus pra a casa dela e ela foi, foi indo para o ponto de ônibus e tal… E a sorte é que o ponto que ela pegava o ônibus era em frente um posto de gasolina que estava todo aceso, então meio que ela não correu perigo também. Mas ela falou que quando ela estava na balada, o pressentimento que ela teve, a coisa que ela sentiu era de morte. Real assim… Que foi uma coisa muito, muito, muito ruim, que ela nunca sentiu, ela nunca voltou a sentir…
E um enjoo, ela disse que chegou a sentir até um enjoo, que se ela não fizesse alguma coisa ali ela sabia que alguma coisa de ruim ia acontecer com aquela moça, que depois ela ficou sabendo que o nome era Gisele. Eu botei no Picolé de Limão porque eu acho que isso é um tema que a gente tem que conversar assim… Quando a gente sai com os amigos na balada, eu acho que é meio que um dever, assim, de um cuidar do outro, um saber onde o outro está, com quem que vai, “ah, mas vai com quem?”, sabe assim? —Essa mina que foi com a Marta, já toda errada, largou a Marta lá, foi embora, não deu satisfação, enfim, não respondia mensagem, nada… A Marta acabou ficando sozinha na balada. Então, e se fosse a Marta a tomar essa bebida, né? Também tem outra coisa que a gente tem que pensar que, quando a gente está por aí, a gente não pode bobear com a bebida, deixar em cima do balcão, virar de costa, voltar… Porque é um segundo, gente…
Não aceita bebida de estranho, vê bem o cara que está fazendo sua bebida no bar, se ele não vai botar nada… — É tanta coisa, né? Que a gente tem que prestar atenção pra não correr perigo. — A sorte que essa moça, Gisele, teve da Marta estar ali naquele dia, estar observando e prestar atenção e resolver fazer algo. — Que ela podia também resolver não fazer, ficar com medo, né? — As casas noturnas, os restaurantes… Se você tem um segurança na porta e você vê alguém carregando outra pessoa desacordada, eu acho que tem que abordar. “É seu amigo? Deixa eu ver seu RG, deixa eu ver aí o telefone”, “Me dá seu telefone”, sabe? — Eu acho que é o papel também dos estabelecimentos, né? — Porque não é ok você sair desacordado de um lugar e quem está te carregando pode ser que não seja uma pessoa que te conheça. — Então, eu acho que é o papel, sim, também dos estabelecimentos barrarem, ficarem atentos a isso, né? E geralmente a gente não vê também essa atitude vindo dos lugares. —
Então fica aqui o alerta… Se você está num lugar e você perceber que tem alguém grogue, que tem alguém indefeso, faz alguma coisa… Você vê se tem alguém abordando, vai lá, tira foto da cara da pessoa, chama o segurança discretamente se você não quiser bater de frente com ninguém… Fala: “Ó, ali tá estranho e tal”, já avisa o segurança que você está de olho também, sabe? Vamos tentar dar essa força aí pra quem está desprotegido, porque isso pode acontecer com qualquer pessoa. Pode acontecer comigo, com você, com a sua irmã, seu irmão, sua tia, enfim… Então fica aí o alerta.
[trilha]
Assinante 1: Oi, Não Inviabilizers, eu sou a Jana de Salvador. Eu já senti isso, sabe? Mas em outras situações. E eu acredito, Marta, que o universo tenha colocado você ali, tenha colocado sua amiga para ir embora, tenha colocado você no caminho daquela moça pra não deixar nada demais acontecer com ela. A gente sabe que existem coisas, que existem bem ou mal, dependendo da crença de cada um, e a gente sabe que que tudo o que acontece tem um motivo e você salvou a vida dessa moça, que esse pressentimento que você teve era para estar ali naquele momento. Que bom que deu tudo certo… Não sai mais com essa sua amiga. [risos] Um beijo.
Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui quem fala é o Thales, de Porto Alegre. Eu estou chocado com essa história… Eu queria dizer que a Marta foi uma anjo ali. E alertar as pessoas, porque a gente sempre escuta dos nossos pais pra gente sempre tomar cuidado nas festas e é mais uma daquelas informações que os jovens, principalmente, ignoram. Então, realmente é algo que a gente tem que ter cuidado, principalmente as mulheres, que infelizmente são um alvo mais fácil para as pessoas de má fé. Procure sempre estar com os amigos, com pessoas que você conhece e confia nesses lugares cheios de gente. Não perca eles de vista, porque nem sempre vai ter uma Marta por perto para poder salvar a gente, né? Então é isso, cuidado, pessoal…
[trilha]
Déia Freitas: Que bom, Marta, que você tomou uma atitude… E a gente nunca vai saber o que ia acontecer, mas de alguma coisa sim você salvou essa moça. E isso, gente. Um beijo e eu volto em breve.