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título: primos
data de publicação: 19/11/2020
quadro: picolé de limão
hashtag: #primos
personagens: cássio e renato

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Picolé de Limão, o refresco ácido do seu dia. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei para mais um Picolé de Limão, a história do Cássio e do Renato. Eles são primos, e quem me escreve é o Cássio.

[trilha].

Bom, o Cássio se formou no ensino médio e começou como continuo, tipo um office boy numa multinacional. E, assim, daquelas empresas que você entra novinho e a empresa vai te incentivando, vai pagando o curso para você crescer na empresa. E aí quando ele estava já com um ano na empresa, o Renato, primo dele, estava precisando de trabalho. Aí ele levou o currículo do Renato, recomendou e Renato foi contratado. Maravilha… Dali para frente o Cássio fazia os cursos dele, Renato começando a trabalhar ainda também foi passando o tempo, também foi tendo a oportunidade de fazer curso, até que os dois foram transferidos para o mesmo setor.

Os dois foram transferidos para o setor de exportação, o Cássio um cargo acima do Renato, tipo, sei lá, o Renato entrou e o Cássio já era pleno, depois virou sênior, sabe essas coisas assim? Ele estava um degrau acima de Renato. E a família toda feliz, porque os primos estão trabalhando juntos, e as duas mães irmãs, então muito próximas, muito chegados e tudo dando super certo. Nessa fase já tinham alguns anos que eles estavam trabalhando lá, os dois terminaram a faculdade, e aí veio uma oportunidade para o Cássio trabalhar fora, porque a multinacional tinha filiais em vários lugares e pintou uma oportunidade para o Cássio ir trabalhar fora. Era uma coisa muito boa, porque ele estava muito querendo ir.

E funcionava assim: por exemplo, Itália… — Não é Itália, mas vou pegar a Itália. — O pessoal lá da filial da Itália vinha pra cá, dava mais ou menos o treinamento pro Cássio e para quem ia, ia o Cássio e mais um, de um outro setor. E aí passava ali seis meses, depois dessa preparação ia pra lá e era pra morar, para ficar três anos. Vida do Não Cássio, assim, toda alinhada pra ir. Chegou na metade do treinamento, o chefe dele chamou ele e falou: “Olha, eu estou muito feliz com seu trabalho, com essa oportunidade de morar fora, mas eu acho que você vai ser mais útil pra mim aqui. Então eu queria adiar a sua ida para a Itália por mais um tempo. Vou ver quem pode ir no seu lugar. Eu acho que assim é melhor e não sei o que…” e ele ficou arrasado o Cássio, arrasado, mas era o chefe dele.

Ele não podia argumentar que ele queria ir de qualquer jeito, né? Ele até falou que não, que se pudesse preferia ir, mas o chefe dele vetou. Duas semanas depois, Renato todo felizinho, quem ia no lugar do Cássio? O Renato. Cassio tomou aquele baque, mas pensou: “bom, eu vou ficar aqui, pelo o que o meu chefe falou o meu trabalho aqui também vai ser importante. Bom pro Renato, vou incentivar”. E aí incentivou, Renato tinha que correr atrás do prejuízo no treinamento, que só tinha mais um tempo até dar o tempo da vaga lá… O Cássio ajudou ele em tudo e o Renato foi. Maravilhoso. Renato feliz na Itália.

Sete meses que Renato estava na Itália, teve uma confraternização na multinacional no Brasil, e o Cássio estava lá, todo mundo estava lá… E aquele chefe dele estava lá, aí o chefe dele numa conversa, sabe quando você está de conversa mole? Falou assim pra ele: “e aí, Cássio, você melhorou? Como você tá? Tá podendo tomar álcool, né?” e ele falou: “ué, melhorei do que?” Ele falou: “acho que agora a gente pode conversar, né? Eu fiquei muito preocupado com você, porque o seu primo, o Renato, falou que você estava em depressão, que você tava até tomando medicação, porque você não queria ir para Itália e eu achei que eu estava fazendo uma coisa com você que você não queria, e que se eu perguntasse pra você… O Renato falou que se eu perguntasse para você, você ia falar que queria, porque você tinha medo de perder o emprego. Eu fiquei muito mal com isso.” — E, assim… [risos] —

Gente, o Cássio foi ficando vermelho, vermelho, ele ficou tão em choque que parecia que realmente o chefe tinha razão, pareceu assim, “ai, nossa, o chefe descobriu que eu não queria ir”, porque ele ficou tão chocado que o próprio primo dele tinha passado a mega rasteira nele, a mega rasteira… Aí o Cássio ficou em choque, não conseguiu responder, como era uma festa, assim, ele já tinha realmente tomado uma cachaça ou outra… Ele falou: “bom, é melhor eu não falar nada, que eu posso, sei lá, falar uma besteira. Vou conversar com o Renato primeiro”. Aí ele pegou mandou mensagem pro Renato falando: “escuta, que história é essa de depressão que não sei o quê?”.

A sorte dele é que ele fez tudo isso no WhatsApp, e aí ficou tudo gravado, inclusive os áudios do Renato falando que ele queria muito ir para a Itália, que ele não sabia como conseguir essa oportunidade e que ele jogou verde, que ele jogou verde… Que no mundo dos negócios era assim mesmo… — Tipo, canalha. — E o Cassio ficou muito mal, porque eles eram tipo primo irmãos, tipo eu e minha prima Janaína, assim, primos irmãos, sabe? Você não dá rasteira no seu irmão de sangue, que praticamente é irmão de sangue.

E aí ele ficou mal, mal, mal, chorou, contou para a mãe dele, mãe dele ficou revoltada, contou pra irmã. A irmã, lógico, ficou do lado do filho e as duas irmãs brigaram e romperam. — Por causa dessa treta. — E o Cássio não estava mentindo, ele tinha tudo o que o Renato tinha falado, o que o Cássio resolveu fazer? O Cássio resolveu contar para o chefe, e aí ele foi na sala do chefe, contou tudo, mostrou os áudios, mostrou o texto do WhatsApp. Resumindo: Renato foi mandado embora. E aí começa a treta, porque a família dos dois dividiu. Renato chegou da Itália com sangue nos olhos, querendo bater no Cássio… — E, assim, quem mentiu, manipulou e enganou para poder pegar o cargo do primo foi o Renato, né? Bem feito que ele foi mandado embora, não tenha dó, não, gente. —

E aí a família toda partiu em dois, isso já tem alguns anos… Eles brigaram feio. Beleza, passou. O Cássio subiu mais um pouco na empresa e agora está na Itália. E nem é a vaga que seria do Renato, é uma vaga acima ainda. Pensa numa multinacional que tem outras empresas, não por fora, mas é tipo um ramo… Tem outras empresas. E aí surgiu uma vaga que tem o perfil do Renato lá na Itália pra uma empresa dessa rede, e a família e até a mãe agora do Cássio falou: “ah, já passou tanto tempo, ajuda o Renato aí, ele já tem experiência, morou aí e tal, né?”.

E aí veio a pandemia, a vaga ficou suspensa e tal… E agora que está meio que reabrindo as coisas na Itália, eles voltaram a cogitar essa vaga e o Cássio, se ele quiser, ele pode colocar o Renato, só que ele tem muito pé atrás. E aí ele queria saber de vocês, se vocês dariam essa outra chance pro Renato. — Eu, Andréia, não daria. Ele que vá lá arrumar o LinkedIn dele, ele que faça os contatinho profissional dele de outro jeito. Não foi o próprio Renato que falou que “ah, é o mundo dos negócios? Sujeira mesmo.” Você acha que se o Renato não tiver mais uma chance ele não vai dar rasteira? Eu não confio”. —  Então ele está na dúvida, ele tem essa pressão familiar e ele queria saber de vocês, se ele deve dar uma nova chance pro Renato.

E, detalhe: se o Renato for, nesse início ele vai morar com Cássio, e eles nem se falar se falavam mais. Agora que o Renato soube dessa vaga, pelo LinkedIn, que ele voltou a conversar com o Cássio. Então, quer dizer, só agora que ele tem interesse que ele resolveu se redimir, pedir desculpa, porque antes ele não pediu, antes nem em festa de família os dois frequentavam a mesma. Então não sei, acho o cara um interesseiro. Eu não daria a chance e vocês? Vocês dariam uma chance pro Renato traíra? Um beijo e até daqui a pouco

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Picolé de Limão é mais um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.