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título: documentos
data de publicação: 23/06/2022
quadro: luz acesa
hashtag: #documentos
personagens: jaqueline, tio roberto e família

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E hoje eu cheguei pra um Luz Acesa. Hoje eu vou contar para vocês a história da Jaqueline. Então vamos lá, vamos de história.

[trilha]

A Jaqueline, uma estudante de engenharia, que passava o dia todo fora, morava ali com sua mãe, seu pai e mais uma irmã. E, na casa do lado, vizinha, morava o tio dela. — Que a gente vai chamar aqui de “tio Roberto”. — O tio Roberto teve um AVC — um AVC grave — e estava internado. Então, assim, a família se revezavam para ficar com o tio Roberto. E como a Jaqueline estudava o dia inteiro, de segunda à sexta, quando era de sábado à tarde era o dia dela ficar com o tio Roberto no hospital. E, assim, tinha dia que ele estava melhor, tinha dia que ele estava pior, mas ele ainda estava num coma induzido lá e ele não se comunicava, né? Então as pessoas iam lá, conversavam com ele, ficavam lá no quarto e tal, mas ele estava mal ainda, estava meio mal.

Sempre que a Jaqueline chegava da faculdade, ela perguntava ali para os pais como estava o tio Roberto e tal e ficava sabendo pelo boletim de como ele estava e, enfim, passava… Ele tinha um convênio, tinha um convênio bom, então isso ajudava muito também. E, no dia seguinte, ela acordava antes de todo mundo, tipo, cinco da manhã e ia para a faculdade… — Que ela tinha que pegar um ônibus fretado, era longe, enfim, um trampo, mas ela ia e era assim a rotina dela de segunda à sexta. — Até que um dia, ela estava na faculdade na hora do almoço, então eles tinham lá um bandejão lá, onde você comia mais barato e tal, ela tinha acabado de comer o bandejão dela e, depois que ela comia ela ia para um lugar ali, tipo, dentro mesmo da universidade tirar um cochilo.

Então, era tipo meio que na grama… — Gente, eu odeio deitar na grama. — E ela ficava ali, tirava um cochilo e depois voltava, né? Ia pra aulas. E ela estava se preparando, ela não tinha nem sentado ali no lugar onde ela se recostava e depois tirava um cochilo, ela viu o tio dela vindo, o tio Roberto… E ele estava ótimo, gente… E era mais ou menos ali uma quinta feira e ela falou: “Gente, o tio Roberto aqui?”, e aí ele veio e falou: “Jaqueline, tudo bem? Eu vim aqui te ver e tal, né?” Porque, assim, na cabeça dela tinha ficado sábado que tinha passado com o tio Roberto e depois ela só ficava sabendo ali pelos boletins… Na cabeça dela então, tipo, “Nossa, o tio melhorou e saiu do hospital e veio pra cá? Como assim, né?”.

E aí ela começou a conversar com o tio Roberto, tio Roberto falou que ele tinha melhorado e que ele tinha saído do hospital aquela manhã e, que como era muito cedo, ninguém tinha ido buscar ele, então ele lembrou que a Jaqueline estava lá na faculdade e ele foi até a faculdade para falar com ela, porque antes dele ir para casa, ele tinha umas coisas para fazer e que ele precisava mandar um recado pra tia Cida, pra esposa dele. E ali a Jaqueline conversando com ele, falando: “Tio, então, você não quer comer e tal? Tem o bandejão aqui”, e ele falou: “Não, não estou com fome e nã nã nã” e ele estava bem, estava ótimo o tio Roberto. — E qual era esse recado pra tia Cida? — O recado era: “Que os documentos que a tia Cida estava procurando estavam embaixo do colchão do quarto de hóspedes. Entre ali o estrado e o colchão”.

E aí a Jaqueline olhou para o tio e falou: “Gente, mas por que isso, tio? Que documento são esses?”, ele falou: “Ah, os documentos que sua tia Cida tá precisando e ela não está achando. Tão lá, você avisa lá pra mim?”, e aí a Jaqueline perguntou mais algumas coisas do tipo: “Mas ela te ligou? Ela pediu os documentos e tal?”, e ele deu uma enrolada ali e falou que era isso, falou que ele tinha que ir, que ele estava apressado e que ele tinha um monte de coisa para fazer e tal… E virou e foi embora, assim, normal, saiu andando e foi embora. E ela acabou que e ela nem dormiu, ela falou: “Gente, que doideira, né? Meu tio e tal”. — Era uma época ainda também pré celular, então ela não tinha como ligar na hora e não ia num orelhão… Orelhão eu já expliquei aqui, é um telefone público, assim, que parece uma conchinha que fica na rua, pra quem não sabe. —

E, na época, ela não ia até o orelhão pra ligar só para a mãe dela pra falar isso, ela falou: “Bom, a hora que eu chegar em casa, eu falo para tia Cida que esses documentos que ela está procurando tá lá no colchão e nã nã nã”, e passou… Quando foi ali umas sete horas da noite que ela chegou em casa, estava um clima horrível… A mãe dela não estava lá, só estava o pai e o pai falou: “Bom, Jaqueline, você precisa saber… O seu tio Roberto faleceu. A gente não quis ir até a universidade, mesmo porque era longe e depois te atrapalhar na aula, sendo que ele vai ser enterrado só amanhã… Então a gente está com um problema aqui pra achar uns documentos e, enfim…”. E a Jaqueline, ela ficou tão chocada, que ela desmaiou… [efeito sonoro de algo caindo no chão] 

E aí quando ela voltou, assim, ela teve um mini apagão ali, o pai dela estava socorrendo ela e tal, deu água e aí ela foi contar que o tio Roberto tinha ido até a faculdade conversar com ela… E que ele tinha dado o recado que os documentos que a tia Cida estava procurando estavam no colchão, embaixo do colchão no quarto de hóspedes. E aí o pai da Jaqueline ficou em choque, foi lá na casa… — Tia Cida não estava porque estava correndo atrás das coisas pra poder enterrar o tio Roberto. — E foi lá, ele mesmo entrou na casa e ele pegou esses documentos… E estava exatamente onde o tio Roberto falou que estava. Era ali a papelada do jazigo, ele tinha também um seguro de vida da empresa, enfim… Estava tudo lá nessa pasta embaixo do colchão no quarto de hóspedes.

Por que estava lá? Sei lá, né? Ele achou que era documento importante e guardou ali. Ninguém nunca vai saber, né? Mas o tio, depois que morreu, achou uma forma de comunicar para a família onde estavam os documentos que eles estavam doidos atrás, que eles estavam desesperados procurando e foi por meio da Jaqueline… E, assim, na hora ela não ficou com medo porque ela achou que realmente o tio dela tinha ficado melhor, estava bem e estava vivo, né? Porque se ela tivesse a menor desconfiança que ela estava conversando com uma pessoa morta, a reação dela seria outra. — Eu também acho que eu conversaria normal, mas agora já depois desse caso, se alguém estiver muito doente e aparecer na minha frente, eu já vou ficar cismadassa, assim, muito cismada. —

Eu fico pensando como que o tio Roberto, depois que ele faleceu, ele soube que as pessoas estavam procurando esses documentos assim? E por que ele não conversou com alguém lá da casa? Qualquer uma das duas casas, né? Ou a casa dele ou a casa vizinha ali, dos parentes e tal, que era a casa da Jaqueline? Por que ele foi até a Jaqueline pra contar disso dos documentos? Ele não falou nada, ele não deu tchau, ele não fez nenhuma mensagem, assim, sabe? Sei lá, alguma coisa mais espiritual, não… Ele só foi realmente falar dos documentos, ele falou que ele tinha umas coisas para fazer, que ele precisava ir. Não tinha nenhuma luz em volta dele, não tinha nada, ele estava com roupa normal. Era uma pessoa normal, assim, a Jaqueline falou, não tinha nada que lembrasse um espírito, nada…

E aí eu perguntei para ela: “Será que você não tirou esse cochilo e ele apareceu nesse seu cochilo?”, mesmo assim ainda é intrigante que ele falasse da pasta de documentos sendo que a Jaqueline nunca nem ouviu falar dessa pasta, não tinha como ser uma memória que ela acessou, sabe? Uma memória dela. Ela nunca nem tinha ouvido falar dessa pasta, né? Então, mesmo que tenha sido um sonho, foi ele. Ela acha que ela não sonhou, porque ela não tinha chegado nem a sentar no lugar que ela sempre ficava, né? — Ele chegou antes disso… — Então, mesmo que tenha sido sonho, ele apareceu então pra ela em sonho? Como ela diz que não, que ele apareceu realmente para ela como uma pessoa… — Como que se dá isso, gente? Eu tô achando cada vez mais os espíritos mais audaciosos, daqui a pouco a gente não sabe quem é espírito, quem não é espírito… Isso é péssimo para mim. —

Então essa é a história da nossa amiga Jaqueline… — Não é uma história que dá medo se você pensar que, sei lá, era meio dia, estava de dia e estava ao ar livre, né? Se tio Roberto aparecesse no meio do nada a noite, assim, sei lá, ela voltando para casa, ia ser pior, né? Mas ela também acha que ele estava vivo, enfim… — 

[trilha]

Assinante 1: Oi, gente, boa noite… Meu nome é Amanda, eu falo do Rio de Janeiro. Eu já tive uma conexão assim com um ente querido que eu perdi e eu não sei nem explicar o que é que eu senti, assim, muito absurdo… Eu sonhei que a pessoa tinha falecido, apareceu no sonho pra mim, conversou comigo me preparando e aí quando eu acordei tinha recebido a notícia de que a pessoa tinha falecido na madrugada do dia que eu dormi e é uma conexão muito forte, né? Ele apareceu pra você, confiou em você… Essas aparições não acontecem pra todo mundo, então eu espero que você se sinta acolhida, né? Sinto muito pelo seu tio… Mas que bom que ele apareceu pra você, sinal que ele confiava. E é isso.

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, eu sou Isabella, mineira morando em São Paulo. Só não estou mais chocada com essa história porque já ouvi todos os Luz Acesa, porque, olha, de arrepiar… Eu tenho uns palpites para as perguntas da Déia… Eu acho que seu Roberto, o tio Roberto, já sabia que iam precisar desses documentos, porque são documentos padrão que todo mundo precisa quando perde um ente. Então, precisa de seguro, precisa dos documentos dele, da documentação do jazigo, etc… E eu acho que ele recorreu à sobrinha e não ao resto, porque ela era a única que não sabia que ele tinha falecido, né? Era a única que não faria alarde, que não ficaria chocada e que não sofreria ainda mais com a perda dele. Porque não faz bem pra a pessoa que está desencarnado que as pessoas sofram e lamentem muito a morte, se ele não faz uma passagem tranquila. Então acho que foi por esse motivo que ele apareceu pra ela. Um abraço. 

[trilha]

Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram o que vocês acham sobre isso, sobre essa aparição, né? Porque foi uma aparição, né? Por causa de documentos… Então, como que ele sabia desses documentos? Ele já morreu pensando: “Poxa, deixei os documentos lá, foi um vacilo” ou ele captou a energia das pessoas procurando os documentos? O que rolou, gente? Comentem lá no nosso grupo do Telegram. Se você ainda não está no nosso grupo, é só jogar na busca “Não Inviabilize” que o grupo aparece. Então é isso, um beijo e eu volto em breve.

[vinheta] Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]
Dourado

Dourado é pai, abandonou a teologia e a administração para seguir a carreira em TI e sua paixão por fotografia. Gosta de cinema, séries, música e odeia whatsapp, sempre usou Telegram.