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título: cemitério
data de publicação: 21/03/2024
quadro: luz acesa
hashtag: #cemiterio
personagens: braga

[vinheta] Shhhh… Luz Acesa, história de dar medo. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. Cheguei para mais um Luz Acesa. E hoje eu vou contar pra vocês a história do Braga. Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha]

O Braga está aí com seus 56 anos, durante a pandemia ele perdeu o emprego, passou por um monte de perrengue… Mas o Braga, quando ele era muito novinho, ele aprendeu com o pai a fazer coisas elétricas e hidráulicas, então o Braga falou: “Bom, eu tenho que me manter” — ele um cara sozinho, de 50 e poucos anos —, falou: “Eu vou virar aí marido de aluguel” e não é que deu muito certo? Muito certo… Braga começou, ainda na pandemia, a fazer consertos nas casas das pessoas. Fez cartãozinho, fez site, tá aí nos grupos, está no Facebook ainda, porque o Facebook vira muito isso de pequenos trabalhos e tal… E isso virou a fonte de renda do Braga e ele queria ir pra uma cidade maior, pra poder atender mais pessoas e ter uma renda maior. 

E nisso, uma tia do Braga tinha uma casa numa cidade… — Então digamos que o Braga morava numa cidade pequena e agora ele ia para uma cidade de porte médio, assim, né? — E a tia dele falou: “Olha, Braga, minha casa lá tá desocupada, você pode ir, você pode morar, a gente combina um aluguel aqui de 100 reais”, ó o aluguel… “De 100 reais e você pode morar lá”. Braga falou: “Perfeito… É uma cidade do dobro do tamanho da minha, que com certeza eu vou conseguir mais trabalho, né?”. E pro Braga agora estava bom, porque ele tinha esse trabalho e ele podia fazer os seus horários… — Então, se ele não quisesse trabalhar de manhã, não tivesse nada agendado, ele podia, sei lá, dar uma caminhada no parque, assistir uma TV, enfim… — O Braga falou: “Andréia, eu estou ótimo nesse trampo que eu faço agora e assim eu quero continuar”. 

E lá foi o Braga morar nessa casa da tia dele… A tia dele já estava morando em outro estado porque a filha da tia casou, teve filho pequeno, enfim e a mãe foi morar perto, foi morar lá. E a casa era ótima… Um sobrado muito bonitinho, muito jeitosinho, 100 reais por mês — mais a conta de luz e água e o IPTU também, que era muito baratinho, que o Braga combinou de pagar — e o Braga estava nas nuvens… E assim o Braga começou a fazer a sua clientela ali naquela cidade e realmente a ganhar mais dinheiro e ele foi até fazendo outras coisas… Por exemplo, ele dirige e na cidade ele falou: “Poxa, eu posso fazer uns carretos também”, então o Braga, gente, está do jeito que ele quer e agora a finança dele tá muito ok. Acontece que essa casa tem uma particularidade… 

Esse sobrado ele está em frente, do outro lado da rua é um cemitério… Isso foi um problema para o Braga assim que ele chegou? Não foi. — É um cemitério, as pessoas nascem, as pessoas morrem, né? Em algum lugar elas têm que ser aí enterradas. Para quem quer um enterro… — E para o Braga, normal, né? Vida que segue. A casa é um sobrado que tem dois quartos, o quarto dos fundos tem as coisas da tia dele, então é um quarto que ele não mexe… Tem o banheiro e tem o quarto da frente, que era o quarto que a tia dele dormia e que agora é onde o Braga dorme… E tem um janelão esse quarto… E o Braga gosta muito de ficar na janela, de fumar um cigarro ali e, num desses dias, fazia mais ou menos uns dez dias que o Braga tinha chegado, então até ajeitar as coisas e tal, ele tava nessa janela fumando… Quando Braga viu uma movimentação dentro do cemitério. — É um sobrado, então ele está mais alto, bem mais alto que o muro de cemitério, né? E ele está do outro lado da rua.

E aí, o que Braga pensou? “Alá, aquele povo que invade para mexer em túmulo, para fazer pichação e nã nã nã”… Acontece que Braga viu uma moça andando no cemitério… [efeito sonoro de tensão] De longe, de onde ele estava, ele via que a moça ali tinha uma pele clara, mais ou menos um cabelo curto assim, e tava de vestido. Um vestido meio esvoaçante e ele falou: “Mas que estranho essa moça andando pelo cemitério” e ela ia, passava pelos túmulos, olhando os túmulos… Então Braga pensou: “É, sei lá, uma gótica, né? Uma dessas moças aí que gostam de curtir cemitério, ouvir música em cemitério, né? Tem um pessoal que curte”. Acontece que essa moça ela debruçava pra olhar as lápides, para olhar, sei lá, fotinho da lápide e tal… E, num determinado, ponto ela começou a enfiar a cabeça dentro das sepulturas. Então era como se… — Sabe quando a janela está aberta e você olha? Você bota a cabeça para fora da janela? — Ela estava fazendo isso dentro dos túmulos. 

E aí a cabeça dela sumia para dentro do túmulo e saía. E aí o Braga falou: “Mas isso não é possível… Uma pessoa não consegue passar a cabeça através de um cimento e olhar e voltar”. E aí o Braga percebeu que ela não era de carne e osso… [efeito sonoro de tensão] Braga na hora entrou, fechou a janela, mas, ao mesmo tempo, ele ficou muito curioso. E aí, durante as noites, o Braga gosta de olhar para dentro do cemitério… Às vezes ele vê essa moça, às vezes ele vê pessoas chorando… Às vezes ele vê pessoas agachadas… Sabe quando você fica de cócoras assim? Em cima de lápides… Enquanto Braga via somente formas humanas, ele estava pela curiosidade… Só que agora ele não ficava mais exposto na janela, ele espiava pela janela… Porque uma das vezes que ele estava exposto na janela e ele estava olhando e ele viu um homem que parecia que tinha um saco de pão na mão, alguma coisa assim, andando muito rápido dentro do cemitério, ele viu que este homem o viu… E este homem deu tipo uma carreira até o muro do cemitério e subiu o muro do cemitério e desceu o muro do cemitério… Como se ele fosse grudado no muro. E aí, a hora que ele estava descendo o muro do cemitério, Braga fechou a janela… Este homem não entrou na casa dele, não… Mas era uma assombração.

Acontece que agora, o Braga não vê só pessoas, ele vê formas… Então, uma vez ele falou que ele viu uma coisa que rastejava pelo cemitério, que parecia como se fosse um… — Como é que eu vou dizer isso? Uma espuma. Ele não sabe a textura, porque o Braga está do outro lado da rua, na janela de cima do sobrado… — Como se fosse uma espuma, uma textura que rastejava assim e ia passando pelos túmulos e, enfim… E agora, de final de semana, o cemitério fica meio cheio de domingo… O Braga consegue ver a luz do dia criaturas e pessoas que acompanham outras pessoas que são de carne e osso, visitando o cemitério. Inclusive o Braga disse: “Andréia, não faz nem dez dias que eu vi um homem chegando com uma mulher… Ele desceu do carro e a mulher não abriu a porta. Ela saiu do carro junto com ele e eles foram até um túmulo, ele pôs as flores e a mulher voltou para o carro junto com ele e atravessou o carro, entrou no carro”. Então, o Braga deduz que é aquela mulher que estava lá no cemitério e que o cara foi ver, mas que na verdade a mulher está com ele. 

E para o Braga, que nunca achou que fosse médium, que tivesse alguma espiritualidade, ele estava vendo tudo como se fosse uma grande novela, sabe? Como se ele fosse só um espectador de coisas que ele não entende… Só que de tanto ver essas coisas, o Braga agora sonha também… Com algumas pessoas que falam pra ele que estão no cemitério, que estão presas, que estão perdidas. E agora a coisa tá complicando e ele procurou uma ajuda espiritual pra dar um direcionamento nisso, né? E no centro que ele está indo, as pessoas sugerem que ele vá ao cemitério, que ele converse com esses espíritos e o Braga não quer. Então, ele gostaria de continuar vendo como ele vê esses espíritos, só que agora essa parte de sonhar e parece que a coisa está ficando mais perto dele, tá deixando o Braga cabreiro. Ele não vai mudar de casa porque o sobrado é ótimo, ele paga 100 reais de aluguel por mês pra tia dele… Ele perguntou pra tia se a tia já tinha visto coisas no cemitério e a tia morou ali por 30 anos e nunca viu nada… Absolutamente nada. 

E aí o Braga falou que, assim, “será que de repente também isso não é coisa da minha cabeça? Eu comecei a ver o que eu queria? E agora eu estou no centro, as pessoas também acreditam no que eu estou dizendo, mas elas não viram o que eu vi”. O Braga tem essa dúvida, a vida dele está ótima, o sobrado é ótimo, ele vê criaturas, formas e pessoas não vivas no cemitério e ele não quer ir lá, não quer falar com ninguém, não quer interagir com espíritos… E ele agora tem um pouco de dúvida se pode ser imaginação dele ou se realmente essas criaturas existem. E eu também tenho um pouco de dúvida… E vocês, o que vocês acham? O Braga realmente está vendo coisas no cemitério? O cemitério é um lugar que deve ter muito espírito? — Deve, né? Ou não? — Muita gente fala que cemitério é lugar de paz… Eu conheci uma moça que ela ia para o cemitério para estudar para as provas de faculdade, então sei lá, vai aí da pessoa… O que vocês acham? [risos] [trilha] 

Assinante 1: Oi, Não Inviabilizers, aqui é a Ana Paula, de Belém. Braga, o que você está vendo são visões do plano astral e todos esses seres que estão lá no cemitério são coisas naturais, são as decomposições dos nossos corpos mais sutis. Segundo a filosofia esotérica, nós temos sete corpos: O corpo físico, o corpo astral que são esses elementos, esses espíritos que ficam vagando no cemitério… Não adianta você conversar, porque na verdade elas são o resto de corpo se decompondo ainda, de energia se decompondo. A questão da mediunidade é como um exercício, quanto mais você fizer, mais você vai abrir a sua visão para o plano astral. Então, se você continuar a fazer isso, você vai aumentar o seu vínculo com essas entidades, com essas criaturas, até chegar ao ponto de isso virar um tormento na tua vida. Eu te recomendo parar de fazer isso, porque em algum momento vai começar a te fazer mal. 

Assinante 2: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui é a Raquel que fala de Portugal. Braga, tu chamou a galerinha ai dos espíritos para aparecer nos sonhos para você, né? Eles perceberam pela sua presença energética que você via eles e como você nunca desenvolveu a tua mediunidade, eles perceberam que você é uma pessoa que tem sensibilidade para ver eles, então eles pensaram: “Opa, um canal de comunicação comum de terreno” e cemitério é um lugar que tem muitos espíritos, porque a galera desencarna, morre e fica lá às vezes, não é assim imediato, então até elas acharem o mundo espiritual, demora… Então elas ficam um tempo no cemitério e elas perceberam que você vê, que você escuta e resolveram aparecer para ti até em sonho. Então, faz um banho aí de descarrego com ervas, vai num centro espírita fechar o corpo e faz uma limpeza energética na tua casa para eles não aparecerem aí do nada. 

[trilha] 

Déia Freitas: Comentem lá no nosso grupo do Telegram, sejam gentis com o Braga. — Ele está lá no grupo. — Um beijo e eu volto em breve. 

[vinheta] Quer sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmail.com. Luz Acesa é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]