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título: cova
data de publicação: 25/03/2024
quadro: mico meu
hashtag: #cova
personagens: júlio

TRANSCRIÇÃO

[vinheta] Ops. Mico Meu, haha. [vinheta]

Déia Freitas: Oi, gente… Cheguei. E hoje eu cheguei pra um quadro que a gente tava com saudades já, que é o Mico Meu. [risos] — Amo… — E eu já resolvi trazer uma história, porque assim, vocês já sabem que eu sou uma pessoa que tem um defeito muito grave, que é rir em momentos inadequados. Eu sou essa pessoa, infelizmente eu sou essa pessoa… Então quando fico muito nervosa ou quando a situação é muito absurda, eu rio. E tem dias que eu estou mais risonha e tem dias que eu estou menos risonha e eu precisava de um dia que eu estivesse menos risonha pra gravar esse episódio para vocês, porque ele tem aí um… [risos] Um alto grau de coisas que me fazem rir em momentos que não era para eu rir, né? Então hoje eu estou num dia que eu estou um pouco mais quietinha, assim, não tão risonha. Eu vou contar para vocês a história do Júlio. — Ê, Júlio… — Então vamos lá, vamos de história. 

[trilha] 

O Júlio é um cara de 1,82, grandão, não sarado, musculoso… Um cara grande, um cara ali atorresmado. Ele vem de uma família muito grande e sabe quando você está numa família que, assim, todas as pessoas se juntam em churrascos e sempre tem alguém que leva alguém. — Aqui eu acho importante a gente deixar um recado que convidado não convida… Se você quer levar uma pessoa que não foi convidado, você tem que falar com o dono da casa, com o dono da festa. — E essa era o caso das festas ali da família do Júlio, então sempre ia alguém que conhecia alguém, enfim… E numa dessas festas, o Júlio viu uma moça muito bonita, assim, mas que ele nunca conseguia saber direito quem ela era ou o nome dela. — A gente pode dar um nome aqui para ela, vamos dar o nome aqui de “Eva”. — 


Aí ele descobriu o nome dela, a Eva, que era amiga de uma prima de segundo grau do nosso amigo Júlio. Júlio ficou de olho nessa moça… Ela não dava muita confiança pra ninguém, mas ele estava numa fase assim que ele também não estava procurando ninguém… Mas ela era uma moça bonita, às vezes ela olhava pra ele e ele pensou: “Será?”. Acontece que essa prima — que a gente vai chamar aqui de “Marta” — às vezes o Júlio fazia coisas pra essa prima, favores, “ah, me leva de carro ali”, as mães muito amigas, então eles cresceram juntos assim. Então é uma coisa meio de brother: “Ah, me leva ali”, “faz isso”, “vai buscar uma coisa pra mim” e o Júlio ia… — E aqui a gente está falando de um cara de 31 anos. — Um dia, a Marta falou para ele assim: “Morreu uma pessoa da família da Eva e eu gostaria de ir no velório, só que é meio longe… Você não quer me levar? Vamos comigo?”. O Júlio recusaria ir num velório de uma pessoa que ele não conhece, mas a Eva estaria lá. — Então aqui a gente já pode ver que Júlio tinha a má intenção, né? —


Ele não queria ir ao velório para consolar Eva, ele queria marcar uma presença, tipo: “Oi, tudo bem? Tô aqui”. — Então, a partir desse momento que o Júlio me libera para rir dele. [risos] Palavras dele, tá? — O Júlio foi, chegou nesse velório e a Eva realmente estava muito triste, assim… — Era alguém da família dela muito chegada a ela a Eva estava devastada. E ali o Júlio percebeu o erro dele… Porque ele foi até um velório a fim de ver se ele paquerava a Eva e ali ele viu que a Eva estava muito triste. — Que não era hora de nada, né, Júlio? De nada, de fazer nada. E ai o Júlio ficou mais na dele e ficou realmente comovido de ver a Eva mal, né? Marta deixou pra ir no velório já na hora de enterrar… — Se você quer marcar sua presença no velório, não vá muito cedo, porque primeiro ou podem te forçar a ficar lá muito tempo, e aí você não vai ficar para o momento do enterro, e aí isso pode ser comentado: “Poxa, podia ter ficado mais umas duas horinhas aí para ficar pro enterro”, duas horinhas… Tem isso… 


O que eu estou passando para vocês aqui é um ensinamento de idosos, aprendi com idosos. Então, se é um velório de uma vizinha que você não tem muito contato, mas se você não for, todo mundo vai falar, então você deixa para ir 03h30, porque você você chegou no velório, você conseguiu ali dar aquele oi para toda a vizinhança, você vai pegar o fechamento do caixão, que é um momento tenso e crucial, mas você estará ali para dar o seu apoio e você vai pegar o enterro. Veja, você cumpriu toda a etapa da pessoa presente no funeral em 01h30… Pra você não ficar tanto tempo assim num velório. Lógico, se não for um parente chegado seu, porque aí a coisa muda. — Júlio então muito comovido ficou ali meio que de lado, se sentindo culpado e ele, um homem grande… E ele não passava desapercebido, né? E ele ficou ali, a Eva viu — “Eva viu” [risos] — que ele estava lá e fez um olhar, assim, tipo: “Poxa, ele veio, que legal, né?”. A Marta chegou ali 01h30, uma hora e pouquinho antes de fechar o caixão, fechou o caixão para acompanhar ali o cortejo até a cova.


Júlio, por quê? Nesse meio tempo, a Marta se enturmou com a galera que ela conhecia — as amigas dela que estavam lá, todas para prestar solidariedade a Eva — e ele resolveu ir ali na floricultura do cemitério e comprar uma flor. — Porque as pessoas jogam a flor quando o caixão tá descendo na sepultura, ali na cova… É uma última despedida, que eu acho que isso é um momento muito íntimo que somente familiares e pessoas muito próximas devem jogar essa flor dentro da sepultura. É um pensamento meu, tá? — Tinham umas ruas no cemitério para descer e, nesse ponto, estava uma garoa… — Sabe aquela garoa fininha? Forte no sentido de ser rapidinha, assim? Vai molhando você e você nem percebe, a hora que você viu, dois minutinhos na garoinha ali, você já tá todo molhado… Era essa garoinha. — Muitos idosos ali, as pessoas com a sua sombrinha… Esse cemitério é só grama e aquela placa que você faz para colocar em cima ali, a lápidezinha… — Era só grama e lápide. —


A partir do momento que o Júlio comprou essa flor, ele já sacou na hora que estava todo mundo descendo no cortejo, que era uma coisa mais íntima… Inclusive, ele percebeu — tem muito cemitério que faz isso, te dá as velas, te dá algumas flores para você jogar… A vela não é pra você jogar na sepultura, gente, [risos] é para você acender… Eu vou contar aqui uma breve história da minha família, desculpe, eu sempre misturo histórias da minha família. Uma tia minha, o marido faleceu e estávamos todos lá… Toda a família. E ela chorando muito, chorando muito, meio que naquela nossa vibe de família pobre que dá uma chorada com um pouco mais de volume, né? Assim, um “ahhh, ele me deixou aqui… Ah…”, uns grito… E esse lado da minha família, por exemplo, o meu Tio Zua nunca gostou de escândalo, essas coisas, então ele já me olhava com aquela cara… Eu aprendi a rir em momentos inadequados com meu tio Zua. É isso… E ele já me olhava com uma cara que eu já não podia olhar para ele. E minha tia ali, chorando… —


E aí veio essa pessoa que seria da administração do cemitério e trouxe umas velas… Pensa numas velas trabalhadas, umas velas lindas… E minha tia lá chorando. [risos] E aí, antes do cara acender as velas, ele saiu… Ele deixa com algum familiar ali pra caso a gente quer acender aquelas velas num ritual, sei lá, X, e ele sai. De repente, essa minha tia que estava chorando muito, meio que até fazendo um pouquinho de escândalo, parou, secou as lágrimas todas [risos] e alguém estava indo acender a vela e ela falou: “Não, não, não, não, não acende, não, que essas velas eu vou levar pra casa. [risos] São muito lindas”. [risos] É muito a minha família isso. [risos] E aí a gente riu demais, porque assim, ela tava muito mal… Parecia, né? É uma vela grandona, grossa assim, sabe? Linda, realmente… E aí ela levou as quatro velas, que era para colocar uma em cada ponta do caixão e ficou só o negócio lá que eu não sei como chama aquilo.


Então, ali o Júlio percebeu que ele estava num momento que não era adequado… E aí ele tinha duas coisas a fazer: Se ele continuasse com aquela flor na mão, a Eva podia pensar que no enterro de uma pessoa muito querida dela, ele estava querendo dar flores para ela, o que é péssimo, tipo dar uma paquerada. E aí o Júlio falou: “Não, eu vou ter que jogar essa flor na cova…”. As pessoas descendo ali, umas idosas, aquela garoa fina… Era cinco e pouco, já estava meio escuro, então os coveiros… — E aqui a gente vai dar nome para os dois coveiros que estavam no local, chamaremos um de “Sinval” e o outro de “Zeca”. — Zeca e Sinval já estavam ali com a corda para descer o caixão. A família foi, teve um padre que falou umas palavras lá, todo mundo chorou, porque esse momento realmente é um momento muito difícil, né? Quando o caixão desce… E todo mundo jogou as flores ali e meio que antes de começar a fechar, a galera já foi saindo porque a chuva tava apertando… Júlio nessa hora: “Eu vou pelo lado de lá”.

Quando a família vira de costa de costas, o Júlio resolve dar a volta — porque os coveiros já estavam ali começando a se organizar, tirando as cordas de debaixo do caixão, puxando pra poder começar a jogar terra —, o Júlio deu a volta pra poder jogar as flores dentro da cova. Ele pensou assim: “Vou fazer bonito, porque enquanto as pessoas estão indo embora…” e nisso estava a Marta, parente de Júlio, lá com a Eva… “Pode ser que a Eva me veja jogando uma flor aqui e ache “Olha, que bonito, ele esperou todo mundo ir embora para poder jogar uma flor aqui”. — Então ele quis fazer uma graça, quis criar aí toda uma narrativa… — Estava garoando, mas tinha um cobertinho apenas na parte ali da cova. — Que era tipo um toldozinho que você coloca provisório para você fazer as coisas, mas não era um toldo que cabia a família, nada, era um toldo para a sepultura. — De uma das pontas do caixão estava a família indo embora, Júlio chegou pelo outro lado…


No ponto que Júlio se aproximou dessa cova e arremessou a flor, só que… [risos] Conforme ele chegou perto pra jogar a flor… — Ele, um homem grande, né? Corpulento e tal, assim, bem corpulentinho… — A parte que ele estava perto da cova, cedeu… E o Júlio caiu dentro da cova em cima do caixão… Conforme Júlio caiu dentro da cova em cima do caixão, aconteceu um barulho…  E o barulho foi tão alto… — Porque você tá no cemitério, todo mundo chorando baixo ali, não tinha pessoas da minha família pra chorar alto ali… [risos] — Marta ouviu aquele estrondo, olhou pra trás, não viu nada e todo mundo continuou andando. Só que esse barulho era o quê? O Júlio quebrando o caixão… A pessoa que estava dentro do caixão, aquele cadáver, o bracinho saiu… Sinval, na hora, ficou horrorizado… — Mas como eu, ele é uma pessoa que ri em momentos inadequados… — Ele teve uma crise de riso — e ele não podia rir alto, porque, né? Cemitério, o trampo dele ali — e o Zeca ficou muito bravo, porque era quase na hora de ir embora… Se voltasse um familiar para olhar ali, ia ver aquele caixão todo esmagado. Sem contar que tinha um cara que estava com uma camisa branca, uma calça jeans escura e tênis dentro da sepultura. 


Sinval estendeu a mão para Júlio… Só que Júlio, nesse momento, estava horrorizado, porque ele quebrou o caixão. Ele não conseguia levantar direito, com medo de algum pedaço do caixão, sei lá, entrar na pele dele… E aí ele começou a se debater lá dentro da cova e o Zeca falava para o Sinval assim: “Pega na mão dele, seu idiota… Me ajuda aqui a puxar”. O que o Zeca estava querendo fazer? Tava querendo tirar ele rápido da sepultura para começar a jogar terra… — Porque, gente, já tá ali mesmo, aquilo vai se deteriorar, então não adianta querer tirar a pessoa também… Pra que? Para botar um caixão novo? Não fazia sentido, nada… — Então, o Zeca queria terminar o serviço dele para ir embora sem nenhum problema. — Errado não está… — Só que o Sinval não tinha forças…  O Júlio já estava que era puro barro… Não estava caindo garoa lá, mas antes de colocar o toldozinho já estava muito molhado… — Você só coloca o toldozinho uma meia hora antes da galera chegar com o caixão. —


Então ele estava coberto de barro, o Zeca dando bronca no Sinval, o Sinval naquela moleza que não conseguia pegar na mão do Júlio e não tinha como sair de lá sozinho, porque, o Júlio começou a segurar naquele barro lateral para chegar com a mãozinha na grama… — Você vê, né? Tava fundo ali, uns dois metros… — Ele esticou o braço e conseguiu pegar na grama, mas e pra subir no barro? Ele precisava daquele apoio. Depois de muito tempo do Sinval rindo e falando: “misericórdia” [risos] e o Zeca falando: “Joga terra, joga terra”, porque ele não queria que nenhum familiar voltasse e visse que de repente tivesse um bracinho pra fora ali do caixão, entendeu? E aí o Júlio conseguiu sair daquela cova com a ajuda do mais do Zeca do que do Sinval, porque o Sinval só ria. E aí o Sinval não conseguia mais pegar a pá pra jogar terra, não conseguia fazer nada, só conseguia rir, deitou na grama para rir… E nisso a família já tinha saído do portão do cemitério… — Mas é aquela coisa, gente… Tem gente que você só vê em velório. Então, o que acontece quando terminam um funeral, um enterro? As pessoas ficam ali pelo portão conversando, botando o papo em dia, de repente, trocando um telefone. É isso, gente… O que você não conseguiu conversar no velório você tem ali aquele momento de portão de cemitério pra conversar. —


E aí, como é que o Júlio ia sair dali? Ele estava tão sujo de barro que o celular no bolso dele estava com barro. E aí o celular dele começou a tocar porque era a Marta, e aí ele falou para a Marta, falou: “Marta, entra aqui”, ela falou: “entra aqui onde?”, ele falou: “No cemitério aqui, onde foi o enterro, eu caí na cova”. [risos] E aí a Marta falou: “Você está de brincadeira comigo”, ele falou: “Não, eu caí na cova”. — Só que aí toda desgraça é pouca… — A Marta entrou com a Eva e mais uma amiga, porque ela não estava acreditando nisso… Quando elas viram o Júlio, o Júlio estava todo marrom… As três caíram na gargalhada… [efeito sonoro de pessoas rindo] E por que elas entraram com a Marta? A Marta tinha oferecido no carro do Júlio, carona para elas… O Júlio estava com tanto barro que ele não sabia nem como que ele ia entrar no carro. — O barro vai endurecendo… [risos] Ele tava péssimo, gente, tava péssimo… [risos] A Marta que não tinha carro, mas sabia dirigir, falou: “Eu dirijo, a gente deixa as meninas… Só que você vai entrar assim no seu carro, vai destruir o banco”, aí eles conseguiram uns sacos de lixo meio que pra pôr no banco pra dar uma enrolada no Júlio, porque estava caindo muito… Estava secando o barro nele. [risos] 


E aí a Eva, que estava muito triste, ela tava num mix assim de rindo, “Ai, como você é idiota”, sabe assim? Foi uma risada que não foi uma coisa boa para o Júlio… Eles deixaram as duas na casa da Eva… A Marta até ia ficar lá, mas falou: “Não vou ficar, vou com você até sua casa” e eles morando relativamente perto e depois ela falou: “Depois viro o quarteirão, tô em casa, tudo bem”. O Júlio chegou na casa dele e na casa dele tem portão automático… Acontece que a mãe do Júlio — que a gente pode chamar aqui de “Dona Filomena”, Dona Filomena é como eu, você acredita 100% que o portão automático vai ficar fechado em todos os momentos? Não… Nem Dona Filomena. —  Dona Filomena botava no portão duas travas, então o que o Júlio tinha que fazer quando ele estava chegando? Avisar a Dona Filomena. — Porque ela ia lá, tirava a trava do portão e ele chegava e entrava com o carro no portão automático. —  Júlio chegou e não lembrou, porque a Eva estava no carro, enfim, aquela humilhação… — Humilhação, gente, humilhação…. Ele estava se sentindo, assim… —


Assim que ele chegou em casa, ele não queria descer do carro, né? Mas ele tinha que descer do carro porque a Marta saiu e foi embora, ele tirou rapidinho aqueles sacos plásticos pra colocar no banco do motorista. Acontece que nessa hora, Dona Filomena saiu ali para tirar as travas do portão e viu o Júlio todo cheio de barro… Na hora, ela ficou desesperada, falou: “Meu Deus, você sofreu um acidente? O que aconteceu?”, o Júlio só falou, ele entrando no carro, “Mãe, eu caí na cova no cemitério… Só abre o portão para mim, depois eu te explico”. Dona Filomena, que estava destrancando a primeira trava de baixo, então uma embaixo e uma em cima, parou e falou pra ele: “O quê?”, ele embicado pra entrar na garagem, ele falou: “Eu caí na cova do cemitério, abre logo, eu quero tomar banho”. Ela falou: “Você caiu na cova do cemitério?” e ele: “Sim”. — Irritado, porque assim, até ali você está segurando… Quando você vê um parente seu que é muito íntimo, você desconta no seu parente… Então ele estava ali já irritado com Dona Filomena. —


Dona Filomena falou pra ele: “Na minha casa com terra de cemitério você não entra”. [risos] — A minha família é igual… Se você vai no cemitério, quando você volta pra casa, você não entra dentro de casa com a roupa que você foi no cemitério e tem que lavar a sola do sapato… — Dona Filomena falou: “Aqui você não pode entrar desse jeito”. Falou: “Desce do carro, desce do carro… Põe esse esse saco de lixo aí na lixeira da rua”. Sabe aquela tipo uma jardineira de lixeira ali que você bota o lixo da sua casa? “Bota aí”. Dona Filomena pegou uma mangueira — mangueira — e não deixou o Júlio entrar nem no quintal. Ela mangueirou o filho de quase dois metros de altura, todo sujo de barro, ali na calçada, para tirar o grosso… Humilhação pouca é bobagem, né? O Júlio falou: “Teve gente que passou, teve gente que buzinou… Muita gente riu. Mas ela tirou sim o grosso do barro na mangueira, na calçada. E aí eu entrei no quintal e, no quintal da minha casa, eu tive que ficar pelado… Minha mãe pegou toda a minha roupa e botou num saco de lixo e eu entrei pelado, humilhado dentro de casa para tomar banho, porque até, sim, a minha cueca estava suja de barro da cova do cemitério”. 


Dona Filomena, horrorizada, [risos] amarrou aquele saco e botou lá fora com tênis, com tudo. Aí o Júlio falou: “Andréia, ainda bem que era, assim… Eu não compro roupa de marca, nada, então era uma camisa social, uma calça… Só salvei minha carteira. O tênis era um tênis batido que eu usava, então assim, perdi tudo”. [risos] Júlio perdeu tudo. Dona Filomena quis saber do detalhe e falou pra ele: “Bem feito… Você foi lá atrás de mulher, você não foi no velório de uma pessoa prestar sua solidariedade, ser um bom amigo. Você foi atrás de rabo de saia… Então eu acho que você foi empurrado na cova”. [risos] E o Júlio falou: “Não, eu não fui empurrado, eu escorreguei, caí, enfim, me estabanei”, mas até hoje Dona Filomena conta a história falando que ele foi empurrado na cova. — Não foi, gente, não foi… Ele caiu, escorregou, caiu na cova. — A parte que mais me horroriza assim é que o caixão quebrou… E se volta um familiar ali? — Porque é uma cena muito impressionante, gente, você ver o seu familiar ali no caixão todo quebrado. Uma pessoa que você não convidou para o velório, você não conhece, em cima do caixão do seu ente querido, né? E pra subir ali ele teve que fazer uma força, ainda ficar em pé no caixão. —


E é essa história, o mico, enorme Mico Meu do Júlio. Depois disso, a Eva só falava pra ele “oi” e “tchau”, meio que ficou um clima estranho e a Marta contando a história pra todo mundo que o Júlio caiu na cova. [risos] Ai meu Deus… E ele nunca teve nada com a Eva, assim, esfriou o que tinha, porque também quando ele olhava para Eva, ele lembrava dele na cova. E aí eu falei pro Júlio, falei: “Você nunca teve um pesadelo, nada?” e ele falou: “Não, Andréia, não aconteceu nada sobrenatural e eu não fiquei com medo, eu só fiquei com vergonha e me senti muito humilhado [risos] da situação toda que terminou comigo entrando em casa pelado com a minha mãe ainda me batendo com a toalha”. Tipo: “Você não presta, que não sei o que lá, bem feito… Onde já se viu ir atrás de mulher em velório?”. Enfim, né? Deu aquela… [risos] Aquela coisa de mãe, né? Então, essa é a história do Júlio, que ele gostaria de deixar eternizada aqui no podcast, essa humilhação… 


[trilha]

Assinante 1: Oi, Déia, oi, Não Inviabilizers, aqui quem está falando é a Valéria de Campinas. E eu estou passando mal simplesmente de tanto que eu ri com a história do Júlio que caiu na cova. [risos] Amigo, olha, toda desgraça é pouca, realmente… Eu estou com dor no maxilar de tanto que eu ri. Júlio, eu acho também que você não vai mais passar uma humilhação dessa nessa vida. [risos] Gente, um beijo… 

Assinante 2: Oi, Não Inviabilizers, eu sou a Amada, estou falando de Mirandiba, Pernambuco. Júlio, tu tás vendo que essa tua história por um triz não se transforma em Luz Acesa? Nossa, esperei muito que virasse assim algo sobrenatural, de que ele chegou em casa e a pessoa que ele caiu em cima… [risos] Ô, gente, que dor no coração, tadinho do morto, gente… A pessoa que ele caiu em cima estava lá esperando ele, pra ele responder por esse desaforo. [risos] Se eu fosse sua mãe, eu estaria contando a história exatamente como ele está contando, porque faz total sentido. [risos] Júlio, espero que isso nunca mais aconteça com você, se cuide, preste mais atenção ao seu redor e não vá mais a enterros pra paquerar, tá? O último lugar do mundo para você paquerar é enterro. Beijo, fique bem. 

[trilha]

Déia Freitas: Então, essa é a história do Júlio, comentem lá no nosso grupo do Telegram. — Ele sabe que ele não devia ir ao velório pra paquerar alguém, mas enfim, aconteceu. E, né? Toda a parte de cair na cova… Ele não mergulhou na cova porque ele quis, né? Ele caiu na cova… Então foi um acidente, gente. — Então é isso, [risos] um beijo… Deus me livre cair na cova e eu volto em breve.

[vinheta] Quer a sua história contada aqui? Escreva para naoinviabilize@gmai.com. Mico Meu é um quadro do canal Não Inviabilize. [vinheta]